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Os sinais que a eleição de Trump nos EUA trazem para o setor de energia

Ex-presidente foi reeleito com a promessa de baratear a energia e priorizar fósseis

Os sinais que a eleição de Trump nos EUA indicam para o mercado de energia. Na imagem: Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, discursa em púlpito na Casa Branca (Foto Andrea Hanks/Casa Branca)
Ex-presidente dos EUA de 2016 a 2020, Donald Trump foi reeleito para assumir em 2025 | Foto Andrea Hanks/Casa Branca

NESTA EDIÇÃO.

Como fica o mercado de energia depois das eleições nos EUA

Petrobras busca parcerias para Pbio.

Energisa conclui compra da Norgás.

Nuclep fecha acordo com russa Rosatom para geração nuclear.

MME e MPA vão cooperar para pesca em hidrelétricas


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Donald Trump retorna à presidência dos Estados Unidos em 2025 com a promessa de trazer de volta para o centro da política energética a exploração e produção de petróleo e gás, no país que é o maior produtor do mundo. 

Eleito em uma campanha embalada pelo bordão “drill, baby, drill”, o republicano prometeu acelerar a aprovação de licenças de perfurações e concessões, interromper litígios ambientais e dar alívios fiscais para empresas de combustíveis fósseis. 

  • O assunto volta à mesa agora de maneira menos envergonhada, já que mesmo durante o governo Joe Biden a produção dos EUA continuou a crescer e chegou a bater recordes

Assim, é improvável que as novas políticas levem a mudanças estruturais nos preços do barril no mercado internacional.

  • Entretanto, Trump prometeu adotar políticas de fortalecimento da economia interna, o que tende a valorizar o dólar e, ao cabo, gera uma pressão inflacionária para os combustíveis, sobretudo no Brasil. 
  • Os republicanos, inclusive, terão maior facilidade de aprovação de medidas pelos próximos dois anos, já que conquistaram a maioria dos votos para o Senado e tiveram um número expressivo de deputados eleitos para a Câmara. 

No site:

Uma das incertezas diz respeito ao futuro da indústria de GNL dos EUA

  • A expectativa é de retomada das licenças para novos projetos de exportação de GNL, que estavam sob moratória, mas o tema segue alvo de judicializações e pressões de ambientalistas.  

Renováveis. Também pairam dúvidas sobre os vultosos incentivos para a indústria de baixo carbono, por meio do Inflation Reduction Act (IRA). É improvável que o programa seja encerrado, mas deve, sim, passar por uma transformação.

  • O IRA foi instituído no governo Biden, com aprovação de ambos os partidos no Congresso. 
  • Parte significativa dos projetos tem levado a maiores investimentos em estados que votaram historicamente no Partido Republicano. 

Leia na Diálogos da Transição: Renováveis em xeque? O que esperar do retorno de Trump.

Negacionista das mudanças climáticas, uma das principais certezas que Trump traz de volta é a menor probabilidade de avanços nos acordos internacionais de combate ao aquecimento global. 

É um sinal ruim sobretudo para o Brasil, que no próximo ano vai sediar a COP30, principal fórum de debate global sobre o tema. Sob Trump, os EUA tendem a dar menos relevância para o encontro.



Petrobras vai manter Pbio. A diretoria da estatal encerrou o processo para o desinvestimento da subsidiária Petrobras Biocombustível S.A. (PBio), que vai ser mantida no portfólio da empresa. A companhia sinalizou ainda que pode buscar parcerias para atuar no setor de biocombustíveis. 

Energisa conclui compra da Norgás. O grupo Energisa concluiu a compra de 51% da Norgás, holding com participação em distribuidoras de gás canalizado em quatro estados do nordeste. Com isso, a companhia passa a ter participações na Cegás (29,4% do capital total), Copergás (41,5%), Algás (29,4%) e Potigás (83,0%). Como contrapartida, a Sergás deixará de fazer parte do portfólio da Norgás, já que o estado de Sergipe exigiu o direito de preferência pela distribuidora. 

Geração solar distribuída. A EDP anunciou a aquisição de 16 usinas fotovoltaicas do grupo Tangipar por R$ 218 milhões. Com uma capacidade instalada de 44,3 megawatts pico, as plantas são voltadas para a geração distribuída e estão localizadas nos estados da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Acordo com russos para geração nuclear. A estatal brasileira Nuclep e a empresa russa Rosatom assinaram, na terça (5/11), um acordo de confidencialidade, visando à cooperação tecnológica para a produção de micro reatores modulares, os chamados SMRs (Small Modular Reactors), no Brasil. O acordo inclui transferência de tecnologia e busca fomentar a geração de energia nuclear. 

MME defende conclusão de Angra 3. O secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME, Vitor Saback, disse que a pasta está empenhada em finalizar o projeto da usina nuclear de Angra 3 (RJ). O governo federal espera que a decisão sobre o futuro da usina seja tomada até o final de 2024, com o tema já pautado para a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), marcada para 4 de dezembro.

Multa da Enel GO. A Aneel rejeitou um recurso apresentado pela Enel Distribuição Goiás e manteve uma multa de R$ 43,19 milhões. A penalidade havia sido aplicada em 2020 pela Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização dos Serviços Públicos (AGR), que constatou que a distribuidora não cumpria normas legais e regulatórias relacionadas à qualidade técnica do fornecimento de energia. 

Pesca em hidrelétricas. Os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e da Pesca e Aquicultura, André de Paula, assinaram um acordo de cooperação técnica para o desenvolvimento sustentável da aquicultura e energia em reservatórios hidrelétricos. Um dos objetivos é aumentar a produção de pescados nos 74 reservatórios de usinas hidrelétricas do país considerados aptos para a atividade.

Adaptação climática na agropecuária. Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que as políticas climáticas no setor agrícola estão sendo executadas sem eficiência e com falta de coordenação. O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), implementado entre 2016 e 2020, não conseguiu alcançar suas metas e objetivos, concluiu o relatório. 

Opinião: A energia, que deveria ser um insumo estratégico para o crescimento, acabou se transformando em um dos principais gargalos para a sustentabilidade e competitividade dos negócios, escreve o co-CEO e fundador da Ecom, Marcio Sant’Anna.