NESTA EDIÇÃO. Ministério de Minas e Energia trabalha para colocar de pé o leilão de gás natural da União ainda este ano e oferecer à indústria uma molécula por menos da metade dos preços atuais.
Presidente da Petrobras diz que quer mais poder de gestão na Braskem. Estatal volta a produzir em fábrica de fertilizantes no Paraná.
Pernambuco terá unidade de e-metanol com foco na exportação para EUA e Europa.
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MME acena com leilão de gás
O Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou nesta quarta (11/6), em recado a lideranças do setor industrial, que trabalha numa nova resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para colocar de pé o leilão de gás natural da União ainda este ano.
- A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima ser possível que esse gás chegue à indústria abaixo dos US$ 7 o milhão de BTU;
- É menos da metade do preço do gás pago pelo consumidor industrial, de US$ 16 o milhão de BTU;
- Tudo depende, claro, se o governo terá sucesso em reduzir os custos das infraestruturas;
- E da própria concorrência no leilão (o preço de partida é o US$ 1,5 pago pela Petrobras hoje à PPSA pelo gás da União na cabeça do poço.
O MME está definindo o cronograma das etapas necessárias para a oferta do gás da União, com o objetivo de realizar o leilão em dezembro.
O certame é a grande aposta do governo para injetar gás mais barato no mercado, premissa do Gás para Empregar.
O ministro Alexandre Silveira (PSD) convocou lideranças do setor industrial, base de apoio do governo no programa, para apresentar os próximos passos (veja a apresentação, em .pdf).
Tudo isso logo após a EPE divulgar nota técnica final com os estudos sobre a remuneração justa e adequada das infraestruturas de escoamento (SIE) e processamento (SIP).
Uma das prioridades do governo é conseguir baixar os custos de acesso a esses ativos — e também aos gasodutos de transporte.
Os valores cobrados pelo consórcio do SIE e SIP, das bacias de Campos e Santos, são destacados como os principais impeditivos para um gás competitivo. Fruto, na visão da pasta, de “omissões regulatórias”.
MME e a Casa Civil já definiram uma agenda com a Petrobras para iniciar as negociações desses custos, conforme antecipado pelo eixos pro, serviço de assinatura exclusivo para empresas (teste grátis por 7 dias).
O tema deve ser alvo de discussões na próxima reunião do CNPE, prevista para ocorrer até julho.
Os preparativos para o leilão estão em discussão desde o ano passado. O pontapé inicial ocorreu em agosto de 2024, quando o CNPE liberou a PPSA para contratar as infraestruturas de escoamento e processamento, além de realizar a venda direta ao mercado de gás natural e GLP.
Gás argentino. A integração Brasil-Argentina será construída a partir do protagonismo do setor privado, defendeu nesta quarta (11/6) o subsecretário de Combustíveis do país vizinho, Federico Veller, em entrevista ao estúdio eixos durante o Midstream & Gas Day 2025, em Buenos Aires.
- E mais: a chegada do gás argentino, caso se mostre competitiva, pode abrir oportunidades para destravar novas demandas por gás no Brasil, avalia o diretor da Alvarez & Marsal, Rivaldo Moreira Neto;
- Mas a molécula argentina terá que buscar o seu espaço num mercado aberto e concorrencial e que tem dificuldades de assumir contratos de longo prazo como desejam os investidores do país vizinho, disse a diretora-executiva de Gás Natural do IBP, Sylvie D’Apote.
Preço do barril sobe. Os contratos futuros do Brent, para agosto, fecharam a quarta (11/6), com forte alta de 4,34%, a US$ 69,77 o barril, em meio à informação do The Washington Post de que o Departamento de Estado dos EUA está se preparando para ordenar a saída de todo o pessoal não essencial da embaixada americana no Iraque devido à instabilidade na região.
- Em paralelo, os estoques de petróleo nos EUA caíram acima do esperado na semana passada, informou o Departamento de Energia.
Taxação. O mercado brasileiro de petróleo e gás está receoso de que a renovação de acordos para evitar bitributação entre o Brasil e países parceiros abra brechas para novas cobranças de tributos sobre o setor.
Fim da partilha. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) classificou o projeto de lei que altera o regime e acaba com o polígono do pré-sal como um retrocesso para o país.
Petroquímica. A Petrobras quer aumentar seu poder de gestão na Braskem, mas não quer estatizar a empresa, segundo a presidente da estatal, Magda Chambriard.
- “A Braskem é a 6ª maior petroquímica do mundo, por óbvio, quando a gente fala do uso do petróleo, aumento de eficiência da cadeia petroquímica, da transição energética, a gente não pode desprezar o papel da petroquímica”, disse a CEO na terça (10/6).
Poluição plástica. O Brasil ficou de fora da Declaração de Nice por um Tratado Ambicioso sobre Poluição Plástica, documento assinado por 96 países durante a Conferência da ONU sobre os Oceanos (UNOC), realizada esta semana em Nice, na França.
- A ausência do Brasil surpreendeu, especialmente diante de declarações recentes do presidente Lula (PT) na abertura do evento onde o acordo foi negociado.
Retomada de fafen. A fábrica de fertilizantes da Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, voltou a operar parcialmente esta semana, com a conclusão dos primeiros testes de produção de Arla 32 — aditivo usado para reduzir as emissões de veículos a diesel.
- A planta estava inativa desde 2020 e teve a retomada aprovada pela Petrobras em junho de 2024.
Opinião: A separação de marcas entre distribuidoras e comercializadoras coligadas deve ser tratada como um pilar regulatório essencial para a construção de um mercado varejista de energia elétrica competitivo e isonômico, escreve o consultor e ex-conselheiro do Cade, Carlos Ragazzo.
E-metanol em Suape. O governo de Pernambuco assinou um contrato com a GoVerde para instalação de uma fábrica de produção de e-metanol derivado de hidrogênio verde no Complexo Industrial Portuário de Suape. O projeto receberá investimento de R$ 2 bilhões na primeira etapa.
- Com início de operação previsto até 2028, a planta produzirá, inicialmente, até 300 toneladas por dia, com foco em exportação para EUA e Europa.
Falência na solar. Uma das principais desenvolvedoras de energia solar residencial dos Estados Unidos, a Energia Sunnova International entrou com pedido equivalente à recuperação judicial no Brasil. A companhia enfrenta altos custos em sua dívida.