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Pela segunda vez, problema regional gera apagão nacional 

Incêndio em subestação interrompeu fornecimento de energia em todas as regiões

Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, fala ao programa Bom Dia, Ministro, no DF, em 14 de outubro de 2025 (Foto Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Ministro do MME, Alexandre Silveira (PSD), fala ao programa Bom Dia, Ministro, no DF, em 14 de outubro de 2025 (Foto Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

NESTA EDIÇÃO. Brasil tem mais um apagão causado por falhas pontuais em equipamentos no Sistema Interligado Nacional. 
 
No primeiro dia das audiências públicas da MP 1304, relator critica usinas renováveis sem conexão à rede e promete texto para fim de outubro. 
 
Petrobras e Ibama terão nova reunião para ajustes em licenciamento na Bacia da Foz do Amazonas
 
País formaliza proposta para quadruplicar combustíveis sustentáveis até 2035.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Estados em todas as regiões brasileiras tiveram o suprimento de energia interrompido na madrugada de terça (14/10) depois que um incêndio numa subestação no Paraná gerou uma perturbação no Sistema Interligado Nacional (SIN), que se propagou pela rede

O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, disse que a agência vai verificar o motivo da propagação da ocorrência pelo sistema, que pode ter ocorrido pela falha de proteção de equipamentos. 

  • “Teve um problema localizado em um equipamento. O que se espera no sistema de transmissão? Que esse equipamento seja isolado. A proteção funciona, o equipamento é isolado, aquele defeito é contido. Neste caso, o que a gente teve foi uma propagação desse defeito”, explicou a jornalistas em Brasília na tarde de ontem.
  • A autarquia vai instaurar processos de fiscalização e já enviou uma equipe ao Paraná para inspecionar a subestação de Bateias (PR), onde o problema teve início. 

Nas primeiras falas após o incidente, o ministro Alexandre Silveira (PSD/MG) fez questão de ressaltar que o país tem segurança energética e que o caso não ocorreu por problemas com a geração — afastando o antigo fantasma da crise de 2001, quando o país precisou passar pelo racionamento pelo baixo volume de água disponível para geração nas hidrelétricas. 

  • Pelo contrário: hoje o país vive um excesso de geração, que tem inclusive levado a desperdícios, com a necessidade de cortes (no jargão do setor, o curtailment).   

Segundo o Ministério de Minas e Energia, ocorreu um “desligamento controlado” de cerca de 10 GW, “para evitar o escalonamento da interrupção e minimizar os impactos aos consumidores”.

  • O MME também destacou que a recomposição das cargas também ocorreu de forma controlada. O fornecimento foi restabelecido em cerca de uma hora em quase todo o país, com exceção da região Sul, onde a recomposição levou mais de duas horas.  

A ampla interligação elétrica no território brasileiro por meio do SIN é um dos pilares da segurança energética nacional, por gerar sinergias e levar a um melhor aproveitamento da diversidade regional.

  • Ao todo, são mais de 176 mil quilômetros de linhas de transmissão ligando quase 247 GW de capacidade de geração em todos os estados brasileiros. 
  • É isso que permite, por exemplo, com que as usinas eólicas e solares do Nordeste enviem geração renovável para o centro da carga, no Sudeste e Centro Oeste. 
  • O presidente Lula (PT), inclusive, tem defendido o modelo, que afirma ser exemplo para o mundo: “Poucos países têm um sistema como nós temos”, disse durante o evento de conexão de Roraima ao SIN, em setembro. 

Renovação das concessões. Também na terça, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a Enel São Paulo só renovará o contrato de concessão se forem cumpridas todas as exigências técnicas e regulatórias
 
Enquanto isso, no Congresso. O relator da Medida Provisória 1304/2025, o senador Eduardo Braga (MDB/AM), criticou a contratação de usinas renováveis sem a definição de um ponto de conexão à rede elétrica. 

  • Na primeira de uma série de três audiências públicas para tratar do texto, que propõe uma série de reformas para o setor elétrico, Braga prometeu para a última semana de outubro a entrega do relatório.  

GT das eólicas offshore. O governo publicou no Diário Oficial da União a resolução aprovada na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que cria o grupo de trabalho para regulamentar o marco legal das eólicas offshore.

  • O Ministério de Minas e Energia (MME) coordenará o grupo, que terá participação de 23 instituições e poderá incluir representantes do setor produtivo e da sociedade civil.
  • O anúncio do grupo deixou o setor desesperançoso com a realização do primeiro leilão de cessão de áreas para geração em alto mar no país ainda em 2026.

Ampliação no pré-sal. O governo também publicou as resoluções do CNPE sobre a adição de blocos localizados além das 200 milhas náuticas ao regime de partilha e a inclusão de mais três blocos na oferta permanente. Também foi publicada no DOU a resolução que permite a prorrogação dos contratos de partilha por 27 anos. 

Demora na Margem Equatorial. A Petrobras e o Ibama terão uma reunião na quinta (16) para debater “pendências e incertezas” no trâmite do processo de licenciamento do bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas.

  • O órgão ambiental solicitou novos ajustes no Plano de Emergência Individual (PEI) e Plano de Proteção à Fauna (PPF) apresentados pela companhia. 

Preço do barril. O petróleo fechou em queda na terça-feira (14), após uma breve recuperação na véspera, com o mercado voltando a sentir o peso das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Também persistem as preocupações com o excesso de oferta da commodity.

  • O Brent para dezembro recuou 1,47% (US$ 0,93), a US$ 62,39 o barril

Opinião: Mais do que uma lista de projetos, o mercado de gás precisa de previsibilidade. Portanto, o Plano Coordenado deve ser um instrumento que balize investimentos, a partir de critérios claros e análises de alternativas, escrevem o diretor de Energia e a especialista da Abrace, Adrianno Lorenzon e Juliana Rodrigues.

4x combustíveis sustentáveis. O diretor do Departamento de Energia do Itamaraty, João Marcos Paes Leme, confirmou nesta terça (14/10) a apresentação formal de uma proposta de compromisso para elevar quatro vezes, a nível global, a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.

  • A iniciativa é encabeçada por Brasil, Japão, Itália e Índia. A intenção é mobilizar adesões até a COP30, marcada para novembro, em Belém (PA).

Mover. Foi publicada a resolução aprovada do CNPE que fixa os valores da Intensidade de Carbono das Fontes de Energia (ICE) do Mobilidade Verde e Inovação (Mover), programa que estabelece critérios ambientais para a fabricação de veículos e amplia exigências de sustentabilidade para o setor automotivo.
 
Corrida para triplicar renováveis. O crescimento das fontes renováveis alcançou um novo recorde, mas ainda está abaixo do necessário para 11,2 TW em 2030. A Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), no entanto, está otimista. Leia na diálogos da transição
 
Opinião: Para investidores institucionais e fundos de infraestrutura, o Redata abre oportunidades em um mercado de bilhões de reais em ascensão, sinalizando maior estabilidade regulatória e mitigação de riscos fiscais, escrevem o sócio e a acadêmica de Direito do escritório Toledo Marchetti Advogados, Haroldo Bertoni Filho e Maria Clara Pereira.

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