NESTA EDIÇÃO. Empresa do grupo J&F, dos irmãos Batista, fortalece aposta como nova gigante do setor elétrico com aquisição de fatia na Eletronuclear.
Silveira fala em realizar o leilão de baterias ainda em 2025.
Justiça do Rio de Janeiro nega pedido da Refit para liberar as cargas de combustíveis retidas pela Receita Federal.
Em meio a discussões sobre o curtailment, Aneel diz que distribuidoras podem cortar carga e geração, incluindo geração distribuída.
Nos bastidores da COP30, uma disputa sobre qual será o combustível dos ônibus que transportarão os milhares de delegados e observadores em Belém.
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Irmãos às compras: Batistas ampliam influência com aquisição na Eletronuclear
Com a compra da fatia da Eletrobras na Eletronuclear, a Âmbar Energia, do grupo J&F, ganhou uma nova dimensão de influência no setor elétrico brasileiro.
- A companhia dos irmãos Batista é a primeira empresa de origem privada no país com participação na fonte nuclear.
- A operação anunciada na quarta (15/10) prevê a aquisição de 68% do capital total da Eletronuclear, em parceria com a estatal Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), que continua a deter os 62% restantes.
A venda ocorre num momento delicado para a Eletronuclear, sob o risco de insolvência e com a necessidade de capital para honrar compromissos. (Reuters)
- O TCU, inclusive, recomendou à empresa que, no prazo de 120 dias, estabeleça uma política para mitigar a exposição às variáveis de câmbio que impactam os ativos e passivos da empresa.
Além disso, há a iminência da tomada de decisão sobre a conclusão da usina de Angra 3, que se arrasta desde os anos 1980.
- O CNPE determinou que a Eletronuclear e o BNDES atualizem os estudos de modelagem econômico-financeira para a conclusão da obra. A resolução foi publicada no Diário Oficial da União de quarta (15).
- Em audiência da Comissão de Relações Exteriores ontem, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), disse que não há correlação direta entre a venda e a finalização da obra.
- Silveira destacou que a determinação do CNPE já levava em consideração um sócio privado na usina, que até então era a Eletrobras.
Segundo o presidente da Âmbar Energia, Marcelo Zanatta, o interesse no segmento está ligado ao aumento da demanda por eletricidade, impulsionado pela inteligência artificial e pela digitalização da economia.
- “A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões, características fundamentais em um momento de descarbonização”, disse em nota.
O crescimento da influência dos irmãos Batista é recente e notável, com a Âmbar se tornando a nova gigante do setor elétrico.
- A companhia fechou no começo do mês um acordo com o grupo Oliveira Energia para adquirir a distribuidora Roraima Energia, além de quatro usinas de geração localizadas em Boa Vista.
- No ano passado, também já havia comprado a distribuidora Amazonas Energia, que precisou ser socorrida em meio ao risco de extinção da concessão.
- Em 2024, se tornou também a dona do terceiro maior parque de termelétricas a gás do país, após um acordo com a Eletrobras para a compra de 12 usinas a gás natural e um projeto para implantação de uma usina termelétrica a gás natural em Manaus (AM).
- Ao todo, a Âmbar opera mais de 4,5 GW de potência, em usinas hidrelétricas, solares, biomassa, biogás, gás natural e carvão mineral, sem contar as operações ainda pendentes de conclusão. Também atua na comercialização e gestão de energia e na operação de gasodutos.
Em paralelo, as operações marcam também uma consolidação do novo perfil da Eletrobras. Três anos após a privatização, a ex-estatal sai agora completamente da geração termelétrica.
- Sob controle privado, após a liquidação do controle no governo Bolsonaro, a Eletrobras permaneceu nos últimos anos na Eletronuclear, excluída da privatização. Tão logo possível, se movimentou para sair da área, mas, sem um acordo para o governo assumir a totalidade da estatal nuclear, vendeu.
- Além de deixar a geração nuclear, a companhia concluiu na semana passada a venda da última termelétrica a gás natural, a Usina Termelétrica de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, também vendida à Âmbar.
- A Eletrobras hoje opera um portfólio 100% renovável, com 81 usinas, sendo 47 hídricas, 33 eólicas e uma solar.
Em defesa do carvão. O ministro de Minas e Energia também defendeu em audiência pública na Câmara dos Deputados a extensão dos benefícios dados às termelétricas a carvão de Santa Catarina para o Rio Grande do Sul e Paraná. Na Câmara, o PL que trata do tema foi retirado de pauta.
Leilão de baterias ainda em 2025? Silveira afirmou ainda que pretende fazer o primeiro leilão de baterias do país em dezembro deste ano.
- Várias etapas necessárias para a realização do leilão ainda não foram iniciadas. Autoridades do governo vêm tratando o leilão de armazenamento como posterior aos leilões de reserva de capacidade (LRCAP), todos previstos para 2026.
Curtailment. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, ratificou o entendimento do ONS de que as distribuidoras podem cortar a carga e a geração de energia, quando necessário para garantir a segurança e a estabilidade do sistema elétrico. Segundo Feitosa, a prerrogativa se estende também a usinas tipo II e à micro e mini geração distribuída.
Preço da energia. A Aneel aprovou o reajuste tarifário anual de 2025 da EDP São Paulo, com alta média de 16,78% a partir de 23 de outubro.
- Aprovou também o reajuste tarifário anual da Neoenergia Distribuição Brasília, com alta média de 11,93% para os consumidores em geral.
Preço do barril. O petróleo fechou em queda na quarta-feira (15/10), enquanto as tensões entre EUA e China se estendem. O Brent para dezembro recuou 0,77% (US$ 0,48), a US$ 61,91 o barril.
- Os preços da commodity também são pressionados por preocupações de excesso de oferta. Em mais um sinal que pode mexer com esse equilíbrio, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, se comprometeu a parar as compras de petróleo russo.
Preço dos combustíveis. A gasolina subiu 0,47% nos postos na primeira quinzena de outubro, em relação ao mesmo período de setembro, perdendo espaço para o etanol.
- O preço médio da gasolina no período ficou em R$ 6,36 o litro, enquanto o preço médio do etanol chegou a R$ 4,44 o litro, segundo o Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL).
Cargas apreendidas. A Justiça do Rio de Janeiro indeferiu o pedido da Refit para liberar as cargas de combustíveis retidas pela Receita Federal e suspender o ato de interdição determinado pela ANP.
- A Refit havia tentado se proteger das ações desencadeadas pela Operação Cadeia de Carbono com apelos urgentes na recuperação judicial.
Reforma do GLP. Em meio às críticas das grandes distribuidoras à proposta de reforma regulatória da ANP para o gás de cozinha (GLP), uma voz dissonante: para Sérgio Balbino, presidente da distribuidora Gazoon, as propostas de permitir o enchimento fracionado e o envase de botijões de outras marcas, quando combinada com novas tecnologias, têm o potencial de revolucionar um mercado que opera no mesmo modelo há 80 anos.
Mudança na ANP. A diretoria da autarquia aprovou a indicação de Daniel Otaviano de Melo Ribeiro para o cargo de procurador-chefe junto à agência. Ribeiro assumirá no lugar de Fabrício Oliveira Braga, nomeado em março deste ano.
Opinião: A incorporação do biometano na frota de ônibus municipais representa não apenas um ganho ambiental, mas uma medida concreta com benefícios diretos para a sociedade, escrevem Paulo Campos Fernandes e João Pedro Riff Goulart, advogados do escritório Kincaid Mendes Vianna Advogados.
Biocombustíveis. A Inpasa e a Amaggi desistiram das negociações para a formação de uma joint venture voltada à produção de etanol de milho.
- Segundo comunicado,a decisão foi tomada após ambas as empresas concluírem que “possuem visões distintas quanto à estrutura e à governança do projeto, optando por seguir caminhos próprios neste momento”.
Certificado no Corsia. A Petrobras anunciou que a Reduc, no Rio de Janeiro, recebeu a certificação internacional ISCC CORSIA para produzir e comercializar combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, em inglês).
- O SAF será produzido a partir do coprocessamento de óleos vegetais com cargas de petróleo, e terá 1,2% de conteúdo renovável.
Qual será o combustível nas vitrines da COP? O duelo biodiesel versus coprocessado está de volta. Agora o ringue é a COP30, marcada para novembro, em Belém (PA). Nos bastidores, há uma disputa sobre qual será o combustível dos ônibus que transportarão os milhares de delegados e observadores a circular pela capital paraense durante a cúpula.
Opinião: Mobilidade pública elétrica é uma urgência urbana e climática, mas exigirá coordenação institucional, visão de longo prazo e coragem para vencer resistências, escreve Victor Ribeiro, consultor estratégico na Thymos Energia.
Financiamento climático. O Círculo de Ministros de Finanças da COP30 lançou em Washington (DC), nos Estados Unidos o relatório com contribuições para o Mapa do Caminho de Baku a Belém.
- Produzido e assinado pela coordenação brasileira do círculo, o relatório foi acompanhado por uma Declaração Ministerial assinada por mais de 30 países.
Fundo Clima. O BNDES lançou uma plataforma pública de acompanhamento dos projetos aprovados em todos os segmentos do Fundo Clima. O acompanhamento do maior fundo climático do Sul Global foi tema de uma mesa-redonda de alto nível durante a PRÉ-COP30, evento realizado em Brasília esta semana. Acesse aqui a plataforma.
Enquanto isso, a crise climática continua. Os níveis de gás carbônico (CO2) na atmosfera atingiram novos recordes ao longo de 2024, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM).