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EUA recuam em tarifas e preço do petróleo volta a subir

Volatilidade no preço do barril é intensa em meio à guerra comercial

EUA recuam em tarifas e preço do petróleo volta a subir

NESTA EDIÇÃO. Trump suspende tarifas e interrompe queda do preço do barril de petróleo.
 
Contratação emergencial de termelétricas por meio do regime diferenciado vai ser necessária em 2025, acredita Eneva.
 
Custo da infraestrutura inviabiliza o leilão de gás natural da União e vai ser negociado, diz PPSA. 
 
Pesquisa da KPMG aponta que riscos regulatórios e de políticas públicas dificultam investimentos em transição energética.
 
 Egito e a França vão produzir hidrogênio e amônia no Mar Vermelho. 


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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou da decisão de adotar tarifas imediatas para importações e levou a uma intensa volatilidade nos mercados na quarta-feira (09/4), com reflexos sobre os preços do barril de petróleo

  • Trump vai adotar uma pausa de 90 dias nas taxas anunciadas na semana passada e reduzir a cobrança para 10%, após mais de 75 países terem procurado os EUA para negociação. 
  • A suspensão, no entanto, não é válida para a China, que teve a tarifa aumentada para 125% após adotar uma taxa de retaliação. 

Com o anúncio dos EUA, o preço do barril de petróleo interrompeu a queda e voltou a subir

  • O Brent para junho avançou 4,23% (US$ 2,66) e encerrou a quarta-feira a US$ 65,48 o barril.
  • Ao longo do dia, os contratos chegaram a cair abaixo dos US$ 60 o barril, com os preços da commodity atingindo os níveis mais baixos em mais de quatro anos.

A queda do preço do petróleo com a escalada da guerra comercial está ligada aos receios de recessão e redução da demanda por combustíveis, sobretudo no mercado chinês.

Leia também: Produção de óleo e gás nos EUA vai sentir impactos das tarifas de Trump

Apesar da recuperação nas cotações, a expectativa é que o mercado de petróleo continue volátil

  • “Ainda há muitas preocupações envolvendo um escalonamento do conflito entre Estados Unidos e China”, explica a analista da StoneX, Isabela Garcia. 

Em tempo: a Petrobras vai manter os atuais projetos, mesmo com as alterações nos preços do barril 

  • A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, lembrou que todos os projetos da companhia são de longo prazo e são resilientes ao preço de até US$ 28 o barril.
  • O cenário também está gerando uma pressão para que a estatal reduza preços de combustíveis. Mas a presidente da estatal, Magda Chambriard, já indicou que não deve fazer alterações enquanto o cenário for de turbulência. (Reuters)


Efeitos colaterais. O novo contexto de preço do barril de petróleo  pode criar uma oportunidade para negociar aspectos que dificultam o comércio de gás natural entre Brasil e Argentina e, assim, dar condições mais vantajosas para a importação nos próximos anos, concluíram agentes envolvidos nas conversas em ambos os lados da fronteira.

  • Empresas que atuam na produção de gás natural no país vizinho e na comercialização no Brasil entendem que os custos de transporte internos na Argentina podem ser revistos, assim como o preço mínimo de venda estipulado pelo governo argentino e os impostos. 

Bacia da Foz do Amazonas. O Ibama recebeu a comunicação formal da Petrobras sobre a conclusão das obras do Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna de Oiapoque (AP). O órgão informou que a solicitação seguirá para avaliação dentro dos trâmites previstos no processo de licenciamento ambiental. A data para a vistoria técnica na base ainda será definida.

Consulta a comunidades. Representantes de povos indígenas pediram ao governo que ouça as comunidades antes de decidir sobre projetos de exploração energética que afetem os seus territórios. Eles fizeram a reivindicação em audiência da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados.

Fábricas de fertilizantes. A  Federação Única dos Petroleiros (FUP) acredita que a  Fábrica de Fertilizantes de Araucária (Fafen-PR), no Paraná, poderá voltar a operar até o início de junho, após dois anos de paralisação. A entidade se reuniu esta semana com o diretor de Processos Industriais da Petrobras, William França, para dar continuidade às negociações sobre o efetivo e as condições operacionais da fábrica.

Termelétricas. A contratação emergencial de usinas por meio do regime diferenciado vai ser necessária em 2025, acredita o CEO da Eneva, Lino Cançado. Por conta do adiamento do leilão de reserva de capacidade, o executivo entende que o poder público precisará providenciar potência ao sistema.

  • O executivo defendeu que a competitividade do leilão de potência pode ser rediscutida, com melhor calibragem dos mecanismos de precificação, sobretudo após a revisão do custo variável unitário (CVU) máximo dos empreendimentos. 

Preço do gás. A queda nos custos do gás natural no Brasil vai ocorrer conforme os agentes desenvolverem novas alternativas de projetos e de investimentos na infraestrutura, acredita o CEO da PetroReconcavo, José Firmo. 

  • Na visão dele, o desenvolvimento do mercado cria uma espiral positiva de queda nos custos e desenvolvimento de projetos.  

Leilão de gás inviabilizado. Os atuais custos de acesso às infraestruturas do Sistema Integrado de Escoamento (SIE) e de Produção (SIP) — operados pela Petrobras — inviabilizam o leilão de gás natural da União, afirmou a diretora técnica da PPSA, Tabita Loureiro.

  • A PPSA abriu negociações com a Petrobras, para reduzir os custos de acesso. Se as conversas não avançarem, a mediação da ANP ou do Comitê de Monitoramento do Setor de Gás Natural (CMSGN) será um caminho inevitável. 

Ainda sobre o custo da infraestrutura. O debate sobre a regulação da remuneração do  SIE não faz sentido, pois os gasodutos que interligam as Rotas 1, 2 e 3 do pré-sal não foram concebidos como ativos abertos a terceiros, defende o gerente de Comercialização de Gás da Repsol Sinopec Brasil, Andrés Sannazzaro.

  • O executivo rebateu críticas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), de que os altos custos de acesso às infraestruturas essenciais do gás impedem a entrada de mais agentes no mercado.

Necessidade de diálogo. Também em resposta às falas do ministro, o CEO da Shell Energy, Rodrigo Soares, defendeu que a negociação é fundamental para que entidades tenham convergência sobre a remuneração da infraestrutura de gás natural.

Opinião: O principal problema dos preços não está na presença quixotesca de “oligopólios privados”, mas sim dos preços injustificados de escoamento e processamento do gás natural praticados pela Petrobras; e esse problema antecede diferentes governos, inclusive a atual, escreve o especialista em energia e sócio fundador da Costa Rodrigues Advogados, Alexandre B. Calmon.

Biometano. Há um longo caminho regulatório a ser percorrido para colocar de pé o mandato do biometano criado pela lei do Combustível do Futuro. E o prazo, até janeiro de 2026, é curto. Entenda melhor as discussões sobre a agenda regulatória após a publicação da lei com a diálogos da transição.

Investimentos na transição. Os riscos regulatórios e de políticas públicas são as principais barreiras dos investidores para a transição energética, segundo 36% dos entrevistados de uma pesquisa da KPMG que entrevistou 50 executivos de 11 setores no Brasil.

  • Os investidores operacionais, por sua vez, consideram o fator mais decisivo para investimento a independência ou segurança energética (37%), o impacto social (33%), os custos da energia (33%) e a pressão das partes envolvidas (33%).

Hidrogênio verde no Mar Vermelho. O Egito e a França fecharam um acordo no valor de 7 bilhões de euros para a construção de uma usina de produção de hidrogênio e amônia verde na região de Ras Shoukair, no Mar Vermelho, no Egito. O contrato foi assinado por representantes da Autoridade dos Portos do Mar Vermelho, da Autoridade de Energia Nova e Renovável do Egito (NREA), da empresa egípcia Zero Waste e da francesa EDF Renewables.
 
PDE 2034. O MME aprovou o Plano Nacional de Expansão de Energia, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com as perspectivas da expansão do setor para os próximos 10 anos. O documento final ainda será publicado, mas os estudos podem ser consultados no site da EPE. Os documentos estão estruturados em cadernos, por eixos temáticos
 
IA com carvão nos EUA. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma série de medidas, que segundo ele, visam expandir a mineração e o uso de carvão nos EUA para acelerar o boom de data centers. Grandes consumidores de energia, esses centros de dados podem reavivar a decadente indústria de combustíveis fósseis dos EUA. (Bloomberg)

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