NESTA EDIÇÃO. Investimentos privados avançam na maior região produtora de petróleo e gás do país.
Pequenas hidrelétricas negociam contratos de autoprodução remota para se viabilizar no mercado livre de energia.
Conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional deve ocorrer ainda em 2025.
Mistura de 30% de etanol na gasolina pode ampliar em 16,2% a produção do biocombustível, diz Bioind MT.
Demanda brasileira por minerais críticos para transição energética vai crescer 54% até 2034, segundo EPE.
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Mais um projeto operado por uma empresa privada avança na Bacia de Santos
A decisão anunciada na sexta (21/3) pela Shell de desenvolver a descoberta de Gato do Mato é mais um avanço de uma petroleira privada na Bacia de Santos.
- A previsão é que o campo comece a produzir em 2029, com uma plataforma projetada para produzir até 120 mil barris/dia de petróleo, sem previsão inicial de comercialização de gás natural no mercado.
O projeto conviveu com incertezas nos últimos anos. A decisão final ocorre depois da interrupção em dezembro de 2022 para reavaliar o desenho de engenharia, devido aos impactos da pandemia e da guerra da Ucrânia no mercado, com o aumento dos custos na indústria.
- A Shell opera a área em parceria com a Ecopetrol e a TotalEnergies, além da PPSA, gestora da União em parcela menor do campo, contratado sob o regime de partilha.
A Petrobras continua a principal operadora da Bacia de Santos, mas a partir de meados da década passada as reformas regulatórias que ocorreram no setor ampliaram a participação de outras companhias na região — e muitos dos resultados estão se concretizando agora.
No mês passado, a norueguesa Equinor recebeu a plataforma que vai produzir no campo de Bacalhau, também na Bacia de Santos. A previsão é que o início da produção ocorra este ano.
- Apesar de ter a Petrobras como sócia, o campo será o primeiro do pré-sal a entrar em produção sem ter a estatal como operadora nas etapas de conclusão de exploração e definição do projeto de desenvolvimento.
Fora do pré-sal, mas também demonstrando o maior dinamismo na região, o primeiro projeto desenvolvido desde a fase inicial por uma petroleira independente brasileira foi o campo de Atlanta, no pós-sal da Bacia de Santos.
- O sistema definitivo de produção do campo entrou em operação em dezembro.
Falando em investimentos privados… A “TotalEnergies “não tem limites” para investir no Brasil e pretende participar da próxima rodada de áreas para exploração e produção no pré-sal, disse o CEO Patrick Pouyanné em entrevista ao Estadão. A companhia também tem intenção de investir em baterias no país.
Bacia da Foz do Amazonas. A ministra Marina Silva (Rede) deve se reunir com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, para tratar sobre o processo de licenciamento da exploração de petróleo na área da Margem Equatorial quando retornar da viagem da comitiva presidencial ao Japão.
- Marina acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país asiático a partir de sábado (22/3) e retornará ao Brasil no dia 30.
Preço do barril. Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta na sexta-feira (21), na segunda semana consecutiva de ganhos, ainda impulsionada por tensões renovadas no Oriente Médio e comentários da China criticando a decisão dos Estados Unidos de imporem sanções a uma refinaria.
- Na Intercontinental Exchange, o Brent para junho avançou 0,19% (US$ 0,14), alcançando US$ 71,61 o barril.
Custo do gás natural. O MME voltou a colocar o tema no centro das discussões. Revisão da remuneração da Petrobras no escoamento e processamento; renegociação dos contratos legados no transporte; e a busca de uma harmonização na distribuição são algumas das sinalizações dadas pelo governo. Mas, afinal, o que de fato está no radar do MME nessa agenda? A gas week tenta clarear alguns caminhos possíveis.
Mercado livre de energia. É necessário resolver agora as bases do setor elétrico para que a abertura do ambiente de contratação livre a todos os consumidores, incluindo os de baixa tensão, ocorra de forma saudável nos próximos anos, defende o diretor de Regulação e Comercialização de Energia da SPIC Brasil, Carlos Longo.
- Um ponto de atenção no setor são os cortes de geração devido a gargalos de infraestrutura, que têm afetado sobretudo as usinas renováveis do Nordeste do país.
Pequenas centrais hidrelétricas. Para viabilizar as operações, hidrelétricas de pequeno porte estão negociando com consumidores do mercado livre no modelo de autoprodução remota, que pode aumentar o faturamento e diminuir o tempo de retorno dos empreendimentos em até 50%.
Linhão de Roraima. O ministro de Minas e Energia visitou na sexta-feira (21/3) as obras da linha de transmissão que ligará Manaus (AM) a Boa Vista (RR). A previsão do MME é que a conclusão ocorra ainda em 2025.
- O empreendimento vai conectar Roraima ao Sistema Interligado Nacional. A interligação permitirá a redução da geração termelétrica, o que deixará de emitir 1,5 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera, além de uma economia de R$ 1 bilhão por ano na Conta de Consumo de Combustíveis, paga por todos os consumidores brasileiros.
Opinião: Um dos problemas decorrentes da ausência de planejamento é a desproporcionalidade da inversão de fluxo de potência elétrica, que ocorre quando a lógica tradicional do fluxo de energia — da geração ao consumo — é invertida, ou seja, a energia excedente é injetada do consumidor para a rede, escreve Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee).
Aumento da mistura. A possível elevação da mistura de etanol anidro na gasolina para 30% (E30) pode impulsionar em 16,2% a produção do biocombustível no Brasil a partir da safra 2025/26, segundo relatório da Bioind MT.
Discussão no Congresso. Uma semana após apresentar proposta para permitir a venda de gasolina e diesel sem a mistura de biocombustíveis, o deputado Marcos Pollon (PL/MS) pediu a retirada de tramitação e arquivamento do projeto de lei. O PL alterava a Lei do Petróleo e tinha apenas um artigo.
Opinião: A capital paulista decidiu persistir na promoção acelerada da descarbonização do seu transporte público, tornando mandatória a aquisição de veículos novos que tenham tecnologias mais limpas e eficientes do que os ônibus convencionais a diesel, escreve Edmilson Moutinho Santos, professor associado do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP).
Baterias. A chinesa CATL, maior fabricante mundial de baterias para veículos elétricos e armazenamento de energia, e a Fundação Ellen MacArthur anunciaram uma parceria para acelerar o desenvolvimento de uma economia circular de baterias.
- O acordo, firmado em Amsterdã, na Holanda, visa criar um ecossistema global que promova a reciclagem e a reutilização de materiais, reduzindo o impacto ambiental.
Demanda mineral. A expansão da matriz elétrica brasileira é projetada para alcançar um crescimento de 35% na capacidade instalada até 2034, elevando a necessidade de minerais críticos para essa transição em 54% no mesmo período, de acordo com dados apresentados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no Caderno de Minerais Críticos e Estratégicos.
Descarbonização. O posicionamento do Brasil nas negociações da IMO pode ser um entrave para o avanço de soluções mais sustentáveis, como o hidrogênio verde e seus derivados, em favor de biocombustíveis de primeira geração e da não taxação de carbono. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.
Por falar em combustíveis marítimos… A comissão especial sobre transição energética e produção de hidrogênio verde da Câmara dos Deputados promove na terça (25) audiência pública sobre produção dos novos combustíveis marítimos, a pedido do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP).
Opinião: A proximidade do prazo de expiração das concessões do início do século é bastante pertinente e oferece uma oportunidade de renovação ou mudança de paradigma — considerando, inclusive, o impacto das alterações climáticas no desempenho do abastecimento energético, escreve Roberta Aronne, sócia das áreas de Energia, Construção e Gestão de Contratos do escritório Simões Pires, junto com o advogado Luan Soares e a estagiária Marceli Kobayashi.