NESTA EDIÇÃO. Em meio a discussões sobre a transição para longe dos fósseis, demanda global segue robusta e América do Sul assume papel estratégico no suprimento de óleo e gás.
Petrobras terá projeto de captura e armazenamento de carbono na Bahia.
China suspende medidas de controle de exportação sobre a cadeia de terras raras e minerais críticos.
EDF Power Solutions inaugura planta piloto de hidrogênio verde em Macaé.
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Enquanto debate fim dos fósseis, América do Sul será crucial para atender demanda global de óleo e gás
Em meio às discussões que ganham os holofotes esta semana na COP30, em Belém (PA), sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis, no curto prazo a demanda segue robusta. E, nesse contexto, a América do Sul vai ser crucial para entregar petróleo e gás a preços competitivos para atender ao consumo global, segundo a Rystad Energy.
- A consultoria calcula que a demanda mundial vai atingir o pico apenas no começo da próxima década, em cerca de 107 milhões de barris/dia, e que vai começar a declinar somente em 2050.
Brasil, Guiana, Suriname e Argentina vão ser responsáveis pelas maiores expansões no suprimento de petróleo e gás natural fora da Opep pelo menos até 2030.
- Apenas este ano, a América do Sul vai acrescentar 560 mil barris/dia ao suprimento global de petróleo bruto e condensado, volume que no próximo ano deve chegar a 750 mil barris/dia.
E vem o alerta: caso não ocorram novas descobertas, na próxima década o mercado corre o risco de ver a demanda superar o crescimento da produção e de viver um cenário de inflação global, ambiente fértil para a ampliação da pobreza energética.
- O ritmo de expansão das reservas na região vem caindo: na Guiana, por exemplo, o volume de descobertas no último ano caiu ao menor nível desde 2017.
- O Brasil também vem tendo dificuldades em viabilizar a exploração em áreas de novas fronteiras.
É neste contexto que nasce a mensagem que o governo brasileiro quer levar à COP: o presidente Lula (PT) defendeu na sexta (6), durante o discurso de abertura da Cúpula de Líderes, que parte dos lucros do setor de petróleo devem ser direcionados para a transição energética.
- A conferência do clima começa oficialmente hoje (10). No evento de aquecimento, o presidente mencionou, inclusive, a possibilidade de criação de um fundo para viabilizar essa transferência de recursos.
- É o mesmo discurso que vem dando a tônica da defesa da exploração da região da Margem Equatorial, que avançou com a liberação do Ibama em outubro para a Petrobras perfurar um poço na Bacia da Foz do Amazonas, na costa do Amapá. A perfuração está em curso e a expectativa é de um resultado apenas no próximo ano.
Leia mais sobre a estratégia do Brasil na diálogos da transição: Um pouco de óleo, um pouco de agro na agenda do Brasil para a COP30
Vale lembrar que a América do Sul tem sido bem sucedida em atrair os recursos da indústria: em 2024, o investimento em exploração e produção na região atingiu US$ 46 bilhões, maior nível desde 2015.
- Para 2025, a projeção é de um aumento de 10% em relação ao ano passado.
- Segundo a Rystad, a região é capaz de atrair US$ 50 bilhões ao ano para essas atividades ao longo da próxima década.
CCS na Bahia. A Petrobras fechou um Termo de Cooperação com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) para medição, monitoramento e verificação no projeto piloto de captura e estocagem de CO2 (CCS) em ambiente marinho raso. O valor do repasse previsto no acordo é de R$ 113,2 milhões e a parceria terá duração de três anos, podendo ser prorrogada.
Projetos adiados. O diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Fernando Melgarejo, admitiu que a companhia pode postergar investimentos a depender do cenário da cotação do barril de petróleo.
Enquanto isso, barril segue em queda. O petróleo fechou em alta na sexta (7), mas acumulou perdas na semana, pressionado por sinais de excesso de oferta e pela decisão da Arábia Saudita de reduzir preços de venda.
- O Brent para janeiro avançou 0,4% (US$ 0,35), a US$ 63,63 o barril. Na semana, o Brent recuou 1,76%.
Licitação de navios. A Transpetro, braço de transporte da Petrobras, lançou na sexta (7), uma licitação de lote único que prevê a contratação de quatro novos navios de médio porte da classe MR1 (Medium Range), com 40 mil toneladas de porte bruto, destinados ao transporte de petróleo e derivados pela costa brasileira.
Opinião: Regulamento institui um regime jurídico próprio para a aquisição de bens e serviços destinados aos consórcios operados pela Petrobras, escrevem, respectivamente, a sócia e a associada de Direito Público e Assuntos Governamentais do CMA, Carolina Caiado e Carolina Pazzoti.
PCC adultera combustíveis. A Polícia Civil do Piauí identificou que uma rede de postos ligada ao PCC pode ter utilizado fórmulas químicas elaboradas para expandir a adulteração de combustíveis na região Norte e Nordeste. A descoberta ocorreu durante a Operação Carbono Oculto 86.
Enquanto CV ameaça energia em Belém. O governo federal determinou que a PF investigue ameaças de ataques do Comando Vermelho contra a Subestação Belém-Marituba, no Pará, uma das principais infraestruturas elétricas da capital paraense. As ameaças ocorreram às vésperas da COP30.
Marco para minerais críticos na semana da COP. O relator do PL 2780/2024, deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), afirmou que apresentará sua proposta esta semana ao Colégio de Líderes da Câmara dos Deputados. A data coincide com o início da COP30 em Belém.
- Segundo o deputado, a proposta é ter critérios e não uma lista de minerais que receberão incentivos.
Controle de terras raras. O governo chinês suspendeu até 10 de novembro de 2026 uma série de medidas de controle de exportação sobre a cadeia de terras raras e de minerais e insumos críticos. As regras agora congeladas previam licença obrigatória para exportar equipamentos de separação, refino e sinterização usados no setor.
R$ 68 bi para o clima. Relatório do Climate Policy Initiative (CPI) estima que os investimentos em ações climáticas no Brasilmais do que dobraram desde 2019, alcançando US$ 67,8 bilhões em 2023.
- A alta foi impulsionada pelos setores de energia e de Agropecuária, Florestas e Outros Usos da Terra (AFOLU).
Pronto para voar. A produção comercial de Sustainable Aviation Fuel (SAF), produzido pela rota de coprocessamento, marca um novo capítulo na transição energética justa do país. Leia na Coluna do Gauto.
Reforma judicial do RenovaBio. O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF) defendeu a constitucionalidade dos trechos da Lei do Renovabio contestados pelo PRD e pelo PDT. O ministro afirmou que os partidos tentam estender ao STF debates próprios aos poderes Legislativo e Executivo.
Expansão das renováveis. Dezenove usinas entraram em operação em outubro deste ano no Brasil, aumentando em 643,46 MW a potência de geração elétrica do país, segundo a Aneel.
- Do total, 13 são solares fotovoltaicas, três são eólicas, duas são pequenas centrais hidrelétricas e uma é termelétrica.
Piloto de hidrogênio em Macaé. A EDF Power Solutions inaugurou sua a primeira planta piloto de hidrogênio verde no Brasil, na UTE Norte Fluminense. O projeto contou com investimento de R$ 4,5 milhões e vai produzir 18 m³ por dia, usando eletricidade de painéis solares.
O fantasma da adicionalidade. O mesmo Nordeste que desponta como a principal fronteira para o hidrogênio verde no Brasil — com dezenas de projetos anunciados e investimentos estimados em mais de R$ 110 bilhões a partir de 2029 — tem governadores e parlamentares apoiando uma medida que pode colocar em risco a competitividade dessa nova indústria. Leia na coluna Hidrogênio em Foco.
Cemig. O governo de Minas Gerais incluiu a participação societária do estado na Cemig entre os ativos que serão utilizados para amortização da dívida pública estadual junto à União. A adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Precatórios (Propag) seria na modalidade que estabelece o abatimento no limite máximo de 20% do saldo devedor.
Revisão das transportadoras. Ao aprovar o novo plano de ação para a revisão tarifária das transportadoras de gás natural, a ANP deu uma importante sinalização sobre como pretende tratar os novos investimentos na malha de gasodutos.
- Na prática, a agência decidiu que só vai incorporar, nas receitas das transportadoras, projetos novos já autorizados, o que adia o impacto tarifário de investimentos de ao menos R$ 3 bilhões. Leia na gas week.
Opinião: Vale refletir sobre o que a cadeia de gás natural espera da COP30, especialmente diante do papel que o Brasil pode exercer nesse debate global, escrevem a diretora executiva do IBP, Sylvie D’Apote, e a consultora Daniela Santos.

