NESTA EDIÇÃO. Os planos da Petrobras para contornar as dificuldades na Margem Equatorial.
PDE 2034 prevê R$ 3,2 trilhões em investimentos.
MGás autorizada a importar gás argentino.
Nova meta climática brasileira é mal recebida.
Os impactos da eleição nos EUA no mercado de hidrogênio.
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Impasses na Margem Equatorial e na contratação de termelétricas dificultam investimentos da Petrobras
Diante das dificuldades para avançar na exploração na Margem Equatorial, a Petrobras traça alternativas para a reposição das reservas com o declínio previsto para o pré-sal a partir da próxima década.
No Brasil, a companhia aposta no aumento de eficiência dos campos existentes. Como nova fronteira, a principal opção é a Bacia de Pelotas, no Sul.
- A estatal iniciou o cumprimento do programa exploratório mínimo em Pelotas com o levantamento sísmico nos blocos que arrematou na região na rodada mais recente da ANP.
- A previsão é de que a etapa de seleção de poços e de obtenção da licença ambiental para fazer a perfuração leve de um a dois anos, indicou a diretoria da empresa em coletiva de imprensa e conferência com analistas na sexta (08/11).
Outra opção para seguir com a reposição de reservas é ampliar a atuação internacional da estatal.
- A Petrobras tem um orçamento para investimentos internacionais de US$ 1,3 bilhão até 2028, com previsão de perfurar poços em São Tomé e Príncipe e na África do Sul.
- A Margem Atlântica da África é uma prioridade, dada a semelhança geológica com as bacias de Campos e Santos
- Também há previsão para investir em projetos na Argentina, Bolívia e Colômbia.
Outra área em que a companhia enfrenta obstáculos é na recontratação das usinas termelétricas do portfólio.
- A Petrobras tem um parque termelétrico de 4,9 GW, dos quais 2,9 GW terão os contratos encerrados nos próximos anos.
A estatal tinha a intenção de negociar os projetos no leilão de reserva de capacidade prometido pelo governo para este ano, que ainda não se concretizou – e deve ficar para 2025.
“Sem esse leilão, não conseguimos garantir a remuneração das nossas plantas. E, não garantindo a remuneração das plantas, temos dificuldade de manter os ativos”, disse o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Maurício Tolmasquim.
- Na teleconferência, o diretor disse ainda que, em paralelo, a Petrobras avança nas conversas para deixar o gás natural produzido pela estatal de fora das medidas para a desconcentração do mercado propostas no Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten).
Os próximos passos da Petrobras devem ser detalhados ainda este mês, com a divulgação do plano estratégico para o período 2024 a 2029, o primeiro elaborado sob a gestão de Magda Chambriard.
Planejamento. O total de investimentos previstos no Brasil até 2034 em energia elétrica, biocombustíveis, petróleo e gás natural é de R$ 3,2 trilhões, sendo 78% em petróleo e gás natural, de acordo com o caderno de consolidação dos resultados do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034). A oferta interna de energia deve crescer, em média, 2,2% ao ano. A geração de energia elétrica deve evoluir a uma taxa média de 3,3% ao ano, e ter uma oferta de 1.045,3 TWh em 2034.
Crimes no setor de combustíveis 1. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), defendeu que a ANP precisa priorizar o combate ao crime organizado no setor de combustíveis. O ministro disse que as críticas feitas por ele à atuação das agências têm sido distorcidas pela imprensa, além de afirmar ser um “defensor da regulação”.
Crimes no setor de combustíveis 2. Os crimes associados ao setor, em especial pelo envolvimento de facções criminosas, estariam concentrados na chamada “bomba branca”, segundo o Instituto Combustível Legal (ICL). Entenda a discussão.
Gás argentino. A MGás, do grupo J&F, fechou um acordo com a Total Austral para importar gás natural da Argentina, via Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. É a primeira autorização concedida pelo governo argentino para envio de gás local para o Brasil diretamente, sem o intermédio da Bolívia.
Opinião: Acesso e reinjeção foram temas endereçados pelo decreto presidencial fruto do Gás para Empregar. Contudo, o embate permanece. O último relatório da ANP relata que houve recorde no nível de reinjeção de gás. As perguntas em torno do assunto permanecem, escrevem o diretor de Relações Institucionais e Comunicação e o diretor de Gás Natural da Abrace Energia, Fernando Teixeirense e Adrianno Lorenzon.
Contratação de térmicas. O MME publicou, no início do mês, as diretrizes para a operação de termelétricas em condição diferenciada – uma espécie de contratação de potência existente, a partir da oferta de preços ao ONS. Na prática, a portaria amplia as ferramentas do operador no atendimento à demanda do sistema elétrico em momentos de pico. Leia a gas week para entender como vai funcionar o mecanismo.
Mercado livre de energia. A abertura do mercado livre de energia passou a exigir uma força comercial mais próxima aos clientes, segundo o diretor de comercialização da Engie, Gabriel Mann. O novo momento do mercado demandou adaptação dos grandes players do mercado para lidar com consumidores comerciais de menor porte.
Evolução da rede. A digitalização das redes elétricas vai trazer mudanças nos hábitos dos consumidores, que vão poder passar a acompanhar os preços em tempo real, na visão do vice-presidente de comercialização da Cemig, Dimas Costa. Os medidores mais modernos permitem fazer cortes ou religamentos de forma remota e também fornecem mais dados sobre a demanda. Assim, será possível entender a dinâmica dos preços e aproveitar a geração de energia mais barata.
Nova NDC é mal recebida. Às vésperas da COP29, o governo brasileiro anunciou que a nova contribuição nacionalmente determinada (NDC) para o cumprimento das metas do Acordo de Paris será reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa de 59% a 67% em 2035, em relação aos níveis de 2005. Os números, no entanto, foram criticados por ambientalistas, que afirmam que os limites não são suficientes para cumprir as metas climáticas do tratado.
Mercado de carbono. Após pressão do Consórcio Amazônia Legal, o governo Lula aceitou rever os termos de um acordo construído no Senado para colocar em votação o parecer do PL do mercado de carbono (182/2024), sob relatoria de Leila Barros (PDT/DF). Pesou contra o texto atual a objeção de governadores da região Norte, sobretudo de Helder Barbalho (MDB), do Pará.
Combustíveis sustentáveis. A chamada pública do BNDES e Finep para seleção de planos de negócios de biorrefinarias recebeu 76 propostas, com total de investimento potencial de R$ 167 bilhões. Do total de propostas recebidas, 43 são para produção de combustível sustentável de aviação (SAF), totalizando R$ 120 bilhões em investimentos.
Incentivos para hidrogênio no Brasil. A Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2) quer que os incentivos governamentais para produção de hidrogênio no Brasil priorizem projetos que ofereçam custos acessíveis ao consumidor final, independente da intensidade das emissões de carbono, considerando o limite de 7 kg de CO2 por H2 produzido, estabelecido por lei.
Trump e o hidrogênio nos EUA. Com a recente eleição do republicano Donald Trump para retornar à presidência dos Estados Unidos, o futuro dos incentivos fiscais para o hidrogênio, especialmente o verde, é motivo de grande desconfiança. E isso pode ser bom para o Brasil. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.