NESTA EDIÇÃO. A poucas horas de caducar, MP que cria o “Luz do Povo” é aprovada e texto vai à sanção presidencial.
Lula assina MP do Redata com benefícios fiscais para data centers que usarem energias renováveis, gás natural ou nuclear.
Operação da PF prende diretor da Agência Nacional de Mineração.
Tramontina substitui gás natural por biometano em fábricas no RS.
Queimadas na Amazônia no governo Bolsonaro influenciaram o atraso do acordo EFTA-Mercosul.
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No limite do tempo, MP da Tarifa Social é aprovada no Congresso Nacional
A cerca de três horas do fim do prazo, o Congresso Nacional aprovou na noite de quarta-feira (17/9) a Medida Provisória 1300/2025, que instituiu o programa “Luz do Povo”. O texto vai agora à sanção presidencial.
- A aprovação no Senado Federal ocorreu logo após a análise na Câmara, na tarde de ontem.
- Foi mantido o mecanismo que cria um dispositivo adicional para antecipar recursos e dar um alívio de curto prazo nos reajustes das contas de luz no Norte e Nordeste.
Um questionamento que ocorreu em ambas as casas foi a respeito da origem dos recursos para o benefício social que ampliou a tarifa social de energia elétrica.
- O texto original previa que os recursos viriam da reforma da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), discussão que acabou sendo adiada.
- Parte da oposição ao governo tentou obstruir a discussão, sem sucesso.
- No acordo para facilitar a tramitação da medida, o deputado Fernando Coelho Filho (União/PE), desidratou praticamente todo o texto, focando na ampliação do benefício social.
Logo após o fim da votação, o senador Eduardo Braga (MDB/AM) prometeu retomar o debate na MP 1304/2025, a MP dos Vetos, da qual é relator.
- “Essa preocupação com relação à fonte da CDE é de todos nós. Essa conta precisa passar a ter limites e precisa de um phase out para que o consumidor brasileiro seja desonerado, e é disso que trata a MP 1304. Nós buscaremos soluções sustentáveis”, disse.
Ao longo dos últimos dias, as discussões causaram um “racha” entre as associações do setor elétrico.
- De um lado, entidades de geração e consumo enviaram carta ao Congresso pedindo que os parlamentares evitem a “perpetuação e ampliação de subsídios”. (veja em .pdf)
- Na resposta, um bloco de entidades ligadas à geração distribuída e renováveis reagiu com outra carta, desta vez à Aneel. No texto, acusam as primeiras associações de defender uma “lógica ultrapassada de concentração de poder e recursos nas mãos de poucos”, em detrimento da expansão da energia solar e descentralizada. (veja em .pdf)
O programa “Luz do Povo” entrou em vigor em julho, depois da aprovação da Aneel, e está beneficiando 60 milhões de pessoas.
- A iniciativa concede gratuidade a famílias com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa e que consomem até 80 kWh/mês.
- Caso a MP perdesse a validade, o programa ficaria sem base legal e a tarifa social teria que retornar ao modelo anterior.
Redata. Assinada pelo presidente Lula (PT) na tarde desta quarta-feira (17/9), a Medida Provisória da Política Nacional de Data Center, o tão aguardado Redata, estabelece entre as contrapartidas para benefícios fiscais o uso de energias renováveis, gás natural ou nuclear.
- A expectativa é atrair até R$ 2 trilhões em investimentos na cadeia de serviços digitais em dez anos.Leia os detalhes na diálogos da transição.
Leilão de térmicas. Contribuições do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) à consulta pública do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) previsto para 2026 defende a inclusão de soluções como armazenamento em baterias, térmicas a biomassa, hidrelétricas reversíveis e programas de resposta à demanda.
- Para o instituto, as diretrizes devem abrir espaço para tecnologias alinhadas às metas climáticas e que minimizem a necessidade de operação das termelétricas fósseis. O Iema aponta risco de aumento dos cortes de energia renovável com os critérios divulgados pelo MME.
Acusação de crimes ambientais e corrupção. A Polícia Federal prendeu na quarta-feira (17) o diretor da Agência Nacional de Mineração, Caio Mário Trivellato Seabra Filho, em uma operação que apura um suposto esquema de mineração ilegal, corrupção e danos ambientais (CNN Brasil).
- Entre os presos na operação está o delegado da Polícia Federal (PF) Rodrigo de Melo Teixeira era até então integrante do Comitê de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras. (O Globo)
Reforma tributária. O senador Eduardo Braga (MDB/AM), relator do PLP 108/2024, acatou o pleito da indústria petroquímica e incluiu ajustes no seu texto para preservar o setor da proposta da monofasia da nafta.
- Além disso, as emendas acatadas pelo parlamentar abrem espaço para financiar o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq).
- A monofasia da nafta é fundamental no combate da sonegação de impostos, disse o diretor da ANP, Pietro Mendes, ao estúdio eixos, em sua primeira entrevista exclusiva depois de assumir o cargo.
- A medida também é defendida pela Abicom. Segundo o presidente da entidade, Sérgio Araújo, a cobrança inadequada desse produto cria distorções de mercado e afeta a concorrência no mercado de gasolina.
Alívio no bolso. A queda nos preços da gasolina, das passagens aéreas e de itens de transporte e alimentação puxaram a deflação ao consumidor medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) em setembro, informou a FGV.
- O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10) passou de alta de 0,18% em agosto para queda de 0,13% este mês.
Preço do barril. O petróleo fechou em queda na quarta-feira (17/9), devolvendo parte dos ganhos após três sessões consecutivas de alta. Investidores acompanharam a decisão sobre os juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e a queda acentuada nos estoques dos Estados Unidos, além da possibilidade iminente de sanções da União Europeia contra a Rússia.
- O Brent para novembro cedeu 0,76% (US$ 0,52), a US$ 67,95 o barril.
Para ficar de olho: No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 15%. (Agência Brasil)
Margem Equatorial. O deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB/DF) quer destinar 20% dos royalties da exploração de petróleo da Margem Equatorial para financiar a transição energética. Em entrevista ao estúdio eixos, ele explica a proposta do PL 4147/2025, que prevê a divisão de recursos com os Fundos Amazônia, Clima e de Desenvolvimento Industrial.
Plano integrado de Gás Natural e Biometano. A primeira edição do planejamento da EPE deve recomendar a construção de dois hubs para injeção de biometano na malha de gasodutos de transporte.
- Um deles será proposto para São Paulo e outro para o norte do Paraná. A informação foi antecipada pela diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges, no oitavo episódio do videocast gas week.
Gás argentino. As tradings Interco e NEG Energia receberam autorização da ANP para importar gás natural da Argentina.
- A Interco poderá importar até 150 mil m³/dia de gás, via Gasbol; enquanto a NEG obteve aval para importação de 31,25 milhões de m³/ano – o equivalente a cerca de 85 mil mil m³/dia.
Biometano na Tramontina. A Tramontina passou a consumir biometano, em substituição parcial ao gás natural, em duas de suas unidades industriais no Rio Grande do Sul. O biocombustível será fornecido pela Ultragaz.
Cooperação verde. A União Europeia anunciou uma nova estratégia para aprofundar as relações com a Índia. A estratégia estabelece cinco áreas prioritárias, entre elas prosperidade, sustentabilidade, tecnologia e inovação. Na área energética, são propostas ações em renováveis, hidrogênio verde e financiamento sustentável.
Acordo EFTA-Mercosul. As queimadas que se intensificaram na Amazônia em 2019, no início do governo Jair Bolsonaro, influenciaram o atraso em cinco anos da assinatura do acordo de livre comércio, segundo o vice-secretário-geral da EFTA, Markus Schlagenhof.
Captura e estocagem de carbono. A Petrobras aprovou a construção do projeto piloto de CCS São Tomé, em Macaé (RJ). O objetivo é capturar até 100 mil toneladas de CO₂ por ano, ao longo de três anos a partir de 2028, e injetá-las em um reservatório salino profundo, na região de Barra do Furado, em Quissamã (RJ).
Opinião: A expansão de campos de energia eólica em alto-mar é um exemplo claro de como atividades antes restritas à terra firme passaram a ocorrer em ambientes marítimos, exigindo novas interpretações tanto da legislação migratória quanto da regulação setorial, escreve o diretor executivo da Fragomen no Brasil, Diogo Kloper.