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Etanol produzido nos EUA vai poder emitir créditos no RenovaBio

Entretanto, competitividade do biocombustível importado é limitada

Demanda global por biocombustíveis deve aumentar 22% nos próximos anos, aponta IEA. Na imagem: planta de etanol nos EUA (Foto: Divulgação/UWGP)
Brasil, Canadá, Estados Unidos, Indonésia e Índia representam 80% da expansão total de uso de biocombustíveis (Foto: Divulgação/UWGP)

NESTA EDIÇÃO. Produtor de etanol dos EUA é o primeiro habilitado para emitir CBIOs a partir da importação. 
 
MPTCU pede investigação sobre favorecimento de empresas em atraso no leilão de potência.
 
Apesar do reconhecimento no Plano Clima, falta integração entre políticas setoriais para o hidrogênio, apontam associações. 
 
Senado aprova criação da Frente Parlamentar em Defesa das Terras Raras Brasileiras.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) habilitou o primeiro produtor de etanol dos Estados Unidos para emitir créditos de descarbonização (CBIOs) do programa RenovaBio.

  • A autorização é uma resposta ao pedido da importadora Copersucar para certificação do etanol anidro produzido a partir de milho pela Plymouth Energy LLC, em Iowa (EUA). 

Apesar do uso do biocombustível estrangeiro ser permitido nas regras do programa, este foi o primeiro pedido de certificação de importadores recebido pela agência. 

  • O processo estava em curso desde janeiro.  

A participação de produtores dos EUA no programa de descarbonização brasileiro tende a ser limitada, dado que os biocombustíveis importados têm uma pegada de carbono maior do que os nacionais e acabam sendo menos competitivos na emissão de CBIOs. 

Este é mais um capítulo na guerra tarifária de Donald Trump contra o Brasil. Em abril, na época em que anunciou as primeiras tarifas — ainda 10% para os produtos brasileiros — um relatório do governo estadunidense apontou o RenovaBio como uma barreira comercial

Outra crítica são as próprias taxas sobre o biocombustível importado. O Brasil aplica uma alíquota de 18% para os parceiros comerciais fora do Mercosul, o que alcança os EUA.

  • Quando Trump aumentou as taxas contra produtos brasileiros para 50%, a partir de agosto, o etanol foi incluído na lista de produtos sujeitos à tarifa.  

A indústria brasileira vê nos biocombustíveis um dos caminhos com potencial aproximação entre EUA e Brasil nas discussões sobre o tarifaço.   

Vale lembrar: a demanda no Brasil está crescendo, impulsionada sobretudo pelo aumento da mistura obrigatória à gasolina, que passou a ser de 30% este mês

  • Depois de um recorde de demanda com 35,9 bilhões de litros de etanol consumidos em 2024, o consumo deve seguir elevado este ano e no próximo. 
  • A projeção é de um novo recorde no consumo de etanol em 2026, com 37,3 bilhões de litros, segundo dados da EPE divulgados na quinta (21/8). 

Em tempo, tudo indica que as tarifas dos EUA terão impacto menor que o esperado na economia brasileira. No caso do consumo de diesel, por exemplo, os efeitos serão pequenos, indicam as projeções da EPE. 

  • O relatório bimestral da estatal mostra que as perspectivas econômicas internas favoráveis e a adoção do Plano Brasil Soberano devem ajudar a manter o consumo nacional do combustível em níveis altos este ano. 


Armazenamento de carbono. A ANP também aprovou o pedido da produtora de etanol de milho FS para aquisição de dados geocientíficos no poço 2-FSAS-1-MT, na Bacia do Parecis.

  • O objetivo é avaliar a viabilidade de estocagem de carbono na bacia para o projeto de BECCS (bioenergia com captura e armazenamento de carbono) na usina de etanol em Lucas do Rio Verde. 

Soja, etanol e macaúba. Mesmo diante da revisão de incentivos fiscais nos Estados Unidos, que trouxe incertezas ao setor global de renováveis, Brasil e América Latina devem seguir firmes na atração de investimentos em combustíveis sustentáveis, impulsionados pela disponibilidade de insumos. A avaliação é do diretor sênior comercial para América Latina da Honeywell, Willian Luvazio, em entrevista à agência eixos.

Hidrogênio no Plano Clima. A estratégia do Brasil para o hidrogênio de baixo carbono indicada no Plano Clima foi recebida de forma positiva pelo setor, que vê avanços no reconhecimento da importância do energético na transição. No entanto, é preciso melhorar a integração de políticas setoriais e desenvolvimento de infraestrutura, avaliam associações.

Risco climático. Uma auditoria do TCU apontou uma “lacuna estrutural” na governança ambiental e gestão de riscos com a incipiente integração entre a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).

Investigação sobre leilão de potência. O subprocurador-geral do MPTCU pediu que o tribunal investigue se o atraso no leilão de reserva de capacidade (LRCAP) está ligado ao interesse de empresas que não podem participar da contratação pois ainda têm contratos vigentes. Segundo ele, há “indícios preocupantes” do favorecimento de empresas.

Ainda sobre segurança do suprimento. O MME abriu uma consulta pública sobre as diretrizes para a transparência das decisões do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) no despacho de geração para garantia de suprimento energético.

Produção nacional de baterias. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), teve uma reunião na quinta (21/8) com representantes da fabricante chinesa de bateriasContemporary Amperex Technology Limited (CATL). A companhia detém 39% do mercado mundial de baterias para veículos elétricos e 37% no segmento de armazenamento.

  • Segundo o ministério, o encontro tratou de possíveis parcerias para ampliar a produção nacional de baterias e incentivar a mobilidade elétrica no país.  

Mineração em terra indígena. A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aprovou um projeto que regulamenta a pesquisa e o garimpo em terras indígenas, autorizando a pesquisa e a garimpagem por terceiros, desde que haja consentimento das comunidades afetadas.

Frente das terras raras. O Plenário do Senado aprovou a criação da Frente Parlamentar em Defesa das Terras Raras Brasileiras. Proposta pelo senador Nelsinho Trad (PSD/MS), a frente promete promover debate estratégico sobre a exploração das terras raras no Brasil e fortalecimento da soberania nacional.

Opinião: Enquanto o petróleo travava guerras a céu aberto, as terras raras silenciam indústrias inteiras, moldando dependências invisíveis. Prosperar nesse novo tabuleiro exige o enfrentamento direto das contradições, escreve o consultor, especialista em gestão e professor do MBA de ESG e Sustentabilidade da FGV, Jaques Paes.

Regulação. A PEC das Agências Reguladoras fere mortalmente a própria concepção das autarquias, que são órgãos de estado. A avaliação é de David Zylbersztajn, consultor, professor e primeiro diretor-geral da ANP. 

  • Zylbersztajn participou na quarta-feira (20/8) do energy talks #16, que debate sobre a aprovação dos nomes de Artur Watt e Pietro Mendes para a direção da ANP. Veja aqui a íntegra do programa.

Alta do petróleo. O Brent para outubro avançou 1,24% (US$ 0,83), a US$ 67,67 o barril. A alta dos contratos foi apoiada pela forte queda nos estoques da commodity nos EUA na semana passada.

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