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EUA apertam o cerca contra óleo russo e miram na Índia

Taxa contra países que compram petróleo da Rússia pode chegar a 100%

Donald Trump durante reunião bilateral com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, no Salão Oval da Casa Branca, em 13 de fevereiro de 2025 (Foto Oficial Casa Branca)
Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, durante reunião bilateral com Donald Trump, em 13 de fevereiro de 2025 (Foto Oficial Casa Branca)

NESTA EDIÇÃO. Trump justifica novas taxas contra a Índia na compra de petróleo russo; Brasil pode voltar à mira dos EUA pela compra de derivados da Rússia. 

YPF compra participação da TotalEnergies em blocos em Vaca Muerta

Brasil vai acompanhar União Europeia na queda do custo de baterias até 2050.


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Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira (06/8) tarifas adicionais de 25% sobre produtos da Índia, sob o argumento da compra de petróleo russo pelos indianos. 

  • O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaça impor taxas de 100% contra países que compram petróleo da Rússia caso o conflito na Ucrânia não chegue a um cessar-fogo até o final desta semana. 
  • A Índia reagiu: Nova Délhi disse por nota que as importações seguem a lógica de mercado e asseguram a segurança energética.
  • O cenário levou o preço do petróleo a encerrar o dia em queda. O Brent para outubro teve baixa de 1,11% (US$ 0,75), a US$ 66,89 o barril.

Ainda não está claro se a decisão será uma ação isolada contra a Índia ou se de fato Trump vai sobretaxar outros países que também compram da Rússia — caso da China, por exemplo. 

O vice-presidente de análise do mercado de commodities da Rystad Energy, Mariano Alonso, aponta que as tarifas secundárias sobre o óleo russo podem levar a uma “nova diplomacia do petróleo”, com a formação de alianças no mercado internacional. 

  • Mas a consultoria ressalta que as taxas somente terão algum efeito sobre a guerra se forem aplicadas também à China — o que é improvável dado que já há uma negociação comercial em curso dos estadunidenses com o país asiático. 
  • Além disso, Alonso lembra que a Índia tem um espaço limitado para substituir o óleo russo, devido às características do petróleo que é processado nas refinarias indianas. 

O cenário gera temores sobre eventuais tarifas adicionais para o Brasil — que já sofre com as taxas de 50% anunciadas no mês passado. 

O Brasil pode voltar à mira dos EUA, já que compra derivados de petróleo russos.

  • Dados de desembaraço da ANP de junho mostram que o Brasil importou 632 toneladas de derivados da Rússia, sobretudo diesel e metanol
  • Metade desse volume chegou ao país por portos no Norte e Nordeste — regiões com capacidade menor de refino nacional — com destaque para terminais em Fortaleza (CE), Belém (PA), Manaus (AM), Salvador (BA) e Maceió (AL). 
  • Parte das entregas também ocorreu pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). 

Em paralelo, surge também um novo espaço para colaboração: o presidente Lula (PT) disse que vai conversar sobre as taxações dos EUA com os representantes dos países que integram o Brics, incluindo o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente da China, Xi Jinping.



Enquanto isso, guerra continua. Um ataque russo danificou uma estação de bombeamento de gás natural na região de Odessa, no sul da Ucrânia, utilizada para o recebimento de GNL via rota sul-europeia. A infraestrutura é considerada estratégica para os preparativos do país para o período de inverno.
 
Estoques menores. Os estoques de petróleo nos Estados Unidos caíram 3,029 milhões de barris, a 423,662 milhões de barris na semana passada, informou o Departamento de Energia. O resultado contrariou a previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que projetavam alta de 100 mil.
 
Vaca Muerta. A estatal argentina YPF fechou um acordo para comprar a participação de 45% da TotalEnergies nos blocos terrestres não convencionais de Rincon La Ceniza e La Escalonada, localizados na formação de Vaca Muerta, na Bacia de Neuquén. As áreas estão na fase piloto de desenvolvimento. O valor do negócio, segundo a francesa, é de US$ 500 milhões.

Cautela no transporte de gás. O Conselho de Usuários (CdU) prega cautela na aprovação de novos investimentos na malha de gasodutos e defende segurar projetos que ainda não estejam suficientemente maduros. Esse foi um dos assuntos debatidos no 2º episódio do videocast gas week, com Sylvie D’Apote, presidente do Conselho de Usuários; e Adrianno Lorenzon, vice-presidente do CdU. Assista na íntegra.

Orçamento das agências. A diretora da ANP Symone Araújo afirmou que o orçamento do órgão para 2026 está com um referencial menor do que o aprovado em 2025 e destacou a necessidade de encontrar novas formas de financiar a fiscalização.
 
Sonegação de ICMS. A Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz/SP) emitiu mais de R$ 210 milhões em autos de infração para cobrar o ICMS devido por duas distribuidoras de combustíveis.

  • Os clientes dessas empresas passam a ser citados nos autos de infração como devedores solidários e poderão responder a processos de execução fiscal. 

Queda na exportação de etanol. Os Estados Unidos exportaram 173,7 milhões de galões (657,46 milhões de litros) de etanol em junho, queda de 6% ante maio, informou a Associação de Combustíveis Renováveis. As exportações para a União Europeia diminuíram 36%, para 20,3 milhões de galões (76,84 milhões de litros).

Baterias no Brasil acompanham Europa. O investimento para a instalação de um sistema de armazenamento em baterias no Brasil vai cair 16% nos próximos 25 anos, estima a Aurora Energy Research. O patamar é similar ao previsto para a União Europeia, onde o capex necessário para esses projetos deve ter uma redução de 17% no mesmo período.

  • A queda global nos custos faz com que investidores em energias renováveis no Brasil olhem para as baterias como a próxima vertical para crescimento no país, sobretudo em meio às discussões da reforma do setor elétrico, que deve alterar os incentivos para essas fontes.

Opinião: O Brasil pode ser referência global em confiabilidade e sustentabilidade digital — desde que tenha coragem e disposição institucional para reorganizar seu modelo energético e assumir a convergência entre energia e dados como eixo central do seu projeto nacional, escreve o diretor Institucional e Regulatório da Energisa Distribuição de Gás (EDG), Paulo Homem.

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