NESTA EDIÇÃO. Opep+ chega a acordo para aumento da extração em novembro e mercado prevê queda no preço do barril.
Petrobras inicia contratação da P-91, que vai criar hub para ampliar exportação de gás do campo de Búzios.
Discussão sobre devedor contumaz trava na Câmara dos Deputados.
ANP oferece aparato de fiscalização à Anvisa em meio à crise de bebidas adulteradas com metanol.
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Mercado volta a cogitar barril na casa dos US$ 50 com alta na oferta de petróleo da Opep+
A Opep+ anunciou no domingo (5/10) que vai aumentar a produção de petróleo em 137 mil barris/dia a partir de novembro, ampliando a oferta no mercado internacional.
- O cartel já havia anunciado um aumento similar na produção para outubro. A decisão marcou a nova estratégia do grupo, ao adotar uma postura mais ofensiva para ganhar market share, agora reforçada.
Com o maior volume de petróleo no mercado e sinais de fraqueza na demanda, analistas começam a citar a possibilidade de um retorno do preço do barril à casa dos US$ 50 em 2026.
- Na sexta (3), o Brent encerrou o dia a US$ 64,53 o barril, com uma queda acumulada de 6,78% na semana. Já o WTI fechou a US$ 60,88 o barril, com perdas de 7,36% na semana.
- Também contribui para a queda nas cotações o avanço nas negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, depois que o Hamas concordou com o plano apresentado pelos EUA. (CNN Brasil)
Além da maior produção na Opep+, a sobreoferta de petróleo é alimentada também pelo contínuo crescimento da extração em países que não fazem parte dos acordos do grupo, como Guiana, Argentina, Canadá e Brasil.
- O consumo tem dificuldades em acompanhar essa alta na extração, o que deve ajudar a reforçar os estoques globais nos próximos meses.
- No cálculos da Rystad, após a decisão do cartel, a sobreoferta no mercado de líquidos vai chegar a 2,2 milhões de barris/dia no quarto trimestre de 2025.
- “A oferta está se movendo em apenas uma direção e, com a demanda enfraquecida, o restante de 2025 trará esse golpe duplo para os preços do barril. O equilíbrio global de líquidos mudou para o superávit depois de um longo período de aperto que começou em meados de 2024 e se estendeu até 2025”, diz a vice-presidente sênior de mercados de commodities da Rystad Energy, Susan Bell.
Os efeitos sobre as cotações, no entanto, devem ocorrer ao longo do tempo.
- O aumento na extração anunciado pela Opep+ ficou abaixo do esperado pelo mercado. Na semana passada, reportagens na imprensa internacional chegaram a falar em um acordo para uma oferta extra de 500 mil barris/dia, o que foi desmentido pelo grupo.
- O analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Bruno Cordeiro, lembra também que o cartel vem ampliando a produção em níveis menores do que os anunciados ao longo dos últimos meses: “A gente pode ver um suporte aos preços, caso parte desse incremento dos limites não se converta em uma oferta real”, afirma.
P-91 terá hub de gás. O décimo segundo FPSO de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, vai funcionar como um hub para exportação do gás produzido no campo, segundo a Petrobras. A unidade também será capaz de exportar o gás produzido em outras plataformas que foram originalmente desenhadas para a injeção. O objetivo é expandir a oferta de gás no mercado nacional.
- A Petrobras anunciou na sexta (3) o início da contratação, no modelo BOT (Build-Operate-Transfer), no qual a contratada é responsável pelo projeto, construção, montagem e operação do ativo por um período inicial definido em contrato.
- O projeto da unidade precisou ser modificado para ampliar a atração de fornecedores em meio a desafios na cadeia. Uma das principais questões foi a das turbinas geradoras de energia, em meio à demanda aquecida de data centers. (MegaWhat)
Opinião: Ao isentar a TUSD para consumidores estratégicos no Nordeste, como indústrias e data centers, poderíamos criar um ciclo virtuoso: reduzir o desperdício de energia, atrair investimentos e impulsionar o desenvolvimento regional, escreve Gustavo Ayala o CEO do grupo Bolt,.
PL do devedor contumaz travado. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos/PB) – e outras lideranças da Casa – ignoram a urgência proposta pelo governo ao projeto de lei da tipificação do devedor contumaz (PLP 125/2022). O texto é prioridade do Ministério da Fazenda, pasta que conduz as investigações de fraudes no mercado de combustíveis.
- Motta já pautou dez urgências no plenário da Câmara com o tema da segurança, mas a prioridade passa ao largo do devedor contumaz.
Opinião: O Brasil ainda está longe de ter um sistema tributário verdadeiramente simples, mas o que se desenha no setor de combustíveis representa, sem dúvida, um avanço. Se bem implementado, esse novo regime tem potencial para se tornar referência, escrevem Janssen Murayama e Mariana Ferreira, respectivamente, sócio fundador e coordenadora Tributária do Murayama, Affonso Ferreira e Mota Advogados.
Crise do metanol. A ANP colocou à disposição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a infraestrutura de fiscalização para identificar adulteração de bebidas com o uso de metanol, em meio à alta nas notificações relacionadas à intoxicação pela substância.
- Cerca de 60% do metanol importado pelo Brasil é destinado à produção de biodiesel, e cabe à ANP investigar movimentações suspeitas de desvio de finalidade.
Revisão tarifária das transportadoras de gás. A ANP realiza na próxima quarta (8) audiência pública sobre os novos critérios para cálculo das tarifas de transporte de gás natural. Entenda o que está em jogo com gas week.
Frete marítimo polui mais. As emissões de gases de efeito estufa do transporte marítimo aumentaram 5% em 2024, em meio a desvios de rota, escalas em portos ignoradas e viagens mais longas, mostra relatório da agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Veja os detalhes com diálogos da transição.
Opinião: O recado da ciência é inequívoco: o net zero só será alcançado se apostarmos em uma visão pragmática e integrada, escrevem Nathalia Weber e Isabela Morbach, cofundadoras da CCS Brasil.