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EUA recuam em tarifas e preço do petróleo volta a subir

Volatilidade no preço do barril é intensa em meio à guerra comercial

Anúncio do presidente Donald Trump sobre tarifas automotivas, no Salão Oval, em 26 de março de 2025 (Foto Oficial Casa Branca)
Anúncio do presidente Donald Trump sobre tarifas automotivas, no Salão Oval, em 26 de março de 2025 (Foto Oficial Casa Branca)

NESTA EDIÇÃO. Trump suspende tarifas e interrompe queda do preço do barril de petróleo.
 
Contratação emergencial de termelétricas por meio do regime diferenciado vai ser necessária em 2025, acredita Eneva.
 
Custo da infraestrutura inviabiliza o leilão de gás natural da União e vai ser negociado, diz PPSA. 
 
Pesquisa da KPMG aponta que riscos regulatórios e de políticas públicas dificultam investimentos em transição energética.
 
 Egito e a França vão produzir hidrogênio e amônia no Mar Vermelho. 


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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou da decisão de adotar tarifas imediatas para importações e levou a uma intensa volatilidade nos mercados na quarta-feira (09/4), com reflexos sobre os preços do barril de petróleo

  • Trump vai adotar uma pausa de 90 dias nas taxas anunciadas na semana passada e reduzir a cobrança para 10%, após mais de 75 países terem procurado os EUA para negociação. 
  • A suspensão, no entanto, não é válida para a China, que teve a tarifa aumentada para 125% após adotar uma taxa de retaliação. 

Com o anúncio dos EUA, o preço do barril de petróleo interrompeu a queda e voltou a subir

  • O Brent para junho avançou 4,23% (US$ 2,66) e encerrou a quarta-feira a US$ 65,48 o barril.
  • Ao longo do dia, os contratos chegaram a cair abaixo dos US$ 60 o barril, com os preços da commodity atingindo os níveis mais baixos em mais de quatro anos.

A queda do preço do petróleo com a escalada da guerra comercial está ligada aos receios de recessão e redução da demanda por combustíveis, sobretudo no mercado chinês.

Leia também: Produção de óleo e gás nos EUA vai sentir impactos das tarifas de Trump

Apesar da recuperação nas cotações, a expectativa é que o mercado de petróleo continue volátil

  • “Ainda há muitas preocupações envolvendo um escalonamento do conflito entre Estados Unidos e China”, explica a analista da StoneX, Isabela Garcia. 

Em tempo: a Petrobras vai manter os atuais projetos, mesmo com as alterações nos preços do barril 

  • A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, lembrou que todos os projetos da companhia são de longo prazo e são resilientes ao preço de até US$ 28 o barril.
  • O cenário também está gerando uma pressão para que a estatal reduza preços de combustíveis. Mas a presidente da estatal, Magda Chambriard, já indicou que não deve fazer alterações enquanto o cenário for de turbulência. (Reuters)


Efeitos colaterais. O novo contexto de preço do barril de petróleo  pode criar uma oportunidade para negociar aspectos que dificultam o comércio de gás natural entre Brasil e Argentina e, assim, dar condições mais vantajosas para a importação nos próximos anos, concluíram agentes envolvidos nas conversas em ambos os lados da fronteira.

  • Empresas que atuam na produção de gás natural no país vizinho e na comercialização no Brasil entendem que os custos de transporte internos na Argentina podem ser revistos, assim como o preço mínimo de venda estipulado pelo governo argentino e os impostos. 

Bacia da Foz do Amazonas. O Ibama recebeu a comunicação formal da Petrobras sobre a conclusão das obras do Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna de Oiapoque (AP). O órgão informou que a solicitação seguirá para avaliação dentro dos trâmites previstos no processo de licenciamento ambiental. A data para a vistoria técnica na base ainda será definida.

Consulta a comunidades. Representantes de povos indígenas pediram ao governo que ouça as comunidades antes de decidir sobre projetos de exploração energética que afetem os seus territórios. Eles fizeram a reivindicação em audiência da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados.

Fábricas de fertilizantes. A  Federação Única dos Petroleiros (FUP) acredita que a  Fábrica de Fertilizantes de Araucária (Fafen-PR), no Paraná, poderá voltar a operar até o início de junho, após dois anos de paralisação. A entidade se reuniu esta semana com o diretor de Processos Industriais da Petrobras, William França, para dar continuidade às negociações sobre o efetivo e as condições operacionais da fábrica.

Termelétricas. A contratação emergencial de usinas por meio do regime diferenciado vai ser necessária em 2025, acredita o CEO da Eneva, Lino Cançado. Por conta do adiamento do leilão de reserva de capacidade, o executivo entende que o poder público precisará providenciar potência ao sistema.

  • O executivo defendeu que a competitividade do leilão de potência pode ser rediscutida, com melhor calibragem dos mecanismos de precificação, sobretudo após a revisão do custo variável unitário (CVU) máximo dos empreendimentos. 

Preço do gás. A queda nos custos do gás natural no Brasil vai ocorrer conforme os agentes desenvolverem novas alternativas de projetos e de investimentos na infraestrutura, acredita o CEO da PetroReconcavo, José Firmo. 

  • Na visão dele, o desenvolvimento do mercado cria uma espiral positiva de queda nos custos e desenvolvimento de projetos.  

Leilão de gás inviabilizado. Os atuais custos de acesso às infraestruturas do Sistema Integrado de Escoamento (SIE) e de Produção (SIP) — operados pela Petrobras — inviabilizam o leilão de gás natural da União, afirmou a diretora técnica da PPSA, Tabita Loureiro.

  • A PPSA abriu negociações com a Petrobras, para reduzir os custos de acesso. Se as conversas não avançarem, a mediação da ANP ou do Comitê de Monitoramento do Setor de Gás Natural (CMSGN) será um caminho inevitável. 

Ainda sobre o custo da infraestrutura. O debate sobre a regulação da remuneração do  SIE não faz sentido, pois os gasodutos que interligam as Rotas 1, 2 e 3 do pré-sal não foram concebidos como ativos abertos a terceiros, defende o gerente de Comercialização de Gás da Repsol Sinopec Brasil, Andrés Sannazzaro.

  • O executivo rebateu críticas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), de que os altos custos de acesso às infraestruturas essenciais do gás impedem a entrada de mais agentes no mercado.

Necessidade de diálogo. Também em resposta às falas do ministro, o CEO da Shell Energy, Rodrigo Soares, defendeu que a negociação é fundamental para que entidades tenham convergência sobre a remuneração da infraestrutura de gás natural.

Opinião: O principal problema dos preços não está na presença quixotesca de “oligopólios privados”, mas sim dos preços injustificados de escoamento e processamento do gás natural praticados pela Petrobras; e esse problema antecede diferentes governos, inclusive a atual, escreve o especialista em energia e sócio fundador da Costa Rodrigues Advogados, Alexandre B. Calmon.

Biometano. Há um longo caminho regulatório a ser percorrido para colocar de pé o mandato do biometano criado pela lei do Combustível do Futuro. E o prazo, até janeiro de 2026, é curto. Entenda melhor as discussões sobre a agenda regulatória após a publicação da lei com a diálogos da transição.

Investimentos na transição. Os riscos regulatórios e de políticas públicas são as principais barreiras dos investidores para a transição energética, segundo 36% dos entrevistados de uma pesquisa da KPMG que entrevistou 50 executivos de 11 setores no Brasil.

  • Os investidores operacionais, por sua vez, consideram o fator mais decisivo para investimento a independência ou segurança energética (37%), o impacto social (33%), os custos da energia (33%) e a pressão das partes envolvidas (33%).

Hidrogênio verde no Mar Vermelho. O Egito e a França fecharam um acordo no valor de 7 bilhões de euros para a construção de uma usina de produção de hidrogênio e amônia verde na região de Ras Shoukair, no Mar Vermelho, no Egito. O contrato foi assinado por representantes da Autoridade dos Portos do Mar Vermelho, da Autoridade de Energia Nova e Renovável do Egito (NREA), da empresa egípcia Zero Waste e da francesa EDF Renewables.
 
PDE 2034. O MME aprovou o Plano Nacional de Expansão de Energia, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com as perspectivas da expansão do setor para os próximos 10 anos. O documento final ainda será publicado, mas os estudos podem ser consultados no site da EPE. Os documentos estão estruturados em cadernos, por eixos temáticos
 
IA com carvão nos EUA. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma série de medidas, que segundo ele, visam expandir a mineração e o uso de carvão nos EUA para acelerar o boom de data centers. Grandes consumidores de energia, esses centros de dados podem reavivar a decadente indústria de combustíveis fósseis dos EUA. (Bloomberg)

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