NESTA EDIÇÃO. Petrobras amplia investimentos em refino e petroquímica no Rio em R$ 9 bilhões, com projetos diesel fóssil e coprocessado, além de lubrificantes e SAF.
Custo com energia para a indústria subiu o equivalente a quatro vezes a inflação em 25 anos, diz Abrace.
Restrições na transmissão e fim de subsídios vão desacelerar a expansão eólica onshore na América do Sul até 2034.
Na presidência do Mercosul, Brasil promete ênfase em agenda verde.
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Mesmo sem mandato, Petrobras expande coprocessado
O presidente Lula participa nesta sexta-feira (04/7) do anúncio da ampliação de investimentos da Petrobras em refino e petroquímica no estado do Rio de Janeiro, na Refinaria Duque de Caxias (Reduc).
- Um dos projetos anunciados será a comercialização de diesel coprocessado com 7% de conteúdo renovável (diesel R7) na Reduc, além de estudos para ampliar a parcela de renováveis na composição final do diesel para até 10%.
- O diesel coprocessado foi alvo de uma queda de braço durante a discussão da Lei do Combustível do Futuro: a Petrobras trabalhou pela inserção de um mandato para o produto junto com o diesel verde, o que não ocorreu.
- Mesmo assim, a companhia está seguindo com os empreendimentos nesse segmento.
A estatal antecipou na quinta-feira (03/7) as divulgações para o evento com o presidente, com o aumento de R$ 9 bilhões em investimentos no segmento no estado.
- A base dos projetos é a integração entre a Reduc e o Complexo de Energias Boaventura (antigo Comperj), em Itaboraí, a partir da chegada do gás natural do pré-sal por meio do gasoduto Rota 3, que começou a operar em setembro do ano passado.
Além do diesel R7, está prevista a entrega de mais produtos do portfólio de descarbonização da petroleira, com unidades para produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF).
- Na Reduc a previsão é de 10 mil bpd de SAF coprocessado (petróleo + 1,2% de óleo vegetal).
- Já o Complexo de Energias Boaventura terá unidade dedicada ao SAF de origem renovável, com capacidade de 19 mil bpd.
- O valor contempla também a ampliação da produção de fósseis, caso do diesel, lubrificantes e querosene de aviação.
- Além disso, a expansão inclui a avaliação de um projeto de rerrefino para a reutilização de lubrificantes.
Ao todo, os anúncios chegam a R$ 33 bilhões em investimentos, sendo R$ 29 bilhões da Petrobras e R$ 4,3 bilhões da Braskem.
- A petroquímica firmou uma parceria com a estatal para a entrega do gás natural visando a ampliação da produção de polietileno no estado.
Será o terceiro grande evento da Petrobras com Lula no Rio de Janeiro, no intervalo de menos de um ano.
- O presidente participou da inauguração do Complexo Boaventura em setembro e do anúncio da construção de navios da Transpetro em fevereiro.
- A geração de empregos é um dos destaques dos anúncios previstos para hoje, com a expectativa de criação de 70 mil novos postos de trabalho diretos e indiretos.
Redução do preço do gás. Apesar das entregas, a Petrobras ainda trabalha para cumprir a promessa de reduzir o preço do gás. Em entrevista coletiva, a CEO da companhia, Magda Chambriard, disse que a companhia busca trazer mais gás natural para a costa e entregar molécula ao “preço mais barato possível”.
- A redução do preço do gás natural é um dos temas prioritários do governo. O Ministério de Minas e Energia quer colocar de pé o leilão de gás natural da União produzido nas áreas de partilha, mas depende das negociações com a Petrobras para reduzir os custos de acesso às infraestruturas.
Preço de combustíveis na mira. A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu que a Polícia Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) investiguem denúncias sobre práticas anticoncorrenciais nos preços da gasolina, óleo diesel e gás de cozinha. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) também foi acionada.
- Na manifestação enviada aos órgãos, o governo federal cita indícios de que distribuidores e revendedores não repassaram aos consumidores as reduções de preços praticados pelas refinarias entre julho de 2024 e junho de 2025.
Cotação do petróleo. Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda na quinta-feira (3/7) em meio a sinais de possível retomada das negociações nucleares entre EUA e Irã e expectativas para aumento da oferta dos principais países exportadores.
- O Brent para setembro recuou 0,45% (US$ 0,31), a US$ 68,80 o barril.
Na energia elétrica, aumento de preços. O custo com energia para a indústria subiu o equivalente a quatro vezes a inflação desde o ano 2000, aponta um estudo da Abrace e da consultoria Ex Ante.
- A associação teme que dispositivos da medida provisória 1300/2025, da reforma do setor elétrico, encareçam ainda mais os preços para grandes consumidores industriais.
Nomeações na Aneel. O MGI autorizou a nomeação de 142 servidores aprovados em concurso para quatro agências reguladoras, incluindo 36 especialistas para a Aneel. A liberação ocorre em um momento de contingenciamento de recursos nas autarquias.
Sem deliberações da diretoria. Por falta de quórum, a Aneel cancelou a reunião de diretoria da próxima terça-feira (8/7). Três dos cinco diretores do colegiado estarão de férias.
- Em meio aos cortes no orçamento, a Aneel já havia reduzido o expediente na sede até as 14h, o que também diminuiu o ritmo de deliberação dos processos, já que as reuniões de diretoria colegiada não podem se estender além da manhã.
Eólica em desaceleração. A capacidade eólica onshore na América do Sul deve atingir 83 GW até 2034, com uma taxa de crescimento anual de 6,5%, segundo relatório da Wood Mackenzie. Grandes clientes comerciais e industriais estão impulsionando a demanda por meio de PPAs, mas restrições na transmissão desafiam a integração das renováveis.
Avanço no Porto-Indústria Verde. O Rio Grande do Norte espera dar, nas próximas semanas, mais um passo em direção ao projeto, que pretende combinar projetos eólicos offshore, produção de hidrogênio e commodities de baixo carbono. Leia na Diálogos da Transição.
Transição no Mercosul… Promoção da transição energética, desenvolvimento tecnológico, ampliação comercial, combate ao crime organizado e enfrentamento das desigualdades sociais. Essas são as cinco prioridades para a próxima presidência do Mercosul, que será exercida pelo Brasil no segundo semestre deste ano.
…e no Brics. A presidente da Plataforma de Cooperação em Pesquisa Energética do Brics, Mariana Espécie, acredita que a chegada do Brasil à Presidência do G20 elevou o debate sobre transição energética.
- Na visão dela, antes do ano passado as discussões sobre o tema estavam atreladas a processos industriais. Agora, o debate passou a olhar para a transição justa em locais em que ainda há pessoas sem acesso à energia.
Guerra comercial. O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que Pequim vê sua relação com a União Europeia “como uma parceria, não como uma rivalidade”, após o bloco exigir que o país acabe com “práticas distorcidas”, incluindo restrições à importação de terras raras.
Responsabilidade climática. A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL/SP) apresentou projeto de lei que prevê cobrança adicional sobre jatos particulares e passagens aéreas em classes executivas ou superiores.
- Protocolado na quinta-feira (3/7), o PL que cria a Contribuição de Responsabilidade Climática estabelece acréscimos sobre os preços das passagens e por tonelada de CO2 emitida.
Clima extremo. A cidade de São Paulo registrou na quarta-feira (2/7) a temperatura máxima mais baixa do ano e uma das três menores já registradas. Enquanto isso, o verão europeu continua a causar temperaturas bem acima da média.