comece seu dia

Petrobras adia investimentos no Rio e em Sergipe

Estatal apresenta esta semana revisão do planejamento para a segunda metade da década

Magda Chambriard, presidente da Petrobras, e Clécio Luís, governador do Amapá, durante coletiva na abertura da OTC Brasil 2025, no Rio, em 28 de outubro de 2025 (Foto Juliana Rezende/agência eixos)
CEO da Petrobras, Magda Chambriard, e o governador do Amapá, Clécio Luís, durante coletiva na OTC Brasil 2025 (Foto Juliana Rezende/agência eixos)

NESTA EDIÇÃO. Mercado de olho no novo plano de negócios da Petrobras, que já confirmou adiamento de projetos.
 
COP30 aprova texto sem fósseis e deixa nas mãos do Brasil liderança da construção dos roadmaps de transição.
 
MME prorroga discussões sobre verificador independente para distribuidoras de energia. 


Com o adiamento de projetos e dificuldades para avançar em novas áreas, a Petrobras apresenta na próxima sexta-feira (28/11) o Plano de Negócios 2026-2030, após uma revisão nos investimentos frente ao menor preço do barril de petróleo.

  • Em agosto, a presidente da estatal, Magda Chambriard, já havia indicado em participação no energy talks que a companhia iria adequar os investimentos ao novo patamar de preços. 
  • Na sexta (21), o barril tipo Brent recuou 1,29% (US$ 0,82) e encerrou a semana a US$ 62,56
  • Os preços atuais estão bem abaixo das cotações na casa dos US$ 80 nesta mesma época no ano passado, quando a estatal anunciou a intenção de investir US$ 111 bilhões até 2029

Em um balde de água fria para o avanço dos projetos de produção, Chambriard confirmou na semana passada que vai postergar os planos de revitalização da Bacia de Campos e de Sergipe Águas Profundas (Seap) para depois de 2030 (Agência Estado/Terra). 

  • Principal fronteira para a ampliação da produção de gás nacional nos próximos anos, o projeto de Seap está sendo adiado há anos
  • Depois de dificuldades para contratar as duas plataformas que vão produzir na região, a Petrobras está em fase de negociações para as unidades 
  • A companhia também enfrenta problemas para contratar plataformas para os projetos na Bacia de Campos. 
  • A empresa vem sinalizando que as iniciativas em discussão no Congresso e no governo, como a alteração dos preços de referência para o cálculo de royalties prevista na Medida Provisória 1304/2025, vão impactar a viabilidade dos empreendimentos

Já na área de exploração, este será o primeiro plano depois que a estatal conseguiu, enfim, começar a avançar na perfuração da região que é a próxima aposta como fronteira exploratória, a Margem Equatorial

  • O plano anterior, divulgado em novembro do ano passado, previa US$ 3 bilhões em investimentos para a região entre 2025 e 2029.
  • Depois de anos em discussão, a companhia começou a perfurar em 20 de outubro o poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas, considerada a mais promissora da região. 
  • Mas, como o início desta primeira perfuração ainda é recente e os trabalhos devem durar pelo menos cinco meses, ainda não são esperadas grandes atualizações nesse sentido. 

O mercado também está atento ao grande anúncio do plano anterior: a entrada no mercado de biocombustíveis

  • Ainda não saiu do papel a grande promessa de US$ 2,2 bilhões em etanol até 2029 e chegar a uma produção anual de 2 bilhões de litros ao ano.
  • A companhia já indicou que avalia também associar a entrada no etanol à produção de biometano, de olho nos novos mandatos que vão passar a ser exigidos do mercado, com a Lei do Combustível do Futuro
  • Confira os principais anúncios da Petrobras no Plano 2025-2029:

Por outro lado, avançou ao longo deste ano o retorno ao segmento de fertilizantes, que também deve ter espaço no novo planejamento. 

  • Em junho, voltou a operar parcialmente a fábrica de fertilizantes da Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná. Já as fábricas da Bahia e de Sergipe devem voltar a produzir ainda em 2025
  • Para o próximo ano, está prevista a retomada da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN 3), no Mato Grosso do Sul.

E vale ficar de olho também nos planos da estatal para o mercado de geração termelétrica. A companhia aposta nos leilões de reserva de capacidade para recontratar parte das unidades existentes e anunciar novos projetos. 



Retomada naval. A Petrobras e a Transpetro retomaram, desde 2023, encomendas à indústria naval brasileira, priorizando barcos de apoio e de cabotagem com menor pegada de carbono. 

  • A estratégia reativa estaleiros antes ociosos e reforça o conteúdo local, ponto sensível para o governo Lula 3. Segundo Magda Chambriard, 44 dos 48 navios previstos até 2026 já estão contratados. 

Autorização especial. A ANP publicou a autorização para a UTGCA, em Caraguatatuba, a comercializar por até oito meses gás com teor mínimo de metano de 80%, abaixo do limite regulatório. A Petrobras terá três meses para apresentar o plano de adequação da unidade. 

  • A UTGCA opera sob autorizações especiais desde 2020, após a mudança na composição do gás vindo do pré-sal. 

Gas release. O programa de redução da concentração do mercado de gás natural está de volta ao Congresso, dessa vez na Câmara dos Deputados, com projeto de lei 5802/202, de Kim Kataguiri (União/SP). Na gas week, veja a lista das empresas com contratos ativos de longo prazo com a Petrobras que podem ser afetadas pela proposta

Destaques da COP. A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas aprovou os textos finais no sábado (22/11) em Belém (PA) com a designação do Brasil para liderar a construção dos roadmaps de transição para longe dos combustíveis fósseis e fim do desmatamento. 

Hidrogênio em foco. A ironia é que muitos dos países e empresas que resistiram ao mapa do caminho para abandonar os combustíveis fósseis são os maiores investidores emergentes em hidrogênio, justamente porque sabem que o reposicionamento tecnológico será inevitável. Leia na coluna de Gabriel Chiappini

Distribuição de energia. O MME prorrogou até 5 de dezembro a consulta pública sobre a criação de um Verificador Independente para a distribuição de energia

  • A pasta quer definir regras, custos e escopo de atuação do novo ente, voltado a modernizar a governança do setor, aferir indicadores e ampliar a transparência na qualidade dos serviços.

Opinião: Segurança de mercado é peça-chave para o setor de energia crescer. Setor elétrico precisa de regras e controles que promovam um ambiente estável e previsível, escreve Fred Menezes, o diretor de Comercialização da Armor Energia.

Newsletter comece seu dia

Inscreva-se e comece seu dia bem informado sobre tudo que envolve energia