NESTA EDIÇÃO. Leilão de junho é oportunidade para negociar conversão de termelétricas.
Mercado livre de energia vive aumento da liquidez
Repsol reduz metas de investimento em hidrogênio.
Brasil pode reduzir emissões em 55% com eletrificação da frota e de processos industriais, diz BloombergNEF.
Lula participa de assinatura de contratos da Transpetro.
EDIÇÃO APRESENTADA POR
Iniciativas para descarbonizar térmicas poluentes ganham impulso com leilão de potência
O leilão de reserva de capacidade marcado para junho está movimentando agentes interessados em avançar com os planos de converter usinas a combustíveis mais poluentes, como carvão e diesel, para fontes menos emissoras.
- A ideia é assegurar o futuro dos projetos no contexto de transição energética.
- O leilão vai negociar apenas termelétricas a gás e biocombustíveis, além de hidrelétricas.
Um dos exemplos é a Energia Pecém, que mira o leilão como uma oportunidade para avançar com o plano de converter a usina no Porto do Pecém (CE), que hoje opera a carvão mineral, para gás natural.
- A termelétrica, de 720 MW, tem contrato no mercado regulado até 2027.
- A intenção da companhia é participar do leilão com a capacidade existente, convertida, e com um projeto greenfield, de 1,3 GW de expansão, que já nasceria a gás natural.
Ao longo dos últimos meses, os fornecedores do setor também relataram a busca por propostas para a conversão de usinas a diesel para gás natural.
- Etanol, óleo de palma e óleo de soja também estão entre as alternativas consideradas pelos operadores para a conversão das térmicas, segundo executivos da Wärtsilä.
Enquanto isso… A Associação Brasileira do Carbono Sustentável considera que os críticos da fonte não têm apresentado alternativas concretas à geração a carvão.
- A entidade se movimenta para a recontratação da termelétrica de Candiota, no Rio Grande do Sul, enquanto procura alternativas para o desenvolvimento das regiões carboníferas.
- A busca por alternativas, na visão da associação, tem que ser paralela ao funcionamento das usinas.
Leilão também movimenta o mercado de gás. A tendência é que o leilão de potência seja bastante diverso, com muitos projetos em jogo e com diferentes fontes de gás: Argentina, Bolívia, mas também gás nacional (do pré-sal ao biometano) e gás natural liquefeito importado – quem sabe até por meio de novos terminais de regaseificação.
- A gas week mapeia a movimentação dos agentes em busca de gás para o certame. Afinal, de onde virá a molécula que abastecerá as térmicas novas e existentes que concorrerão por contratos de geração flexível?
Opinião: Num cenário competitivo, a cláusula de destino pode reduzir a flexibilidade do comprador, mas a um preço menor, sem a necessidade de justificar o custo de mantê-la. Em outros termos, flexibilidade tem preço, escrevem os sócios do Veirano Advogados, Lívia Amorim e Tito Rosa.
Gás dos EUA. A dependência do México em relação ao gás canalizado dos Estados Unidos continuará a crescer, impulsionada pelo aumento da procura, pela restrição da produção doméstica e pela expansão da infraestrutura de gasodutos, afirma a Fitch Ratings.
Mercado livre de energia tem mudança nas negociações….Com a abertura do segmento a todos os consumidores da alta tensão e o aumento do número de unidades consumidoras, houve aumento na liquidez nesse ambiente de contratação no ano passado.
- Em dezembro de 2024 cada megawatt médio no mercado livre foi comercializado 6,33 vezes antes de ser entregue ao consumidor final.
…. E no perfil de clientes. O ambiente de contratação ficou mais heterogêneo nos últimos meses. Alguns dos setores que ampliaram a participação nesse mercado foram o varejo, o agronegócio e hospitais.
- Entre as 26,8 mil migrações ocorridas em 2024, 92% têm carga menor do que 500 kilowatts médios. No ano anterior, 67% consumiam abaixo desse montante.
Opinião: Empresas precisarão entender hábitos, oferecer soluções customizadas e proporcionar uma experiência de aprendizado ao consumidor para impulsionar seus negócios, escreve o vice-presidente Institucional e Regulatório do Grupo Delta Energia, Luiz Fernando Vianna.
Transmissão no Nordeste. O Ministério de Minas e Energia aprovou o Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica de 2024, com previsão de reforço à rede no Nordeste. O documento define obras e instalações prioritárias para a expansão do sistema de transmissão de energia nos próximos seis anos.
Produção de hidrogênio. Sem uma avaliação criteriosa das rotas, há o risco de que incentivos acabem favorecendo métodos mais poluentes, o que seria contraditório aos objetivos de descarbonização do próprio governo. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.
Repsol reduz ambições. A companhia cortou sua meta de produção de hidrogênio verde para 2030 em até 63%, segundo informações da Reuters. Com a revisão da meta, a empresa espera atingir entre 0,7 GW e 1,2 GW de capacidade de eletrolisador até o final da década, frente à meta de 1,9 GW estipulada anteriormente.
Créditos de carbono. A ZEG terá uma nova unidade de negócios dedicada à conservação florestal da Amazônia para geração de créditos de carbono. A intenção é ofertar títulos a partir de projetos REDD+ seguros para o mercado voluntário, certificados pela Verra.
Baixo orçamento. Nota técnica do Observatório do Clima, Climainfo, Inesc e outras nove organizações ligadas ao meio ambiente e clima alerta para o impacto do corte orçamentário do governo sobre a destinação de recursos para áreas como fiscalização ambiental, enfrentamento de secas, gestão de florestas e o programa Bolsa Verde.
Fiscalização climática. O Tribunal de Contas da União lançou o Painel ClimaBrasil, ferramenta que vai permitir aos tribunais de contas de todo o país avaliar e aprimorar políticas públicas ambientais e climáticas.
Redução de emissões. A eletrificação da frota e de processos industriais pode ajudar o Brasil a reduzir em 55% suas emissões de gases de efeito estufa associadas a energia até 2050, calcula relatório da BloombergNEF.
- Dentro do setor de energia do Brasil, o transporte responde por 53% das emissões, seguido pela indústria com 25%, energia e potência combinadas com 11% e edifícios com 6%.
Veículos elétricos. A gigante chinesa de baterias Contemporary Amperex Technology (CATL) vai colaborar com a Volkswagen em baterias para veículos elétricos, em um movimento da montadora alemã para se adaptar ao mercado competitivo e em rápida evolução dos VEs.
Conflito de interesses. O conselheiro da Petrobras e representante de acionistas minoritários, Marcelo Gasparino, renunciou ao cargo na quinta (20) em razão do conflito de interesses decorrente de sua atuação no board da Eletrobras. As empresas são concorrentes no mercado de energia.
Por falar em Petrobras… O presidente Lula participa nesta segunda-feira (24) da assinatura dos contratos da Transpetro com o consórcio formado pelos estaleiros Rio Grande e Mac Laren para a aquisição de quatro navios da classe Handy. Os contratos são os primeiros do Programa de Renovação e Ampliação da Frota da Petrobras
- O evento no Estaleiro Rio Grande (RS), deve contar também com a presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, além dos executivos da estatal.
Preço do barril. O petróleo fechou a sexta-feira (21) com sinal negativo ampliado pela piora no sentimento de risco, após relatos de que um novo coronavírus com potencial pandêmico foi descoberto na China, segundo veículos da mídia local. Investidores também digerem dados dos EUA e comentários do presidente Donald Trump sobre a Ucrânia e taxações.
- Na Intercontinental Exchange, o Brent para abril recuou 2,68% (US$ 2,05), a US$ 74,43 o barril.
Fraudes na mistura de biodiesel. A ANP interditou, na quinta (20), as operações de três distribuidoras de combustíveis em São Paulo: Maximus Distribuidora de Combustíveis, Distribuidora de Combustíveis Saara e Alpes Distribuidora de Petróleo. As interdições, aplicadas nas cidades de Santos, Paulínia, Guarulhos e Ribeirão Preto, valem em todo o país.
Opinião: A transição energética precisa da ANP forte e capaz de cumprir plenamente as suas crescentes atribuições, escreve o advogado especializado em regulação de energia e transição energética, Guilherme Vinhas.