NESTA EDIÇÃO. Petrobras analisa propostas para serviços de manutenção nas fábricas de fertilizantes do Nordeste.
Ministério de Minas e Energia habilita empresa para participar do projeto Poço Transparente, de avaliação do uso de fraturamento hidráulico.
ONS pode recomendar retorno do horário de verão para reduzir déficit de potência.
Entidades pressionam por aprovação do novo marco do licenciamento ambiental.
EDIÇÃO APRESENTADA POR
Fábricas de fertilizantes da Bahia e Sergipe próximas de voltar a produzir
A Petrobras está avançando no processo de retomada da produção de fertilizantes no Nordeste.
Paradas há cerca de dois anos, as fábricas de fertilizantes na Bahia e em Sergipe devem voltar a operar até novembro, após manutenção.
- A estatal iniciou a análise das propostas recebidas para os serviços com a conclusão na sexta-feira (4/7) do recebimento das cotações. Confira a lista das ofertas.
O retorno da estatal ao segmento de fertilizantes foi uma das promessas de campanha do presidente Lula (PT).
- O tema é considerado prioritário dada a dependência do agronegócio brasileiro de fertilizantes importados. Hoje, o país importa praticamente todos os fertilizantes nitrogenados que consome.
- A Petrobras estima que pode suprir metade da demanda nacional de uréia.
No caso das unidades do Nordeste, o retorno ocorre depois de um longo processo de devolução das fafens que haviam sido arrendadas à Unigel no governo de Jair Bolsonaro.
- Em 2019, as companhias fecharam um contrato de arrendamento com duração de dez anos, mas a crise desencadeada pela guerra na Ucrânia e a alta no preço do gás natural a partir de 2022 tornou as operações deficitárias.
- A Unigel interrompeu as atividades e entrou em recuperação extrajudicial, processo que foi encerrado no começo deste ano.
- Durante as discussões para a continuidade das atividades, as companhias chegaram a fechar em 2023 um acordo de industrialização por encomenda (tollling), no qual a Petrobras forneceria gás natural à Unigel, que continuaria responsável pela operação das plantas. Em troca, a estatal ficaria com a comercialização dos produtos.
- O acordo foi encerrado antes mesmo de começar, depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou falhas de governança e inconsistências nos cálculos do contrato.
Em paralelo, a Petrobras também está conduzindo as licitações para a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), no Mato Grosso do Sul. A expectativa é de início das operações em 2026.
A retomada nos fertilizantes inclui ainda o retorno da fábrica da Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná.
- A unidade voltou a operar parcialmente em junho, quando a estatal concluiu os primeiros testes de produção de Arla 32.
Venda da Braskem. A Petroquímica Verde, veículo de investimentos de Nelson Tanure, pediu ao Cade autorização para uma potencial transação envolvendo as ações da petroquímica, segundo comunicado da Novonor.
- A Novonor é acionista controladora da empresa e está em recuperação judicial. A operação depende de aval de credores e da Petrobras, que tem participação minoritária na Braskem.
Fracking. O Ministério de Minas e Energia (MME) habilitou a Cemes Petróleo para participar do projeto Poço Transparente, voltado à avaliação do uso de fraturamento hidráulico na exploração de gás natural não convencional. A qualificação é apenas o primeiro passo e não autoriza o início de operações.
- A liberação do fraturamento hidráulico é uma bandeira defendida pelo ministro Alexandre Silveira (PSD).
Preço do barril. Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta na terça-feira (8/7), um reflexo das tensões geopolíticas e do adiamento da implementação das tarifas “recíprocas” dos Estados Unidos para 1º de agosto.
- O Brent para setembro avançou 0,81% (US$ 0,57), a US$ 70,15 o barril.
- O cenário geopolítico também levou o Departamento de Energia dos Estados Unidos a elevar a previsão para o preço do Brent este ano, de US$ 66 para US$ 69. Para 2026, as projeções tiveram uma leve redução, saindo de US$ 59 para US$ 58.
Queda na venda. O volume de combustíveis vendidos no Brasil caiu 1,7% na passagem de abril para maio, o que ajudou a manter o comércio varejista no negativo. O setor já tinha encolhido nos dois meses anteriores, março (-1%) e abril (-1,6%), impactado pelo fechamento de postos na região Sudeste.
Distribuição de combustíveis. A Delta Energia vai entrar no segmento por meio da Thero, braço do grupo. A companhia será instalada em Cuiabá (MT) e atenderá consumidores finais nos ramos de transportador-revendedor-retalhista (TRR), distribuidoras e redes de postos de bandeira branca.
- A empresa tem seis tanques e espera uma movimentação mensal entre 20 milhões e 25 milhões de litros por mês.
Crise nas agências. Após os cortes orçamentários nas agências reguladoras, senadores prometeram pautar projetos de lei para dar autonomia administrativa às autarquias e evitar novos contingenciamentos. Entre eles, o PL 73/2025, que altera a Lei de Responsabilidade Fiscal, e o PL 1374/2025, que blinda as agências da possibilidade de cortes de gastos.
- Os projetos estão parados há três meses na Mesa Diretora do Senado Federal.
Crise preocupa setor de hidrogênio. Para Fernanda Delgado, CEO da Abihv, a redução de recursos afeta diretamente a capacidade de atuação de órgãos como ANP, Aneel e EPE, fundamentais para o desenvolvimento regulatório e técnico do setor.
- Com potencial de movimentar cerca de R$ 188 bilhões em investimentos no Brasil nos próximos anos, a indústria de hidrogênio verde está em compasso de espera, enquanto o governo trabalha na regulamentação de marcos legais aprovados em 2024, analisa a advogada Maria João Rolim, em entrevista ao estúdio eixos.
Relação entre governo e Congresso. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reforçou que o governo Lula terá que tomar providências, negociadas com o Congresso Nacional, para não encarecer a conta de luz em decorrência da derrubada do veto presidencial aos itens acrescentados no projeto de lei das eólicas offshore.
- “Quando pedimos para sentar e negociar, não é afronta contra Congresso Nacional”, disse Haddad, enfatizando que é preciso “sentar para resolver o problema”.
Enquanto isso, reforma do setor parada. O presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério (PL/RO), afirmou que há um “esforço por caducidade” da Medida Provisória (MP 1300/2025), da reforma do setor e ampliação da tarifa social.
- O texto foi publicado em 21 de maio de 2025, mas ainda não há instalação da Comissão Mista para a avaliação.
Compartilhamento de postes. A Comissão de Infraestrutura do Senado aprovou o projeto de lei que estabelece regras para o compartilhamento de postes entre distribuidoras de energia e empresas de telefonia (PL 3220/2019). A proposta teve relatoria assinada pelo senador Esperidião Amin (PP/SC) e segue para a Comissão de Constituição de Justiça.
Horário de verão de volta? O ONS está preocupado com o atendimento da ponta de consumo de energia elétrica no país, segundo o diretor de Planejamento, Alexandre Zucarato. Ele aponta que é possível que este ano seja recomendado ao governo o uso do horário de verão para obter pelo menos mais 2 GW de reforço.
Quase um quarto da matriz. A micro e minigeração distribuída vai responder por 23,9% da matriz elétrica brasileira em dezembro de 2029, estimou o ONS no Plano da Operação Energética do horizonte 2025-2029, divulgado na terça (8/7).
- Em dezembro de 2024, a MMGD gerava 15,1% da energia da matriz elétrica brasileira, o equivalente a 35,1 GW. A previsão é que em 2029 a modalidade chegue a 64,1 GW.
Opinião: Como um primeiro leilão tecnologicamente neutro e focado em armazenamento, ou seja, soluções de absorção de excedente de energia limpa e barata somada à alta flexibilidade de resposta rápida, várias das complexidades da atual discussão do leilão de capacidade de térmicas/hídricas tradicionais poderiam ser superadas, escreve o diretor de Regulação e Inovação da Serena, Bernardo Bezerra.
Mais fósseis nos EUA. Autoridades federais dos Estados Unidos deram na segunda (7/7) o primeiro passo para reabrir áreas de terras públicas em dois estados para novas atividades de carvão, como parte do esforço do governo de Donald Trump para expandir a produção de combustíveis fósseis no país.
Parceiros em renováveis. Durante a visita do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o presidente Lula (PT) disse que os países “podem ser os motores de um novo modelo de desenvolvimento baseado em energias limpas”. E ressaltou a parceria em biocombustíveis.
Novas rotas para SAF. O desenvolvimento do mercado de combustíveis sustentáveis de aviação no Brasil passa pelo aproveitamento de diferentes matérias-primas e pela regulamentação do sistema “book and claim”, analisa Amanda Gondim, coordenadora da RBQAV, em entrevista ao estúdio eixos.
Licenciamento ambiental. Entidades do setor produtivo ligadas ao agronegócio, energia, indústria e mineração lançaram um manifesto em apoio ao projeto da Lei Geral do Licenciamento Ambiental (PL 2159/2021), aumentando a pressão para que a Câmara dos Deputados aprove o marco antes do recesso parlamentar — ou seja, até a próxima semana.