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Junho começa com bandeira vermelha e piora na situação dos reservatórios

Perspectiva é de índices de afluência abaixo da média em todo o país

Diretor-geral do ONS, Marcio Rea, durante coletiva de Imprensa sobre o horário de verão, em 16 de outubro de 2024 (Foto Ricardo Botelho/MME)
Diretor-geral do ONS, Marcio Rea, durante coletiva de Imprensa sobre o horário de verão, em 16 de outubro de 2024 (Foto Ricardo Botelho/MME)

NESTA EDIÇÃO. Aneel aciona bandeira tarifária vermelha no patamar 1 em junho, em meio a perspectiva de piora na situação hídrica. 

Matriz elétrica brasileira atingiu 88,2% de renovabilidade em 2024.

Transpetro anuncia licitação para barcaças. 

Assembleia Legislativa da Bahia analisa projeto de lei que pode conceder perdão parcial de créditos tributários de ICMS a empresas da cadeia de petróleo e gás natural. 

EUA encerram concessões de US$ 3,7 bilhões em financiamentos para 24 projetos de energia limpa, incluindo captura de carbono.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

O mês de junho começa com uma piora nas perspectivas para os reservatórios das usinas hidrelétricas no Brasil, o que levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a acionar a bandeira tarifária vermelha no patamar 1 para as contas de luz. 

Com isso, as tarifas terão cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos.

É a primeira vez que a bandeira vermelha é acionada desde outubro de 2024. 

  • A Aneel projeta uma redução da geração hidrelétrica em junho, com a necessidade de acionamento de fontes de energia mais caras, como as termelétricas.  

A decisão indica um agravamento na situação hídrica em relação a maio, quando a bandeira tarifária foi amarela

  • A piora no quadro em junho é um sinal ruim também para a inflação
  • No mês passado, a bandeira amarela — que tem cobrança adicional de R$ 1,885 a cada 100 kWh — já havia pesado no bolso dos consumidores

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em junho todas as regiões do país vão ter percentuais abaixo da média para a energia natural afluente, índice que mede a quantidade de água que chega às usinas hidrelétricas, em unidade de energia.

  • “Seguimos com uma política operativa de preservação de recursos hídricos. A região Sul tem recebido atenção especial nesse ponto, uma vez que as afluências no subsistema, nos últimos meses, foram bem abaixo da média”, afirmou em nota o diretor-geral do ONS, Marcio Rea. 

Recentemente, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) antecipou para agosto de 2025 o início da operação de dez usinas termelétricas que venceram o leilão de reserva de capacidade de 2021, totalizando 2,2 GW de potência instalada.

  • A decisão busca mitigar o risco de déficit no suprimento de potência no sistema elétrico, sobretudo após o cancelamento do novo leilão de reserva de capacidade, que estava previsto para ocorrer este mês. 
  • Os preparativos para o certame foram encerrados depois que o Ministério de Minas e Energias revogou as regras da concorrência, que foram alvo de uma série de ações judiciais. 


88% renovável. A matriz elétrica brasileira atingiu 88,2% de renovabilidade em 2024, segundo o Balanço Energético Nacional 2025, divulgado pelo MME e EPE. Destaque para a participação da geração eólica e solar fotovoltaica, que chegou a 24% do total no ano passado, com crescimento de 12,4% da eólica, e 39,6% da solar, com relação a 2023. A hidrelétrica, por outro lado, caiu 1% e representou 56% do total.

Mercado livre de gás. A Comgás estima que o ambiente livre representará mais da metade do gás movimentado na rede em São Paulo já em 2026, o que terá consequências sobre a revisão tarifária. Na visão da distribuidora paulista, as indústrias passarão por uma profunda e acelerada migração para o mercado livre de gás natural nos próximos anos. Entenda os impactos com a gas week.

Expansão da frota da Transpetro. A subsidiária da Petrobras lançou uma licitação para a aquisição de quatro novas barcaças de três mil toneladas de transporte bruto, quatro empurradores e um rebocador, marcando a entrada da companhia neste modal logístico.

  • A expectativa é que o reposicionamento estratégico faça da Transpetro uma das maiores operadoras de barcaças para transporte de petróleo, derivados e biocombustíveis do Brasil.

Preço do barril. Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda na sexta-feira (30/5), encerrando uma segunda semana consecutiva de perdas, enquanto o mercado aguardava a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) sobre as metas de produção para julho.

  • O Brent para agosto recuperou 0,90% (US$ 0,57), para US$ 62,78 o barril, enquanto o petróleo WTI para julho caiu 0,25% (US$ 0,15), fechando a US$ 60,79 o barril.
  • No sábado (31/5), a Opep+ anunciou que vai relaxar os cortes de produção em julho em 411 mil barris/dia.

Perdão de dívidas para petroleiras e refinarias. A Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa da Bahia analisa um projeto de lei enviado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), que concede perdão parcial de créditos tributários de ICMS a empresas que atuam na extração, refino e processamento de petróleo e gás natural, o PL 25.826/2025.

  • O texto, enviado com pedido de urgência, autoriza a remissão de até 50% dos débitos acumulados até o ano passado, além da redução de 90% em multas e juros moratórios.

Preço de referência. A ANP prevê concluir em julho a revisão da resolução 874/2022, que define critérios para o preço de referência do petróleo usado no cálculo das participações governamentais.

  • O Ministério da Fazenda, além de estados e municípios produtores de petróleo, já cobraram a conclusão da revisão pela agência. A própria ANP calculou, em 2022, que havia uma perda da ordem de R$ 6 bilhões por ano em razão da falta da revisão.

Poços órfãos. A ANP está avançando na ação sobre a destinação e responsabilidade do abandono de poços perfurados pela Petrobras há décadas. A diretoria da agência pediu à Procuradoria Federal junto à ANP para adotar as “medidas judiciais cabíveis” de modo a obrigar a Petrobras a abandonar de forma permanente e cuidar do arrasamento dos poços.

Noruega defende captura de CO2. País europeu defende que projetos de captura e armazenamento de carbono (CCS), assim como eólica offshore e hidrogênio, serão indispensáveis para neutralidade climática.

  • A estratégia norueguesa parte da necessidade de expansão na produção de petróleo e gás ao mesmo tempo em que deseja liderar globalmente tecnologias de CCS para reduzir a pegada de carbono das indústrias de difícil descarbonização — chamadas de hard-to-abate.

Enquanto isso, recuo nos EUA.  O secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, anunciou o encerramento de 24 concessões emitidas pelo Escritório de Demonstrações de Energia Limpa, que incluíam, principalmente, financiamentos para CCS e iniciativas de descarbonização.

Siderurgia eletrificada. A Nippon Steel planeja investir US$ 6 bilhões para aumentar a produção de aço usando fornos elétricos a arco (FEA), em uma tentativa de reduzir as emissões de carbono. A empresa deve instalar três FEAs e espera que o governo do Japão forneça até US$ 1,73 bilhão em apoio.

Opinião: A crise climática não se resolve com atos individuais isolados. Ela exige coordenação, planejamento, metas ambiciosas e ações estruturadas que ultrapassem o evento da vez. E isso só será possível se tratarmos a COP como o que ela deve ser: um fórum sério, com foco, relevância e resiliência, escreve Jonathan Colombo, professor do MBA em ESG de Mudanças Climáticas e Transição Energética da FGV.

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