comece seu dia

Indústria de petróleo nos EUA vive “tempestade perfeita” com tarifas de Trump

Setor sofre com cenário de demissões e alta nos custos

Donald Trump fala durante o 'AI Summit' da Casa Branca, no Andrew W. Mellon Auditorium, em Washington/DC, em 23 de julho de 2025 (Foto Joyce N. Boghosian/Oficial Casa Branca)
Donald Trump assina decretos durante o 'AI Summit' da Casa Branca, em Washington/DC, em 23 de julho de 2025 (Foto Joyce N. Boghosian/Oficial Casa Branca)

NESTA EDIÇÃO. Petroleiras estão sentindo os impactos da guerra comercial nos EUA
 
Companhias independentes no Brasil estão preparadas para volatilidade do preço do barril
 
Em meio ao combate a crimes nos combustíveis, ANP vai adotar novos critérios para autorizar a operação de refinarias. 
 
Índia lança política nacional para energia geotérmica.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Um dos principais setores que apoiou a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a indústria de petróleo e gás está sofrendo com as tarifas adotadas pelo presidente republicano contra importações. O impacto é sentido sobretudo para as petroleiras menores que atuam em atividades não-convencionais, como o shale

  • Pelo menos 4 mil pessoas deixaram essa indústria no país desde janeiro, segundo dados do Departamento de Estatísticas de Trabalho dos EUA compilados pelo Financial Times (com tradução da Folha de São Paulo). 
  • Grandes empresas já anunciaram que vão demitir: juntas, Chevron e ConocoPhilips vão cortar mais de onze mil empregos nos próximos meses. 

As petroleiras estadunidenses vivem uma “tempestade perfeita”, com a redução nas receitas e aumento nos custos

  • Por um lado, sentem a queda global no preço do barril de petróleo, um reflexo da guerra comercial iniciada por Trump. Nos últimos meses, o barril voltou à casa dos US$ 60, influenciado também pela ampliação da produção da Opep+. 
  • Além disso, vivem uma inflação nos custos na cadeia de fornecimento, com as taxas para a importação de bens e serviços. Um dos produtos mais taxados pelos EUA é o aço usado na construção dos poços, por exemplo.

A cotação atual do barril está muito próxima ao preço de equilíbrio (“break even”) que essas empresas precisam ter para se manterem lucrativas, estimam os analistas. 

Segundo a Rystad Energy, as operadoras reduziram as atividades e estão buscando economias nos custos operacionais. 

  • A consultoria calcula que as empresas também estão ampliando o movimento de hedge, com a venda da produção futura de petróleo, de modo a reduzir o impacto da volatilidade atual sobre o caixa.  

As petroleiras locais têm dificuldade em manter a competitividade frente a volumes importados de menor custo. O petróleo tem sido um dos itens a figurar entre as isenções nas taxas dos EUA, como aconteceu com os volumes importados do Brasil

  • Vale lembrar que Trump foi eleito sob a promessa de reduzir os preços de energia para os cidadãos americanos e que taxar o petróleo mais barato importado pelas refinarias dos EUA teria um impacto direto no bolso da população. 
  • Aliás, no caso do Brasil, há dúvidas se a isenção vai continuar: o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que o país pode anunciar medidas adicionais contra o Brasil na próxima semana devido à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. (CNN Brasil)


Por falar em tarifas… Ao comentar relatos de que os EUA teriam pedido a aliados do G7 para impor sanções de 50% a 100% contra a China, o porta-voz do Ministério do Comércio chinês disse que a compra do petróleo da Rússia está sendo usada como “pretexto” para restrições econômicas e comerciais.
 
Enquanto isso, a guerra continua. Drones ucranianos atingiram durante a noite do sábado (13/9) uma das maiores refinarias de petróleo da Rússia, provocando um incêndio, de acordo com autoridades russas e militares ucranianos.

  • O ataque à refinaria de Kirishi, na região de Leningrado, ocorre após semanas de ataques ucranianos à infraestrutura petrolífera russa, que Kiev alega alimentar o esforço de guerra de Moscou. 

Impacto no barril. O petróleo fechou em alta na segunda-feira (15/9), refletindo a escalada de conflitos globais, depois do ataque ucraniano à refinaria russa, além de declarações dos EUA sobre a compra do petróleo russo por outros países.

  • O Brent para novembro subiu 0,67% (US$ 0,45), a US$ 67,44 o barril. 

Resiliência das independentes. As petroleiras brasileiras independentes, como Prio e Brava,  estão bem posicionadas para enfrentar preços de petróleo mais adversos, na visão do analista do BTG Pactual, Luiz Carvalho, que participou do energy talks na segunda (15). Confira a entrevista

Petrobras na África. A estatal concluiu a aquisição de 27,5 % de participação no bloco 4, localizado em São Tomé e Príncipe. Com isso, a companhia passa a integrar o consórcio composto pela Shell, operadora do ativo (30%), além de Galp (27,5%) e ANP-STP (15%). 

Combate ao crime nos combustíveis. A ANP vai estabelecer critérios de complexidade mínima para autorizar a operação de refinarias. A decisão busca evitar a presença de grupos criminosos no mercado de combustíveis e foi tomada após a diretoria rejeitar um pedido da Votopetro.

Mercado de gás. A agenda regulatória da ANP precisa andar, para que a abertura do mercado de gás natural continue, defende o presidente-executivo da Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (ATGás), Rogério Manso.

  • O ponto mais controverso da agenda, hoje, gira em torno da regulamentação dos critérios técnicos de classificação de gasodutos de transporte

MP da tarifa social. Associações do setor elétrico estão divididas em meio às discussões sobre a votação da medida provisória 1300/2025, da tarifa social de energia elétrica, que precisa ser votada até quarta (17) para não perder a validade. O segmento de geração distribuída afirma que emendas ao texto concedem “poderes excessivos à Aneel”, gerando insegurança jurídica

  • Em carta conjunta enviada ao Congresso, um grupo de entidades pede que os parlamentares evitem a perpetuação e ampliação de subsídios e criticam as políticas atuais para a geração distribuída. O documento é assinado por Abrace Energia, Abeeólica, Abiape, Abradee, Abrage, Anace, Apine e Frente Nacional dos Consumidores de Energia. (veja em .pdf)
  • E tiveram resposta: em uma outra carta conjunta à Aneel, ABGD, Absolar, Inel e Movimento Solar Livre afirmaram que as entidades que enviaram a mensagem ao Congresso defendem “uma lógica ultrapassada de concentração de poder e recursos nas mãos de poucos”. (veja em .pdf)

Energia geotérmica. Como parte da estratégia para substituir combustíveis fósseis e alcançar emissões líquidas zero até 2070, a Índia lançou uma política nacional para desenvolver a energia geotérmica. Leia na diálogos da transição

Lula em Nova York. O presidente brasileiro participará, na próxima semana, de encontros para debater a democracia, questões climáticas e a busca por uma solução pacífica para a Palestina durante sua estadia em Nova York (EUA). 

  • Os eventos ocorrerão à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas. Como é de praxe, o presidente brasileiro fará o discurso de abertura no evento, no dia 23.

Desmatamento na Amazônia. Análise da série histórica do Mapbiomas aponta que entre os anos de 1985 e 2024, o bioma perdeu 52 milhões de hectares de área de vegetação nativa. Representa 13% do território ocupado pela Amazônia e é equivalente ao tamanho da França.

Newsletter comece seu dia

Inscreva-se e comece seu dia bem informado sobre tudo que envolve energia