NESTA EDIÇÃO. Plano vai garantir oferta de derivados no mercado com interrupção das atividades na Refit, que atendia sobretudo baixada e norte fluminense.
Petrobras entrega ajustes ao Ibama em processo de licenciamento para perfuração na Bacia da Foz do Amazonas.
Redata vai multiplicar em quase quatro vezes a capacidade de processamento de dados no Brasil e pode atrair R$ 2 trilhões de investimentos.
União Europeia anuncia pacote para acelerar transição energética da África.
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Força-tarefa vai garantir abastecimento de combustíveis no RJ e SP com interdição da Refit
Produtoras, transportadoras e distribuidoras de combustíveis ativaram um plano de contingência para garantir o abastecimento de combustíveis nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo depois da interdição da Refinaria de Manguinhos (Refit), na sexta-feira (26/9), em um novo desdobramento das operações da Receita Federal contra crimes nesse mercado.
As duas principais ações previstas são o aumento da carga de processamento da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, e a mobilização de uma frota adicional de cerca de 200 caminhões por dia para transportar produtos a partir das refinarias de São Paulo.
- Além disso, uma sala de situação coordenada pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) monitora o fornecimento em tempo real para identificar gargalos, viabilizar a colaboração entre as empresas e facilitar a comunicação com as autoridades.
- A força-tarefa vai operar 24 horas para evitar impactos no fornecimento de gasolina, diesel e outros derivados.
Segundo o IBP, a unidade paralisada era responsável pelo suprimento de cerca de 20% do mercado de combustíveis do Rio de Janeiro e 10% de São Paulo, sobretudo de gasolina.
- A Refit atendia principalmente às regiões da Baixada Fluminense e do Norte Fluminense.
A interdição da refinaria ocorreu depois que uma fiscalização da ANP na quinta (25/9) identificou indícios de descumprimento das regras de cessão de espaço para distribuidoras de combustíveis, além da importação irregular de gasolina (designada como nafta ou condensado) e a não realização de atividades de refino.
- Na sexta (26), a Receita Federal também deflagrou a segunda fase da Operação Cadeia de Carbono, que reteve dois navios vindos do exterior com 91 milhões de litros de óleo diesel destinados ao Rio de Janeiro e a São Paulo. O objetivo foi investigar a simulação nas vendas dos produtos importados por meio de sucessivas emissões de notas fiscais.
- Na primeira etapa da operação, na semana anterior, a Receita havia apreendido outros dois navios com cargas destinadas à Refit.
Segundo o diretor-geral da ANP, Artur Watt, a interdição da refinaria só foi possível graças à integração com os Ministérios de Minas e Energia e Fazenda.
- Tudo começou com a Operação Carbono Oculto, liderada pelo Ministério Público de São Paulo, deflagrada no final de agosto, no que foi considerada a maior ofensiva do país até hoje contra a infiltração do crime organizado na economia formal.
- As investigações apontaram crimes em toda a cadeia do setor, incluindo a importação, adulteração de produtos e sonegação de impostos, além de ligações com o mercado financeiro.
- As medidas já têm impacto no aumento da fiscalização: na semana passada, a ANP passou a exigir que os pedidos de licença de importação de nafta sejam acompanhados de certificado de análise, de modo a evitar a importação de gasolina declarada como outros produtos.
Petróleo sobe. Os contratos futuros do Brent encerraram a sessão da sexta (26) com alta de 0,93%, a US$ 69,22 o barril.
- Investidores foram influenciados pelos contínuos ataques da Ucrânia em instalações petrolíferas da Rússia, que prolongam as tensões geopolíticas no Leste Europeu. As negociações também foram impulsionadas pelo dólar fraco no exterior. Na semana, o avanço do Brent foi de 5,32%.
Mais perto da licença na Margem Equatorial. A Petrobras entregou na noite de sexta (26) os ajustes solicitados pelo Ibama no processo de licenciamento ambiental para a primeira perfuração em águas profundas na Bacia da Foz do Amazonas.
- As alterações foram solicitadas pelo órgão ambiental ao aprovar a Avaliação Pré-Operacional realizada pela petroleira. Agora, a expectativa é de elaboração das condicionantes e liberação da licença para perfuração
Vale testa B50. A ANP autorizou a Vale a utilizar, em caráter experimental, diesel com adição de 30% a 50% de biodiesel (B30 a B50) em veículos que operam nas minas de Mariana (MG).
- A autorização é válida até fevereiro de 2027 e o volume mensal não pode exceder 240 mil litros.
Fertilizantes verdes. A Atlas Agro, empresa que desenvolve um projeto de hidrogênio verde para a produção de fertilizantes em Uberaba (MG), está propondo a criação de um fundo garantidor voltado a reduzir riscos financeiros e destravar investimentos no setor.
- A proposta mira a volatilidade do mercado internacional de fertilizantes, cujo preço é fortemente atrelado ao do gás natural.
Hidrogênio na frota. A norte-americana Plug Power e a brasileira GH2 Global firmaram recentemente uma parceria visando acelerar a adoção de hidrogênio em motores com células a combustível, substituindo diesel, baterias de chumbo-ácido, GNL e gás natural em frotas logísticas, empilhadeiras, e em aplicações industriais.
Amigos e rivais na corrida por energia. Data centers e plantas de hidrogênio verde já estão competindo pelo acesso à rede de transmissão, especialmente em regiões de grande geração eólica e solar, como o Nordeste. Mas o Brasil tem a chance de criar sinergias entre duas cadeias de valor globais. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.
Por falar em data centers… O regime especial de tributação para esse setor, o Redata, vai multiplicar em quase quatro vezes a capacidade de processamento de dados no Brasil e pode atrair R$ 2 trilhões de investimentos.
- Atualmente, o parque de data centers tem 800 megawatts, em projeções da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), número que pode chegar a 3 gigawatts.
Gás também está de olho. Oito emendas ao texto da MP do Redata, entre as 155 apresentadas, tentam colocar o gás no mapa do regime especial de tributação voltado para centros de dados interessados em se instalar no Brasil.
- A geração termelétrica ficou de fora das regras de habilitação do Redata, mas uma investida no Congresso busca incluir o gás natural na política para os data centers. Confira o levantamento da agência eixos sobre as emendas na MP 1318/2025 na gas week.
Leilão dos sistemas isolados. A concorrência para suprimento aos sistemas isolados contratou, na sexta (26), soluções híbridas, com a combinação de termelétricas a diesel, energia solar e baterias para os dois lotes ofertados nos estados do Amazonas e do Pará. Confira o resumo.
Transição justa. A PGR está elaborando uma proposta de contrato com obrigações mínimas e valores de referência para o arrendamento de terras destinadas a projetos de geração de energia solar.
- Segundo o procurador da República na Paraíba, José Godoy, o objetivo é garantir remuneração justa para proprietários de terras, especialmente no Nordeste, onde há grande número de ocorrências de contratos desequilibrados.
Opinião: Há associações que defendem um modelo de MMGD mais sustentável para todos, enquanto há aquelas a lutar para manter o status quo e atear fogo a qualquer iniciativa diferente de seus interesses, mesmo que seja a benefício da maioria de consumidores e respeitando direitos de prossumidores, escreve o conselheiro egresso da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Marco Delgado.
Renováveis na África. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um pacote de 545 milhões de euros para acelerar a transição energética da África.
- Segundo a União Europeia, a campanha aumenta a conscientização global e mobiliza investimentos públicos e privados para a geração e acesso à energia limpa no continente africano.
Atualização das NDCs. Mais de uma centena de países usaram a Cúpula do Clima do Secretário-Geral da ONU em Nova York, na semana passada, para apresentar planos e metas de descarbonização no horizonte até 2035, antecipando as discussões marcadas para a COP30 em Belém. Mas nem todos entregaram as NDCs formalmente ainda. Veja os detalhes na diálogos da transição.