NESTA EDIÇÃO. Competição entre térmicas a gás e a carvão no LRCAP gera preocupação, diz Petrobras.
Agência Internacional de Energia indica crescimento da oferta de petróleo em ritmo mais acelerado que a demanda.
MPRJ investiga ligação de bicheiros com furto de combustíveis.
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Petrobras alerta para competitividade de térmicas a gás frente ao carvão no leilão de capacidade
A Petrobras vê com preocupação as regras para a competição de termelétricas a gás natural no leilão de reserva de capacidade (LRCAP) em relação às usinas a carvão, disse a diretora de Transição Energética da estatal, Angelica Laureano, ao estúdio eixos.
- O principal ponto de atenção é a necessidade de que as usinas a gás tenham contratos de longo prazo com as transportadoras para competir no certame.
- Nesse sentido, a estatal vai levar à consulta pública sobre as regras do leilão, que se encerra nesta sexta (12), a defesa de uma tarifa binômia para o transporte: uma parcela fixa, mais baixa, e outra parcela maior quando houver o despacho da usina.
- “Uma coisa que nos causou um pouco de espanto foi a questão do carvão junto com térmica na rede. Afinal, tem carvão importado que está competindo com térmica nacional”, disse.
Ao todo, a Petrobras pretende concorrer com 3,4 gigawatts (GW) de termelétricas a gás no certame, previsto para março de 2026.
- A maior parte do volume são usinas existentes que estão chegando ao fim do contrato. Apenas um projeto é novo: a térmica do Complexo de Energias Boaventura, o antigo Comperj, em Itaboraí (RJ).
Para relembrar: originalmente previsto para junho de 2025, o LRCAP foi cancelado depois da judicialização das regras originais.
- A nova proposta para a contratação, agora dividida em dois leilões, foi divulgada pelo Ministério de Minas e Energia em agosto e passou a incluir a possibilidade de participação dos projetos a carvão, o que tem sido alvo de críticas no mercado.
- Por outro lado, os projetos a carvão também questionam as regras. Vale a leitura: Regras do novo leilão de potência inviabilizam participação de Candiota, diz Âmbar
A diretora da Petrobras comentou ainda a entrada da estatal no mercado de biometano. Segundo ela, a companhia avalia a produção associada ao etanol, assim como a entrada em aterros sanitários — dado o valor dos certificados desses projetos no mercado.
- “Estamos procurando parceiros relevantes no mercado e não queremos ser majoritários, queremos estar com no máximo 40% nessa parceria”, destacou.
Em relação ao mandato de mistura de biometano ao gás natural para o cumprimento da Lei do Combustível do Futuro, Laureano defendeu que a regra tenha um período de transição e não entre em vigor já em janeiro de 2026: “Começando em junho, julho, talvez isso seria mais confortável”, disse.
- Ao todo, a estatal recebeu 90 propostas de suprimento, que envolvem tanto a molécula quanto o certificado. Agora, a companhia está na fase de negociação, etapa que deve ser concluída até o final do ano.
- Apesar de defender um maior prazo, segundo a executiva, esse volume de negociações já deve ser suficiente para a companhia cumprir o mandato de teor de 1% de biometano.
A diretora da Petrobras comentou ainda a eventual participação da companhia na importação de gás da Argentina e a revisão das tarifas de transporte. Confira a entrevista na íntegra.
Descarbonização da aviação. A Petrobras testou, na primeira semana de setembro, a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) coprocessado na Revap , em São José dos Campos (SP). O teor de óleo vegetal no produto atingiu o patamar de até 1,2%.
Opinião: O sistema precisa de usinas com partida veloz, tempos mínimos de permanência reduzidos e rampas elevadas. O carvão não entrega esses atributos; ao contrário, amplia o desperdício de renováveis e pressiona os custos operativos, escreve o diretor de Regulação e Inovação da Serena, Bernardo Bezerra.
Para ficar de olho: Bolsonaro condenado. O Supremo Tribunal Federal condenou o ex-presidente e sete aliados pelo crime de golpe de estado. Os ministros fixaram a pena de Bolsonaro em 27 anos e 3 meses, com início do cumprimento em regime fechado. (Agência Brasil)
Carbon majors. Estudo publicado pela revista Nature (.pdf) calcula que as emissões de gases estufa por grandes petroleiras e produtoras de cimento contribuíram diretamente para ao menos 213 ondas de calor extremo pelo mundo entre 2000 e 2023. Metade do aumento da intensidade de todas as ondas de calor neste século também pode ser atribuída às emissões de 180 companhias.
Sobreoferta de petróleo. A Agência Internacional de Energia elevou as projeções para a oferta mundial de petróleo em 2025, com a expectativa de uma expansão de 2,7 milhões de barris/dia este ano. A AIE também ampliou a previsão para o aumento da demanda global por petróleo em 2025, para 737 mil barris/dia.
- A expectativa de a oferta avançar em ritmo bem mais rápido do que o consumo contribuiu para uma queda nos preços do barril na quinta-feira (11/9). O Brent para novembro recuou 1,65% (US$ 1,12), a US$ 66,37 o barril.
Desdobramentos da Carbono Oculto. A Justiça do Rio de Janeiro acatou o pedido de recuperação judicial da Rodopetro, alvo de mandados de busca e apreensão na Operação Carbono Oculto.
- A Rodopetro e outras distribuidoras ligadas a ela, que estavam instaladas no polo de Iguatemi (MS), são alvo da investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) sobre os elos de facção criminosa instalada no mercado de combustíveis com o PCC.
Por falar em crime…Integrantes do jogo do bicho estão associados a organizações criminosas que furtam dutos de petróleo, segundo a promotora de justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro, Tatiana Kaziris. Ela destaca que as indústrias são as principais receptadoras de combustível roubado.
48 milhões de CBIOs. O Ministério de Minas e Energia abriu a consulta pública sobre as metas anuais de descarbonização do RenovaBio.
- A proposta prevê que distribuidoras de combustíveis tenham que adquirir 48,09 milhões de CBIOs em 2026 para compensar as vendas de combustíveis fósseis.
Investimentos sustentáveis. Recém aprovada pelo governo federal, a taxonomia sustentável brasileira deve dar mais transparência e segurança aos investidores, evitando o greenwashing, avaliam executivas do setor financeiro.
- A iniciativa chega em um momento oportuno e ajuda a planejar e mitigar riscos de investimentos futuros. Para se aprofundar no tema, leia a diálogos da transição.
Combate à pobreza energética. Os Ministérios de Minas e Energia (MME) e da Gestão e da Inovação (MGI) assinaram um acordo para o desenvolvimento de um aplicativo digital do programa Luz para Todos. A ferramenta permitirá o acesso sem conexão à internet.
- O objetivo é facilitar o cadastro e o acompanhamento das solicitações de atendimento do programa em regiões rurais e remotas da Amazônia
Opinião: A ausência de parâmetros objetivos para a classificação dos gasodutos de transporte tem gerado interpretações divergentes e conflitos jurisdicionais entre a ANP e as agências reguladoras estaduais, escrevem o diretor, a pesquisadora e o engenheiro do Acende Brasil, Eduardo Müller, Patricia Guardabassi e João Cho.