NESTA EDIÇÃO. Anúncio da Opep+ de aumento da oferta de petróleo ocorre em meio a ameaças dos EUA de taxar compradores de petróleo da Rússia.
Governo cancela reunião do CNPE para aprovar medida provisória do novo vale-gás.
Paraíba calcula perdas de R$ 40 milhões com tarifas dos Estados Unidos contra açúcar e etanol.
Crescimento da micro e mini geração distribuída supera previsões.
Ministério Público defende vetos em nova lei do licenciamento ambiental.
EDIÇÃO APRESENTADA POR
Opep+ anuncia aumento de produção às vésperas de novas restrições a petróleo russo
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciou no domingo (03/8) que vai acabar com os cortes na produção de 2,2 milhões de barris/dia de petróleo iniciados em 2023.
A decisão de ampliar a produção ocorre às vésperas do prazo limite do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o fim do conflito na Ucrânia, sob o risco de taxar os compradores de petróleo russo.
- A Opep+ afirmou em nota que a decisão de aumentar a extração em 547 mil barris/dia a partir de setembro ocorreu tendo em vista “as perspectivas para estabilidade no cenário econômico global e os saudáveis fundamentos do mercado no momento, conforme refletem a baixa nos estoques de petróleo”.
- Os volumes adicionais virão de oito membros do grupo: Arábia Saudita, Argélia, Cazaquistão, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Kuwait, Omã e Rússia. Veja qual vai ser a contribuição de cada país.
A decisão já era esperada pelo mercado, conforme mostraram as cotações do barril no mercado internacional, que encerraram a semana passada de volta à casa dos US$ 60.
- Na sexta-feira (01/8), o Brent para outubro fechou em baixa de 2,83% (US$ 2,03), a US$ 69,67 o barril.
- O cartel favorece, assim, uma redução nos preços do petróleo e combustíveis.
A Rússia é um dos principais produtores da Opep+ e um dos países que mais deve contribuir para o aumento na produção do grupo — caso as promessas das novas taxas de Trump não se concretizem.
- O prazo de Trump para o cessar-fogo na Ucrânia vence ao fim desta semana, em 8 de agosto.
- Entretanto, a guerra se intensificou nos últimos dias, com ataques ucranianos, inclusive, a grandes refinarias e a estoques de petróleo na Rússia, em resposta a bombardeios.
Ainda não está claro se as restrições impostas pelos EUA a produtos russos inclui derivados — o que vai afetar também o Brasil, que importa diesel russo.
- Segundo o Goldman Sachs, os dois países imediatamente impactados pelas restrições seriam China e Índia, que juntos compram 3,3 milhões de barris/dia de petróleo russo, quase metade das exportações do país.
Mas a consultoria Rystad Energy ressalta que parte dos volumes russos retirados do mercado com as taxas dos EUA podem ser substituídos pela produção de outros países da própria Opep+, como também por outros grandes produtores de fora do cartel, incluindo Canadá, Brasil, Guiana e os próprios EUA.
Tarifaço. Produtores de açúcar e etanol da Paraíba calculam perdas de R$ 40 milhões na cadeia produtiva com tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Segundo estimativas do Sindialcool da Paraíba, o impacto será maior para o açúcar, já que o produto responde por cerca de 49% do total das exportações do estado.
- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou na sexta-feira (01/8), uma abertura ao diálogo. Trump disse que o presidente Lula (PT) pode ligar para ele “à hora que quiser” para tratar sobre as tarifas.
Crise adia CNPE. O governo federal cancelou a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que seria realizada na próxima terça-feira (05/8). Com isso, fica adiada também a edição do decreto de regulamentação do mandato de biometano e a medida provisória do Gás para Todos, o novo vale-gás, além das medidas para viabilizar o leilão do gás da União.
- O adiamento foi atribuído à agenda do presidente Lula, que vai se reunir com o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável para debater as tarifas dos EUA.
Distribuidoras contra a parede. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) cobrou esclarecimentos das concessionárias estaduais de gás — e empresas do mercado de GNV — sobre os motivos para a redução de preços da Petrobras não ter chegado, na mesma proporção, para o consumidor final.
- As concessionárias rebateram que o repasse é integral, mas que a molécula da Petrobras é apenas parte da conta. A agência eixos explica: Por que o corte da Petrobras não chega na mesma proporção na sua conta de gás?
Naturgy multada. A Agenersa, agência reguladora do Rio de Janeiro, multou a companhia por descumprir a regulação estadual e impor barreiras ao mercado livre de gás natural. Indústrias relatam negativas reiteradas, por parte das distribuidoras CEG e CEG Rio, a pedidos de migração.
Descomissionamento. A Petrobras assinou contratos de R$ 1,2 bilhão para afretamento e prestação de serviços de operação náutica e hotelaria para duas embarcações do tipo liftboat. Os navios darão suporte à manutenção e atividades de prontidão para o descomissionamento de plataformas fixas nas operações offshore no Nordeste.
MMGD supera expectativas… As autoridades do setor elétrico revisaram para cima a previsão de crescimento da geração de eletricidade proveniente de mini e micro geração distribuída para 2025. A nova estimativa é que esses sistemas devem produzir 6.836 megawatts médios (MWmed) — mais do que a garantia física da hidrelétrica de Belo Monte.
… mas o aumento do consumo é menor que o esperado. Por outro lado, o Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) reduziram a previsão de crescimento da carga de energia brasileira em 2025.
- Agora, a projeção é de uma expansão de 1,9% no ano, na comparação com 2024, para 81.542 MWmed.
- A redução foi influenciada pelas temperaturas mais amenas no período de abril a julho, que reduziram a demanda por energia para climatização de ambientes.
Leilão do GSF. Cinco grupos venceram o leilão das dívidas judiciais relacionadas às liminares do GSF (fator de escala de geração, na sigla em inglês), concluído pela CCEE na sexta (01/8).
- Empreendimentos da Eletrobras, Cemig, Rio Paranapanema, Santa Fé e ArcelorMittal movimentaram R$ 1,4 bilhão em negociações e poderão prorrogar as concessões de hidrelétricas.
Opinião: Precisamos repactuar o sistema elétrico brasileiro. As mudanças dos últimos anos impõem um novo modelo, que modernize a legislação, englobe uma visão sistêmica e tenha força para se sobrepor a interesses particulares, escreve o CEO do Grupo Delta Energia, Max Xavier Lins.
Licenciamento ambiental. O MPF defende, em nota técnica entregue ao Palácio do Planalto, o veto a mais de 30 dispositivos da Lei Geral do Licenciamento Ambiental. Segundo o Ministério Público, a norma aprovada em 17 de julho pelo Congresso “contém dispositivos que comprometem a proteção ambiental e violam preceitos constitucionais”.
Crise de hospedagem. A dificuldade de encontrar acomodações a preços acessíveis para a COP30 está levando países a pressionarem o Brasil para tirar o evento ambiental da capital do Pará.
- O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP em Belém, admitiu o problema. Segundo ele, o governo busca soluções para convencer o setor hoteleiro a oferecer valores mais baixos durante a conferência, em novembro.
Florestas produtivas. A Petrobras vai aderir ao Programa Nacional de Florestas Produtivas, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Agenda do governo federal na COP30, a iniciativa mira restauração agroflorestal, com integração entre lavoura, pecuária e floresta.