NESTA EDIÇÃO. Finalizar Angra 3 é mais vantajoso que abandonar obra, conclui BNDES.
Congresso Nacional terá reunião de líderes para definir o modelo para a tramitação das medidas provisórias do setor elétrico.
Mais uma chinesa estreia na geração renovável no Brasil
Polícia Civil do Piauí faz operação contra crimes em combustíveis.
Entrada de brasileiras no E&P argentino é tendência.
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Estudo mostra que concluir Angra 3 é vantajoso e decisão sobre o destino da usina volta ao CNPE
Depois de mais um ano de indefinição, BNDES e a Eletronuclear concluíram na atualização da modelagem econômico-financeira da usina nuclear de Angra 3 que o custo para finalizar o projeto será de R$ 23,9 bilhões e segue sendo mais vantajoso do que abandonar as obras
- Os valores, no entanto, estão muito próximos: o custo do abandono é estimado entre R$ 21,9 bilhões e R$ 25,97 bilhões, sem contribuição para o suprimento de energia nacional, segundo o estudo finalizado na terça (4/11).
As conclusões serão enviadas ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que havia determinado a atualização do estudo na reunião de outubro. A expectativa é de uma decisão do conselho sobre o destino do projeto ainda este ano.
- O tema chegou a entrar na pauta das três últimas reuniões do Conselho, com apoio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), à conclusão do projeto, mas a decisão vem sendo adiada por pedidos de vista.
Na prática, a atualização do estudo reiterou as conclusões do levantamento feito em 2024.
Caso as obras sejam retomadas, a expectativa é de início da operação comercial em 2033, com uma tarifa de equilíbrio entre R$ 778 e R$ 817 por MWh, inferior ao custo médio da de outras termelétricas no país. Se concluído, o projeto terá potência de 1,4 GW.
- Segundo a Eletronuclear, há possibilidade de redução adicional do custo, a partir de variáveis como o deságio na contratação do EPCista, melhores condições de crédito nas emissões de dívida e incentivos tributários.
- No momento, tramita na Câmara dos Deputados o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares (Renuclear). Também há uma discussão em curso para incentivos estaduais.
Desta vez, no entanto, as discussões sobre a usina brasileira passam a levar em consideração a entrada de um sócio privado.
- Em outubro, a Âmbar Energia, do grupo J&F, comprou a fatia de 68% na Eletronuclear que pertencia à antiga Eletrobras.
- Na época, o ministro de Minas e Energia disse que não há correlação direta entre a venda e a finalização da obra.
A entrada do novo sócio deve dar um novo fôlego à Eletronuclear, que sofre com dificuldades financeiras.
- A companhia desembolsou cerca de R$ 1 bilhão por ano apenas para manter as obras, que foram paralisadas, mas já atingiram 66% de execução.
- A empresa recebeu um aporte de R$ 3,5 bilhões depois da reestruturação societária em 2022 decorrente da privatização da Eletrobras e da criação da ENBPar. Esse valor, no entanto, foi esgotado em setembro de 2024 e, desde então, a companhia está usando recursos de receitas de Angra 1 e 2 para manter as obrigações do empreendimento.
A construção da terceira usina nuclear brasileira se arrasta há cinco décadas e já consumiu cerca de R$ 12 bilhões.
Gás e nuclear para data centers. O senador Laércio Oliveira (PP/SE) defendeu o uso de fontes alternativas de energia para os data centers. No caso da medida provisória 1307, das Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), ele sugere acrescentar à redação as fontes nucleares e termelétricas a gás natural, novas ou existentes.
Por falar nas MPs… O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB), vai reunir os líderes para definir o modelo para a tramitação das medidas provisórias 1307 (das ZPEs) e 1318 (do Redata).
- As duas medidas ainda aguardam a instalação da comissão mista e indicação do presidente e relator.
Data centers de olho também nas baterias… O setor de data centers avalia que o leilão de baterias prometido pelo MME pode ser um avanço para viabilizar o uso de fontes renováveis intermitentes na operação dessas instalações.
- Outra expectativa é que a regulamentação sobre o que será considerado “energia limpa e renovável” no Redata traga segurança jurídica para novos investimentos.
…e em busca de Redata estadual. Empresas do setor também articulam junto ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) um regime tributário especial nos estados. O objetivo é conseguir benefícios fiscais sobre o ICMS.
Vetos na reforma do setor. O senador Eduardo Braga (MDB/AM), relator da medida provisória da reforma do setor elétrico (1304/2025), defendeu vetos presidenciais na versão final do texto. Braga afirmou que “se alguns vetos forem postos à medida” o “trem volta para o trilho” e o setor terá mais segurança jurídica.
Verificador Independente na distribuição. O MME abriu uma consulta pública sobre a criação de um Verificador Independente de concessões e permissões de distribuição de energia elétrica. O intuito é modernizar a governança e a gestão das concessões, auxiliando na aferição de indicadores de desempenho e na qualidade dos serviços.
- A discussão ocorre num momento de renovação dos contratos das distribuidoras.
Recuo na demanda. Na quinta queda anual registrada em 2025, o consumo de eletricidade no Brasil ficou em 46.063 gigawatts-hora (GWh) em setembro, o que corresponde a um recuo de 0,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a EPE.
Enquanto isso, extrativistas sem energia. Mapeamento do Iema divulgado nesta quarta (5/11) mostra que mais de 84 mil estabelecimentos extrativistas estão sem acesso algum à energia elétrica na Amazônia Legal. Em números absolutos, o Pará, sede da COP30, tem a maior quantidade de desconectados: cerca de 28,5 mil.
Disputa. Dois movimentos recentes apoiados por governos e parlamentares do Nordeste, voltados a incentivar empreendimentos de geração renovável na região, vêm provocando forte reação entre consumidores e autoprodutores de energia elétrica.
- Os agentes afirmam que as iniciativas podem elevar tarifas, criar distorções no mercado e desestimular investimentos, segundo os agentes. Já os governos e parlamentares defendem as medidas como instrumentos de estímulo ao desenvolvimento regional e à expansão das renováveis.
Mais uma chinesa nas renováveis. A CEEC Brasil, empresa do grupo China Energy, firmou um acordo para a aquisição de usinas fotovoltaicas na Paraíba, por R$ 520 milhões. Os ativos foram comprados da FIP Coremas, controlada pela Nordic Power Partners, e marcaram a entrada da CEEC no mercado brasileiro de energia.
Mobilidade elétrica. A NeoCharge fechou um contrato com a Axia Energia (ex-Eletrobras) para instalar carregadores de alta potência para a frota elétrica da companhia e fornecer equipamentos para os escritórios da empresa e subestações.
Fundo para eletrificação. A parceria entre Ministério das Cidades, Bloomberg Philanthropies, BTG Pactual Asset Management, Mitigation Action Facility e WRI Brasil lançou um fundo de 80 milhões de euros para financiar a compra de ônibus elétricos e instalação de infraestrutura de recarga em todo o país.
Biocombustíveis na COP. A caravana da Be8 com a Mercedes-Benz para testar um novo biocombustível chegou a Belém na quarta (5/11), carregando cerca de 1,7 mil cestas básicas para a Associação da Ação da Cidadania Contra a Fome. O resultado do teste de emissões será divulgado no dia 11, na Green Zone.
- Dois caminhões e dois ônibus partiram de Passo Fundo (RS) no dia 10 de outubro e cruzaram o país em um teste de emissões do biocombustível que usa biodiesel como matéria-prima.
Recesso branco. Os presidentes da Câmara e do Senado planejam participar dos eventos em Belém (PA) relacionados à COP30. Na volta, a expectativa é de sessão conjunta do Congresso para apreciar vetos do presidente Lula.
- Estão na fila as térmicas a gás, resultado de um acordo costurado pelo próprio senador na votação dos vetos do PL das eólicas offshore.
Revisão tarifária no gás. A ANP pretende fatiar a discussão da revisão tarifária das transportadoras de gás natural, a começar pelo debate sobre a nova metodologia do WACC, usado como taxa de remuneração do capital das empresas do setor.
Discussão sobre gasodutos de distribuição. O presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Alse), Marcelo Santos (União), pretende enviar ao Executivo uma minuta de projeto de lei para reforçar a competência do estado sobre a regulação dos gasodutos de distribuição.
Combate a crimes nos combustíveis. A Polícia Civil do Piauí realizou uma operação, na quarta (5/11), para desarticular a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis do estado. A ação foi batizada como Operação Carbono Oculto 86.
Frente de combate também no Congresso. O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, defendeu em audiência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado na terça (4), que o Brasil não pode abrir mão das repercussões penais previstas no projeto de lei de tipificação do devedor contumaz.
Preço do barril. O petróleo fechou em queda na quarta (5/11), após aumento nos estoques da commodity nos EUA e persistência de preocupações sobre um possível excesso de oferta.
- O Brent para janeiro recuou 1,43% (US$ 0,92), a US$ 63,52 o barril.
Preço do etanol. O biocombustível foi mais competitivo em relação à gasolina em quatro estados e no Distrito Federal na semana entre os dias 26 a 31 de outubro. Na média dos postos pesquisados no país, o etanol tinha paridade de 69,21% ante a gasolina, portanto favorável em comparação com o derivado do petróleo.
Brasileiros no E&P argentino… A entrada de empresas brasileiras na exploração e produção de gás natural na Argentina será uma tendência nos próximos anos, à medida que a integração dos mercados avance.
- Este é o tema do episódio desta semana do videocast gas week, que traz a visão do argentino Fernando Montero e do brasileiro Antonio Marques de Oliveira Neto, sócios-fundadores da Energyum. Assista na íntegra.
… E americana no Suriname. Ao adquirir participações em dois blocos offshore em águas rasas, concedidos na rodada de licitações Pós-costas rasas 2 do Suriname, a Chevron ampliou sua presença no país.
Opinião: O Brasil não deve se limitar a fornecer energia bruta, mas sim posicionar-se como fornecedor de soluções energéticas completas — como fertilizantes verdes, combustíveis sintéticos e aço limpo — que aproveitem o hidrogênio como vetor de inovação e reindustrialização sustentável, escreve Ceres Cavalcanti, pesquisadora da área de Transição Energética do Ineep.

