NESTA EDIÇÃO. Mercado de olho no novo plano de negócios da Petrobras, que já confirmou adiamento de projetos.
COP30 aprova texto sem fósseis e deixa nas mãos do Brasil liderança da construção dos roadmaps de transição.
MME prorroga discussões sobre verificador independente para distribuidoras de energia.
Petrobras adia investimentos no Rio e em Sergipe
Com o adiamento de projetos e dificuldades para avançar em novas áreas, a Petrobras apresenta na próxima sexta-feira (28/11) o Plano de Negócios 2026-2030, após uma revisão nos investimentos frente ao menor preço do barril de petróleo.
- Em agosto, a presidente da estatal, Magda Chambriard, já havia indicado em participação no energy talks que a companhia iria adequar os investimentos ao novo patamar de preços.
- Na sexta (21), o barril tipo Brent recuou 1,29% (US$ 0,82) e encerrou a semana a US$ 62,56.
- Os preços atuais estão bem abaixo das cotações na casa dos US$ 80 nesta mesma época no ano passado, quando a estatal anunciou a intenção de investir US$ 111 bilhões até 2029.
Em um balde de água fria para o avanço dos projetos de produção, Chambriard confirmou na semana passada que vai postergar os planos de revitalização da Bacia de Campos e de Sergipe Águas Profundas (Seap) para depois de 2030 (Agência Estado/Terra).
- Principal fronteira para a ampliação da produção de gás nacional nos próximos anos, o projeto de Seap está sendo adiado há anos.
- Depois de dificuldades para contratar as duas plataformas que vão produzir na região, a Petrobras está em fase de negociações para as unidades
- A companhia também enfrenta problemas para contratar plataformas para os projetos na Bacia de Campos.
- A empresa vem sinalizando que as iniciativas em discussão no Congresso e no governo, como a alteração dos preços de referência para o cálculo de royalties prevista na Medida Provisória 1304/2025, vão impactar a viabilidade dos empreendimentos.
Já na área de exploração, este será o primeiro plano depois que a estatal conseguiu, enfim, começar a avançar na perfuração da região que é a próxima aposta como fronteira exploratória, a Margem Equatorial.
- O plano anterior, divulgado em novembro do ano passado, previa US$ 3 bilhões em investimentos para a região entre 2025 e 2029.
- Depois de anos em discussão, a companhia começou a perfurar em 20 de outubro o poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas, considerada a mais promissora da região.
- Mas, como o início desta primeira perfuração ainda é recente e os trabalhos devem durar pelo menos cinco meses, ainda não são esperadas grandes atualizações nesse sentido.
O mercado também está atento ao grande anúncio do plano anterior: a entrada no mercado de biocombustíveis.
- Ainda não saiu do papel a grande promessa de US$ 2,2 bilhões em etanol até 2029 e chegar a uma produção anual de 2 bilhões de litros ao ano.
- A companhia já indicou que avalia também associar a entrada no etanol à produção de biometano, de olho nos novos mandatos que vão passar a ser exigidos do mercado, com a Lei do Combustível do Futuro.
- Confira os principais anúncios da Petrobras no Plano 2025-2029:
Por outro lado, avançou ao longo deste ano o retorno ao segmento de fertilizantes, que também deve ter espaço no novo planejamento.
- Em junho, voltou a operar parcialmente a fábrica de fertilizantes da Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná. Já as fábricas da Bahia e de Sergipe devem voltar a produzir ainda em 2025.
- Para o próximo ano, está prevista a retomada da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN 3), no Mato Grosso do Sul.
E vale ficar de olho também nos planos da estatal para o mercado de geração termelétrica. A companhia aposta nos leilões de reserva de capacidade para recontratar parte das unidades existentes e anunciar novos projetos.
- Os leilões tiveram as regras reformuladas e agora estão previstos para março de 2026.
Retomada naval. A Petrobras e a Transpetro retomaram, desde 2023, encomendas à indústria naval brasileira, priorizando barcos de apoio e de cabotagem com menor pegada de carbono.
- A estratégia reativa estaleiros antes ociosos e reforça o conteúdo local, ponto sensível para o governo Lula 3. Segundo Magda Chambriard, 44 dos 48 navios previstos até 2026 já estão contratados.
Autorização especial. A ANP publicou a autorização para a UTGCA, em Caraguatatuba, a comercializar por até oito meses gás com teor mínimo de metano de 80%, abaixo do limite regulatório. A Petrobras terá três meses para apresentar o plano de adequação da unidade.
- A UTGCA opera sob autorizações especiais desde 2020, após a mudança na composição do gás vindo do pré-sal.
Gas release. O programa de redução da concentração do mercado de gás natural está de volta ao Congresso, dessa vez na Câmara dos Deputados, com projeto de lei 5802/202, de Kim Kataguiri (União/SP). Na gas week, veja a lista das empresas com contratos ativos de longo prazo com a Petrobras que podem ser afetadas pela proposta.
Destaques da COP. A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas aprovou os textos finais no sábado (22/11) em Belém (PA) com a designação do Brasil para liderar a construção dos roadmaps de transição para longe dos combustíveis fósseis e fim do desmatamento.
- Sem menção explícita à eliminação gradual de óleo, gás e carvão das matrizes energéticas, como queriam algumas dezenas de países, os roteiros agora têm prazo para ficar prontos. Entenda melhor com a newsletter diálogos da transição.
- Antes de chegar ao texto final, um grupo de 24 países havia lançado uma declaração pedindo um roadmap claro.
- Saiba como foram as últimas horas de negociações: Noite em claro, texto fraco e impasse político marcam reta final da COP30
- O Brasil aparece “no meio” do ranking global de prontidão para a transição energética. Segundo Clarissa Lins, da Catavento, essa posição dá ao país uma vantagem diplomática na presidência da COP: capacidade de dialogar com produtores e consumidores ao reconhecer desafios distintos na descarbonização.
Hidrogênio em foco. A ironia é que muitos dos países e empresas que resistiram ao mapa do caminho para abandonar os combustíveis fósseis são os maiores investidores emergentes em hidrogênio, justamente porque sabem que o reposicionamento tecnológico será inevitável. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.
Distribuição de energia. O MME prorrogou até 5 de dezembro a consulta pública sobre a criação de um Verificador Independente para a distribuição de energia
- A pasta quer definir regras, custos e escopo de atuação do novo ente, voltado a modernizar a governança do setor, aferir indicadores e ampliar a transparência na qualidade dos serviços.
Opinião: Segurança de mercado é peça-chave para o setor de energia crescer. Setor elétrico precisa de regras e controles que promovam um ambiente estável e previsível, escreve Fred Menezes, o diretor de Comercialização da Armor Energia.

