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Fim da Eletrobras: agora Axia, companhia busca novo consumidor de energia

Ex-estatal troca de marca em meio ao novo momento do mercado livre de energia elétrica

O presidente da Axia Energia (antiga Eletrobras), Ivan de Souza Monteiro. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O presidente da Axia Energia (antiga Eletrobras), Ivan de Souza Monteiro. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

NESTA EDIÇÃO. Os motivos que levaram a Eletrobras a mudar de nome para Axia Energia
 
Petrobras pede para perfurar mais poços na Bacia da Foz do Amazonas, enquanto ambientalistas judicializam licença ambiental. 
 
A alta do preço do barril de petróleo, com as novas sanções contra a Rússia. 
 
Brasil e Indonésia assinam memorando para cooperação em energia e mineração. 


EDIÇÃO APRESENTADA POR

A ampliação do mercado livre e as novas exigências dos consumidores justificaram o fim da marca Eletrobras e a troca de nome para Axia Energia, detalharam executivos da empresa a jornalistas na quinta (23/10). 

  • “O consumidor brasileiro, primeiro das grandes empresas, depois das médias, depois do pequeno comércio, até chegar na pessoa física, vai ter o poder de escolher o seu fornecedor de energia. E será escolhido aquele que for competitivo, aquele que prover um serviço correto e um um serviço pós-venda correto. É com esse objetivo que a gente traz a mudança do nome da marca: para se comunicar com esse novo mercado”, disse o CEO, Ivan Monteiro
  • A expectativa é que a empresa passe a ser percebida não apenas como uma fornecedora de infraestrutura, mas também uma provedora de soluções, destacou a diretora de comunicação, Leandra Peres. 

O fim da marca estatal, que remonta à década de 1960, evidencia o papel central da comercialização na estratégia de agora em diante, além da nova dimensão da empresa, reduzida em relação à era em que era controlada pela União. 

  • Segundo Monteiro, de olho no mercado livre, a Axia assinou memorandos de entendimento com empresas interessadas no fornecimento de energia renovável para data centers, produção de hidrogênio verde e de aço verde, além de parcerias com marcas mais próximas de clientes varejistas, como a Tim e o Banco do Brasil
  • Hoje restrita a clientes de média e alta tensão, a opção de escolher o supridor de para todos os consumidores é um dos temas da Medida Provisória 1304/2025, em tramitação no Congresso Nacional, com validade até 7 de novembro
  • A proposta prevê o início da abertura do mercado em março de 2027, com disponibilidade para todos os demais consumidores um ano depois. 
  • A discussão estava na MP 1300/2025, da nova tarifa social, mas por falta de tempo acabou sendo adiada

A expectativa da Axia é que a demanda brasileira por energia volte a crescer, por isso a companhia tem apostado na ampliação dos investimentos. 

  • Ao todo, a empresa prevê investir quase R$ 10 bilhões este ano, ante a média de cerca de R$ 3 bilhões que investia antes da privatização: “É uma empresa que está crescendo, que precisa de muito funding [financiamento], mas esse funding tem que ser competitivo”, disse Monteiro. 
  • A maior parte do investimento vai ser direcionado para os ativos existentes, mas também há apetite por novos projetos: “Se o retorno for adequado, vocês verão uma forte presença da Axia nos leilões, sejam nos já anunciados, sejam naqueles para os quais a gente está se preparando, como os leilões de capacidade e de baterias”, afirmou o CEO. 

Privatizada em 2022, no governo de Jair Bolsonaro, a antiga Eletrobras já vinha se reposicionando no mercado com a venda de ativos, que culminou na venda da participação da Eletronuclear para a Âmbar Energia, da J&F, num acordo anunciado na semana passada

  • Além de deixar a geração nuclear, a companhia também concluiu este mês o desinvestimento na última termelétrica a gás natural, a Usina Termelétrica de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, também comprada pela Âmbar. 
  • Com um porte muito menor do que já teve um dia, a Axia nasce, assim, com um portfólio 100% renovável, com 81 usinas, sendo 47 hídricas, 33 eólicas e uma solar. Responde por 17% da capacidade de geração nacional e 37% do total de linhas de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN). 


Fusões e aquisições. A Thopen comprou 45 usinas solares fotovoltaicas da Matrix Energia por R$ 556 milhões, anunciaram as empresas na quinta (23/10). Com a aquisição, a companhia adiciona 120 MWp de capacidade instalada e se aproxima da meta de 1 GWp. 

  • Já a Matrix vê quer acelerar investimentos em outras áreas, como sistemas de armazenamento de energia (BESS) e mobilidade elétrica urbana.  

Mais poços na Margem Equatorial. A Petrobras pediu ao Ibama para perfurar outros três poços no bloco FZA-M-49, na Bacia da Foz do Amazonas. Além do poço Morpho, pede a inclusão dos poços Manga, Maracujá e Marolo, na licença concedida esta semana. 

Enquanto isso, a ofensiva contra.  Oito organizações de ambientalistas, indígenas, quilombolas e pescadores artesanais entraram na quarta-feira (22) com uma ação civil pública (ACP) na Justiça Federal do Pará contra o Ibama, a Petrobras e a União, pedindo anulação do licenciamento para a perfuração na Bacia da Foz do Amazonas.

Ainda sobre a Foz. O gerente executivo de Programas Estruturantes da Petrobras, Wagner Victer, disse na quinta (23/10) que não houve “vencedores e vencidos” no licenciamento da perfuração dos primeiros poços da Bacia Foz do Amazonas.

  • Durante o diálogos da transição 2025, Victer destacou que o debate sobre transição energética precisa considerar que não há contradição entre a descarbonização e a coexistência com o desenvolvimento de novas fronteiras exploratórias de óleo e gás. 

Sem impacto na COP. O presidente designado da COP30, André Corrêa do Lago, refutou eventual impacto da licença para explorar petróleo na Foz do Amazonas sobre as negociações climáticas em Belém. “Eu não acho que tenha que ser considerado como algo que mude coisas na COP”, disse a jornalistas. 

Ampliação da produção de gás. A nova plataforma P-91, em Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, terá capacidade para exportar entre 6 milhões e 7 milhões de m³/dia para a costa

  • A unidade terá capacidade para produzir 180 mil barris/dia de petróleo e 12 milhões de m³/dia de gás – mas parte dos volumes será reinjetada ou tratada na unidade. 

Petróleo dispara. O petróleo fechou em alta superior a 5% na quinta (23) após a União Europeia (UE) e os Estados Unidos ampliarem restrições à compra de petróleo russo, em busca de alcançar o cessar-fogo na Ucrânia. 

  • Washington sancionou as duas maiores petrolíferas da Rússia, o que, segundo analistas, retoma esperanças de déficit na oferta em 2026.
  • O Brent para dezembro avançou 5,43% (US$ 3,40), a US$ 65,99 o barril.

Royalties para pagar dívida. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou o projeto de lei que libera o uso de recursos dos royalties e participações especiais de petróleo, destinados atualmente ao Rioprevidência, para o pagamento da dívida com a União até o fim de 2026..

  • Para este ano, a parcela da dívida com a União será de R$ 4,9 bilhões.  

Petrobras insiste em mandato. A presidente da petroleira, Magda Chambriard, disse em evento da CNT na quinta (23/10), que a companhia pretende retomar, no início do ano que vem, a discussão junto ao governo e Congresso sobre uma política pública para o seu diesel coprocessado com óleos vegetais.

Biocombustíveis rumo a Belém. Dois caminhões e dois ônibus vão percorrer um trajeto de aproximadamente 4 mil km entre Passo Fundo (RS) e Belém (PA) com o objetivo de demonstrar as vantagens ambientais de substituir o diesel fóssil por biocombustíveis. O projeto, chamado Rota Sustentável, foi idealizado por uma parceria entre a fabricante de biocombustíveis Be8 e a Mercedes-Benz.

Alta do etanol nos EUA. A produção média do biocombustível nos Estados Unidos foi de 1,112 milhão de barris/dia na semana encerrada na sexta-feira passada (17). O volume representa alta de 3,54% ante o registrado na semana anterior. 

Cooperação com a Indonésia. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), assinou, nesta quinta-feira (23/10), um memorando de entendimento com o governo da Indonésia para fortalecer a cooperação bilateral nos setores de energia e mineração. 

  • O acordo inclui petróleo e gás, energias renováveis, eficiência energética, modernização de redes elétricas e sustentabilidade mineral

Desafios na mitigação de emissões. Relatório Política Climática por Inteiro recém publicado pelo o Instituto Talanoa aponta que o Brasil irá à COP30, em novembro, com um caminho “quase” definido para mitigar suas emissões e um “enorme desafio de implementação”.

  • De acordo com o relatório, de 41 áreas de políticas públicas relacionadas ao clima, o país avançou no ano passado em 21, avançou pouco em 15, não avançou em 3, e retrocedeu em 2. Leia na diálogos da transição. 

A diversificação de fontes energéticas e a integração entre elas precisam ser eixos importantes da transição energética, defendeu o presidente do Conselho Empresarial de Energia Elétrica da Firjan, Antonio Carlos Vilela, durante o lançamento da Jornada Firjan pela Transição Energética na Indústria (.pdf), no diálogos da transição 2025.
 
Opinião: Progeo pode alçar o Brasil a patamares disruptivos em energias renováveis, escrevem o geofísico sênior da Petrobras, Paulo Henrique Gulelmo Souza, e os professores titulares da UFRJ Suzana Borschiver e Alexandre Szklo.

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