NESTA EDIÇÃO.Petrobras acena para corte de custos, frente à desvalorização do petróleo, mas não pretende postergar projetos por ora.
Estatal cobra do Ibama uma definição sobre as próximas etapas do licenciamento da Margem Equatorial.
Na Câmara, deputado apresenta relatório do projeto que altera a base de cálculo dos royalties.
Energia e mobilidade nos acordos comerciais do Brasil com China e Rússia.
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Apertando os cintos
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta terça-feira (13/5) que “chegou a hora de apertar os cintos”, em resposta à volatilidade dos preços globais do petróleo, e que a estatal vai cortar custos e ajustar seu plano de negócios ao novo cenário.
A palavra de ordem da CEO é “economizar em tudo”. Por ora, contudo, a administração da petroleira não pretende postergar projetos.
A execução do plano de investimentos – e seus impactos na geração de emprego e renda – é uma entrega política importante diante da proximidade da corrida presidencial de 2026. Para este ano, a meta de investimentos está mantida: US$ 18,5 bilhões, com a maioria dos projetos já está contratada.
Questionada se a austeridade não poderia comprometer a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a CEO da Petrobras respondeu que a empresa está fazendo o que as demais petroleiras fazem diante de cenários como esse – majors como Eni e bp, aliás, reduziram investimentos recentemente.
“Essa é a obrigação das companhias de petróleo ao longo da sua vida. Quando a gente está com o preço alto, a gente expande um pouquinho as nossas ideias, pode ser um pouco mais criativo, pode alargar projetos etc. Mas quando o cenário é o oposto, a nossa obrigação é de apertar os cintos”, respondeu,
O diretor Financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, disse, por sua vez, que a ideia é buscar “todas as alternativas de redução de custos”, para que os projetos sejam mantidos.
Mas acrescentou que a petroleira será mais rigorosa na inclusão de novos projetos na carteira em implementação; e que pretende revisar o portfólio, para priorizar investimentos com capacidade de gerar mais fluxo de caixa positivo em horizontes menores.
O plano de negócios 2025-2029 da Petrobras prevê US$ 111 bilhões:
- são US$ 98 bilhões na carteira de projetos em implantação
- e US$ 13 bilhões na carteira em avaliação – a maior parte (60%) na área de Gás e Energias de Baixo Carbono.
Isso inclui desde os projetos de plantas dedicadas de biorrefino ao gasoduto do projeto de Sergipe Águas Profundas, por exemplo.
Em paralelo, a Petrobras repisou algumas das promessas caras ao governo:
- retomar as operações das fábricas de fertilizantes de Sergipe e Bahia a partir de outubro;
- e iniciar as primeiras atividades (armazenamento e vendas) da UFN 3, em Três Lagoas (MS) em 2026.
Petróleo. Contratos futuros do Brent subiram 2,57% no pregão de terça, a US$ 66,63 o barril, prolongando os ganhos obtidos na sessão anterior, com a trégua na guerra tarifária entre EUA e China. A commodity acumula, porém, queda de 13% desde fevereiro, quando a guerra comercial começou a escalar.
Cobrança. Magda disse ainda que o cenário internacional exigirá que a Petrobras trabalhe “com boas margens” na comercialização de produtos. E cobrou dos agentes do mercado que repassem aos consumidores os efeitos dos três cortes seguidos anunciados pela estatal nos preços desde abril.
Sobrou para a Vibra, que tem contrato de licença para uso da marca Petrobras: “Nos preocupa ter a nossa marca divulgada e espalhada pelo Brasil vendendo combustível acima do preço e incorporando margem”, afirmou Magda.
Foz do Amazonas. A Petrobras informou ao Ibama na segunda (12/5) ter concluído um simulado operacional “interno” e voltou a cobrar do órgão ambiental que marque as próximas etapas para, ao cabo, obter a licença ambiental para perfuração nos blocos em águas profundas da Foz do Amazonas. Ela cobra uma resposta até 15 de maio.
Royalties. O deputado Gabriel Nunes (PSD/BA) apresentou o relatório do projeto que altera a base de cálculo dos royalties incidentes sobre a produção de óleo e gás. Pelo parecer, a cobrança deverá incidir sobre “o real valor do bem transacionado”, com potencial para aumentar a arrecadação federal, estadual e municipal.
Opinião. É imprescindível ampliar a competição na distribuição de GLP, com mais distribuidoras envasando o gás seja pré-medido ou fracionado, e ter oferta de carregamento rodoviário nos polos de abastecimento. Somente assim teremos um mercado regulado, justo e perfeito, escreve o presidente da Abragás, José Luiz Rocha.
Sanções. Governo dos EUA anunciou novas sanções contra uma rede internacional acusada de facilitar o transporte de “milhões de barris de petróleo iraniano” para a China, em nome das Forças Armadas do Irã (AFGS) e de sua empresa de fachada, a Sepehr Energy Jahan Nama Pars. (Estadão)
Biometano. No Espírito Santo, a ES Gás assinou com a Marca Ambiental seu primeiro contrato para injeção de biometano na rede de distribuição no estado.
Gás e energia nos acordos com Rússia e China. Em missões oficiais aos dois países, o governo federal brasileiro assinou uma série de acordos comerciais em setores estratégicos, com ênfase em energia, mobilidade, tecnologia e agronegócio. Projetos têm potencial para mobilizar R$ 27 bilhões. Veja a lista
Etanol para a China. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou nesta terça (13/5) um memorando de entendimento com a Administração Nacional de Energia da China (NEA) para abrir mercado ao etanol brasileiro. O país asiático está em fase de adoção do E10.
- Brasil e China também alinharam parceria para a importação de coprodutos do etanol de milho brasileiro, como o DDG e o DDGS, usados como ração animal.
- Aliás… as vendas totais de etanol caíram 3,4% em abril, para 2,77 bilhões de litros, na comparação anual, segundo a Unica (Estadão).
Eletrificação. A venda de veículos leves eletrificados cresceu 6,6% no primeiro quadrimestre de 2025, na comparação anual, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Até abril, foram 54,6 mil emplacamentos.
Plano para descarbonizar transportes. Uma coalizão formada por 50 associações empresariais entregou nesta segunda (12/5) ao governo federal um plano com 90 propostas para reduzir em até 70% as emissões setoriais de gases de efeito estufa até 2050. A estimativa é de que as medidas possam atrair R$ 600 bilhões em investimentos para o país. (Estadão)
Economia circular. A indústria de biocombustíveis é a segunda que mais adota medidas circulares no Brasil, com 82% das empresas implementando ações, segundo sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O setor fica apenas atrás de calçados.
Data center. A saudita DataVolt planeja aplicar US$ 20 bilhões em data centers nos EUA. É mais um capítulo da corrida global por investimentos em infraestrutura de dados e energia voltados à demanda por serviços de inteligência artificial.
Solar. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revogou as autorizações de um complexo de 15 usinas fotovoltaicas no Piauí. O processo ocorreu sem que a Riacho da Serra, responsável pelo projeto, se manifestasse.
Opinião. Componentes essenciais para tecnologias verdes e sustentáveis, os minerais críticos desempenham um papel central nas relações comerciais entre os países e no desenvolvimento das cadeias de valor, escreve Luísa Bianchet, do Instituto E+ Transição Energética.