NESTA EDIÇÃO. Problemas globais na cadeia de suprimento de termelétricas é mais um desafio para leilão de reserva de capacidade.
Campos marginais terão decreto para mitigar o aumento da cobrança de royalties.
FUP abre ação judicial para suspender rodada da oferta permanente marcada para 17 de junho.
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Pressão na cadeia de fornecedores
Além das incertezas internas com o atraso do leilão de reserva de capacidade, os empreendimentos que vão concorrer no certame vão ter o desafio adicional de negociar suprimentos num momento de pressão na cadeia do segmento.
O crescimento global na demanda por geração termelétrica — em paralelo à expansão das fontes renováveis — está afetando a disponibilidade da cadeia fornecedora.
- O cenário afeta sobretudo o segmento de turbinas, mas também transformadores e disjuntores. Segundo a Wood Mackenzie, 90% da capacidade global de produção de turbinas a gás já está comprometida este ano.
O LRCAP estava previsto para ocorrer em junho, mas ações judiciais levaram o governo a adiar o certame para reformular as regras.
- Ainda não há uma nova data prevista para a concorrência.
O diretor-presidente da GNA, Emannuel Delfosse, aponta que o adiamento do leilão pode, por um lado, ajudar as empresas a ter mais tempo para negociar contratos.
- A companhia aposta no fato de ter a Siemens como sócia como um diferencial para competir nesse cenário.
Entretanto, por outro lado, a necessidade de potência para o sistema está ficando cada vez mais urgente. Segundo o diretor de planejamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Alexandre Zucarato, as alternativas à contratação via leilão já foram tomadas este ano.
- “Nós não temos mais usinas do LRCAP para antecipar, então essa medida já não é mais possível. O estoque de usinas merchant descontratadas também é finito”, ressaltou em evento na quarta-feira (4/6).
O MME considera que ainda há prazo para contratar potência disponível em usinas existentes para início dos contratos em 2026.
- No momento, o governo trabalha com a ideia de separar a contratação das térmicas a biocombustíveis das usinas a gás natural. Nas regras originais, ambas seriam negociadas no mesmo produto.
- Uma das questões pendentes para o andamento da contratação é a disputa sobre as tarifas de gás natural — tema que rachou o mercado.
Alternativa. O governo federal espera que a implantação de tarifas horárias possa ajudar a suavizar a rampa de consumo do fim da tarde. Com o sinal indicativo aos consumidores, a expectativa é que haja uma diminuição da demanda nesse período de maior consumo. A iniciativa está prevista na medida provisória 1300/2025, de reforma do setor elétrico.
Opinião: Dutos, por si só, não produzem moléculas de gás. Segurança energética depende da disponibilidade de gás e GNL e modelo R2W foram cruciais em crises hídricas, nesse sentido, escreve José Andrade, gerente-geral de Inteligência de Mercado da Eneva.
Campos marginais blindados. O governo federal vai editar um decreto para mitigar o aumento da cobrança de royalties sobre a produção de óleo e gás de campos com economicidade marginais – ativos menores e mais antigos e que operam com margens de ganho menores sobre a produção.
- A decisão vem no contexto das discussões sobre a revisão dos preços de referência do petróleo, que são a base de cálculo da cobrança de royalties e participações especiais. As informações foram antecipadas pelo eixos pro (teste grátis), serviço para empresas da agência eixos.
Refinarias privadas apoiam revisão. A Refina Brasil enviou uma carta ao MME em apoio à revisão dos preços de referência, na esteira do pacote fiscal em discussão no governo. Afirma que a defasagem na metodologia causa prejuízos estimados em até R$ 15 bilhões por ano aos cofres públicos.
- O governo federal cobra da ANP a revisão dos preços de referência, determinada em 2022 a partir de um decreto de Jair Bolsonaro (PL).
Benefício fiscal. A Justiça Federal negou o pedido da União para suspender medida que beneficia o grupo Atem e culpou a própria Fazenda Nacional por não incluir especificamente, no recurso, o pedido da exclusão de combustíveis e lubrificantes do regime especial da Zona Franca de Manaus (ZFM).
- A Atem assegurou, com a decisão, benefícios para compra de mercadorias de empresas fora do polo industrial.
Petróleo cai. Os contratos futuros do Brent, para agosto, recuaram 1,17% nesta quarta (4/6), cotados a US$ 64,86 o barril, depois de dois dias seguidos de altas.
- a notícia de que a Arábia Saudita quer que a Opep+ continue a aumentar a oferta de petróleo de forma acelerada nos próximos meses puxou o barril para baixo;
- nos EUA, os estoques de petróleo caíram 4,304 milhões de barris, para 436,059 milhões de barris na semana passada. Recuo além do esperado.
Foz do Amazonas. A FUP e sindicatos do setor protocolaram ação popular contra a ANP na segunda (2/6) para suspender o leilão de 47 blocos exploratórios na bacia, marcado para 17 de junho. O grupo questiona a legalidade do processo, já que a Petrobras não obteve licença ambiental do Ibama para operar na mesma região.
- O Instituto Arayara já havia entrado com cinco ações para barrar o leilão, inclusive uma alegando que 14 dos blocos se sobrepõem a áreas prioritárias de conservação.
Curtailment na pauta do CMSE. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico reunirá, na próxima quarta-feira (11/6), estudos elaborados pelo ONS com foco em mitigar os impactos dos cortes obrigatórios de geração que atingem principalmente usinas renováveis e hidrelétricas por restrições no Sistema Interligado Nacional (SIN).
- Também está na pauta a entrada em operação de um reforço no Bipolo de Xingu, investimento da State Grid e que vai liberar 1,8 GW de capacidade de escoamento de energia para o Sudeste.
Fábrica de SAF no Paraná. A Satarem America Inc., empresa norte-americana de engenharia industrial, anunciou a investir cerca de R$ 2,3 bilhões numa fábrica de combustível sustentável de aviação em Maringá (PR). O primeiro litro de SAF deve ser produzido em dezembro de 2028.
Inovação em baixo carbono. Petrobras, BNDES e Finep lançaram chamada pública para a seleção de gestor de fundo de investimentos em participações minoritárias em startups e micro, pequenas e médias empresas que possuam soluções inovadoras nas áreas de energias renováveis e de baixo carbono.