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Eólicas offshore entram na pauta do Senado após tentativa fracassada do governo de retirar jabutis

Relatório do PL foi aprovado na Comissão de Infraestrutura e está na pauta do plenário de quarta (11/12)

Weverton Rocha durante audiência da Comissão de Infraestrutura do Senado, em 10/12/2024 (Foto Geraldo Magela/Agência Senado)
Senador Weverton (PDT/MA) na Comissão de Infraestrutura para debater o PL 675/2021 | Foto Geraldo Magela/Agência Senado

NESTA EDIÇÃO. Após tentativa derrotada do governo, PL das eólicas offshore vai ao plenário do Senado. 

Relatório da reforma tributária desonera MMGD, mas mantém IS sobre gás.

CNPE adia decisão sobre Angra 3 e fixa metas para uso de resíduos em biocombustíveis.

Os destaques da última reunião da Aneel em 2024. 

Petrobras defende PL do conteúdo local, que avança na Câmara. 

SEAP somente será viável com mercado para gás, diz Magda Chambriard. 


EDIÇÃO APRESENTADA POR

A votação do projeto de lei da geração eólica offshore foi pautada para o plenário do Senado desta quarta-feira (11/12), após a tentativa sem sucesso do governo federal de retirar as emendas alheias ao tema principal do texto

Na terça (10/12), a Comissão de Infraestrutura aprovou por 14 votos a 3 o relatório do senador Weverton Rocha (PDT/MA), que manteve as emendas acrescentadas durante a tramitação na Câmara, com benefícios para usinas termelétricas a carvão e gás natural

  • A votação na Comissão ocorreu de forma nominal, a pedido do governo, mas mesmo assim fracassou a tentativa de retirar os “jabutis” do texto.

O projeto permite que as usinas a carvão mineral nacional no Sul sejam recontratadas em contratos de reserva de capacidade. Também prevê mecanismos para viabilizar a térmicas a gás em regiões sem acesso à molécula.

  • Geradores do Nordeste ainda vêem uma brecha, já que o texto está sendo modificado, para incluir usinas na região.

O governo ainda pode tentar retirar o projeto da pauta. Em caso de aprovação no Congresso, há possibilidade ainda de veto pelo presidente Lula. 

Entretanto, a pressão do mercado pela aprovação do marco legal para as eólicas offshore é crescente. Os estudos das áreas para desenvolver os empreendimentos seguem em compasso de espera, devido à demora na aprovação da lei.



Reforma tributária beneficia geração distribuída. O Senado também se prepara para votar, na quarta-feira (11/12), o relatório sobre o PLP 68/2024, que regulamenta a reforma tributária. Uma das emendas incluídas pelo senador Eduardo Braga (MDB/AM) no relatório desonera os consumidores que geram a própria energia no modelo de mini e microgeração distribuída. 

Mas mantém IS sobre gás. O relatório da reforma tributária manteve o gás natural na lista de bens sujeitos ao Imposto Seletivo. A exceção para o gás ocorre no uso como matéria-prima, a exemplo da fabricação de fertilizantes nitrogenados.

Monofasia no etanol. Em meio às discussões da reforma, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) saíram em defesa da monofasia na cobrança de impostos federais no elo da produção do etanol hidratado.

Distribuidoras longe da meta. Distribuidoras de combustíveis aposentaram, até 9 de dezembro, cerca de 28 milhões de Créditos de Descarbonização (CBIOs), o que corresponde a 60,5% do total das metas individuais estabelecidas para 2024 na política do RenovaBio (46,3 milhões de títulos), de acordo com a ANP. O prazo para aposentadoria encerra em 31 de dezembro.

Opinião: Brasil terá oportunidade de alinhar-se às melhores práticas internacionais na gestão de resíduos, promovendo não apenas a redução de emissões de gases de efeito estufa, mas também o desenvolvimento econômico e tecnológico, escreve o presidente Executivo da Abren, Yuri Schmitke.

Futuro de Angra 3 ainda incerto. A decisão sobre o destino da usina nuclear ficou para janeiro de 2025. Durante a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de terça (10/12), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a pautar a continuidade das obras e conclusão da usina de Angra dos Reis (RJ), orientando pela aprovação. A pauta, no entanto, foi objeto de um pedido de vistas coletivo.

Ainda sobre o CNPE. Também foi aprovada a resolução que fixa metas mínimas de uso de óleos e gorduras residuais na produção de biodiesel, diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF). Foram discutidos ainda a inclusão de novos blocos exploratórios na oferta permanente, entre outros temas. Confira o que foi aprovado na reunião do CNPE:

Na última reunião de diretoria do ano, a Aneel liberou a entrada em operação da linha de transmissão que liga a capital do Acre, Rio Branco, às cidades de Cruzeiro do Sul e Feijó. A medida gera uma economia de R$ 380 milhões por ano em óleo diesel utilizado na geração local, que é custeado pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), paga por todos os consumidores de energia elétrica do país. O processo estava empatado, por conta da vacância da quinta cadeira da diretoria.

R$ 40,6 bilhões é o custo projetado para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para 2025. A Aneel aprovou uma consulta pública para colher contribuições para discutir o assunto. O encargo custeia os subsídios destinados a políticas públicas e é pago por todos os consumidores de energia elétrica do Brasil. Houve um crescimento de R$ 3,4 bilhões em relação ao total destinado em 2024, que foi de R$ 37,16 bilhões.

Tarifa de Itaipu. Mais um tema definido pela Aneel na terça, a tarifa de repasse de potência contratada de 2024 da usina binacional será mantida até 31 de março de 2025, a US$ 17,66/kW. Para evitar impactos na conta de luz e manter o valor anterior repassado aos consumidores brasileiros, o conselho de administração de Itaipu aprovou uma compensação financeira de até US$ 293,8 milhões no próximo ano.

Discussões sobre baterias avançam. Foi aprovada também a segunda fase da consulta pública sobre sistemas de armazenamento de energia, o que inclui baterias e usinas hidrelétricas reversíveis. A intenção da Aneel de regulamentar o tema em 2025 coincide com os planos do MME, de realizar leilão específico para baterias, também no ano que vem.

Em busca de uma solução para o curtailment. A agência também aprovou a terceira etapa da consulta pública que debate medidas para resolver os cortes de geração. A área técnica concordou com contribuições recebidas em consulta pública, no sentido de alocar as fontes em blocos, com hierarquia para cortes.

Atendimento da ponta da carga. Eneva, Petrobras e Energia Pecém apresentaram ofertas ao ONS para despacharem termelétricas em condições mais flexíveis para atendimento ao pico da demanda. O operador passou a contar, desde sábado (7/12), com sete usinas (a maioria delas a gás natural) dentro do novo modelo de operação em condição diferenciada.

Mudanças no conteúdo local. A aprovação do PL 3337/2024 pode viabilizar projetos de revitalização de áreas maduras e investimentos em novas plataformas na Bacia de Campos, de acordo com a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi. O projeto de lei que altera as regras de conteúdo local teve o parecer apresentado na Câmara dos Deputados na terça pelo relator Kiko Celeguim (PT/SP).

Viabilidade de SEAP. O projeto de Sergipe Águas Profundas somente será viável se tiver mercado para o gás natural, segundo a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Sergipe é a principal nova fronteira de produção de gás do país. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem ampliado a pressão por medidas de desconcentração no mercado de gás, o “gas release”, com medidas que afetam a estatal. 

  • Chambriard reafirmou também o compromisso de que a empresa fará encomendas aos fornecedores brasileiros. 

Conselho da Petrobras. Desembargadores do Tribunal Regional Federal da 3ª Região rejeitaram por unanimidade a tese que haveria um conflito de interesse inerente a atuação de Pietro Medes como secretário de petróleo e gás do MME e presidente do conselho da estatal.

  • Ele está há quase dois anos no cargo e, na semana passada, o governo federal e a Petrobras iniciaram os trâmites para sua substituição. O ministro de Minas e Energia deseja indicar o secretário para a diretoria da ANP.

Coluna do Gauto: De remos e velas ao petróleo e “bunker”, a história da navegação revela os desafios e oportunidades na busca por combustíveis mais sustentáveis, escreve o analista de Inteligência de Mercado da Petrobras, Marcelo Gauto