NESTA EDIÇÃO. Guerra no Oriente Médio impacta importação de combustíveis no Brasil.
Decisão da Aneel sobre pagamentos pela rede de transmissão vai evitar alta de 0,36% nas tarifas de energia.
Deputado Arnaldo Jardim escreve sobre o aumento das misturas de biodiesel e etanol previsto para a próxima reunião do CNPE.
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Importadores de combustíveis têm cenário ruim à frente com o conflito entre Irã e Israel
A intensificação do conflito entre Irã e Israel completa uma semana nesta sexta-feira (20/6) com sinais negativos para os importadores de combustíveis no Brasil.
- Com a alta do barril de petróleo no mercado internacional, o produto vendido pela Petrobras passou a ser mais competitivo.
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula que o preço do litro do diesel vendido pela Petrobras estava R$ 0,55 abaixo das cotações internacionais, com espaço para um aumento de 17% na quarta-feira (18/6).
- Já a gasolina vendida pela estatal tinha uma defasagem de R$ 0,16, o que indica possibilidade de um reajuste de 6%.
- Ao definir o preço nas refinarias, a estatal não se baseia apenas na cotação do petróleo tipo Brent ou na paridade de exportação, mas também na evolução do câmbio e na participação do mercado, incluindo a posição em relação aos produtos concorrentes.
O cenário tende a piorar para os importadores com a volatilidade no mercado global.
- Na quinta-feira (19/6), o Brent fechou em alta de 2,8%, a US$ 78,85 o barril (Valor Econômico).
O produto importado já começa a chegar ao Brasil com preços mais altos.
A consultoria Argus calcula que cargas de diesel russo com entrega prevista para portos nas regiões Norte e Nordeste dentro de 15 a 45 dias registraram alta de R$ 0,23 por litro depois dos ataques de sexta-feira (13/6). Com isso, o produto já é negociado a R$ 3,40 por litro.
- No mercado a vista, as cargas de diesel importado para retirada imediata no Porto de Itaqui (MA) chegam a R$ 3,55 o litro, alta de R$ 0,28 em relação a quinta-feira (12/6).
- “Tanto as cargas negociadas no mercado internacional quanto a revenda de diesel e gasolina estocados nos portos brasileiros registraram uma alta significativa”, aponta o gerente de desenvolvimento de negócios da Argus, Amance Boutin.
Entretanto, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, indicou que não fará mudanças bruscas de preços e seguirá sua política de “movimentos graduais”, sem sucumbir a oscilações de curto prazo.
- “A gente não quer trazer para o Brasil a instabilidade e a volatilidade do sistema de precificação internacional”, disse a CEO a jornalistas na quarta (18/6).
- “A gente olha tendências, só faz movimento quando enxerga uma tendência”, acrescentou.
Impacto positivo nas tarifas de energia. A decisão da Aneel de encontrar um “meio-termo” nos valores que os consumidores devem pagar pelos custos da Rede Básica Sistema Existente (RBSE) vai evitar um aumento médio de 0,36% nas tarifas. A estimativa é da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace).
- Apesar da redução nos valores a serem recebidos pelas transmissoras, a expectativa das empresas é que a decisão ajude a dar mais previsibilidade para novos investimentos.
Bioenergia. O Brasil tem nos biocombustíveis e na bioeletrificação soluções prontas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e cumprir ambições climáticas. A bioenergia já corresponde a 50% dos recursos renováveis globais e que será preciso expandi-la 2,5 vezes até 2030 para que o mundo alcance emissões líquidas zero até 2050. Leia na diálogos da transição.
Opinião: Na próxima reunião, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) discutirá a ampliação da mistura do biodiesel, de 14 para 15%, e do etanol anidro à gasolina, de 27 para 30%. O aumento dos percentuais, aprovado na Lei do Combustível do futuro, da qual fui relator na Câmara dos Deputados, é a forma mais custo-efetiva de descarbonizar a matriz brasileira de transporte, escreve o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP).