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Brasil precisa de 11 bilhões de barris em novas reservas, mas não está fazendo o dever de casa

Urgência em repor reservas cresce junto com dificuldades em avançar na Margem Equatorial

Encerramento da Offshore Week 2024, no Rio de Janeiro
Encerramento da Offshore Week 2024, no Rio de Janeiro | Victor Curi

NESTA EDIÇÃO

País precisa de 11 bilhões em novas reservas, mas tem dificuldade em viabilizar novas fronteiras. 
 
Indústria aprova PL do conteúdo local, mas indica ajustes.
 
MPTCU questiona plano estratégico da Petrobras.
 
Os debates na Câmara sobre a concorrência na geração distribuída.
 
Hidrogênio verde pode incrementar PIB brasileiro em R$ 61,5 bilhões.


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A urgência do Brasil em repor reservas de petróleo e gás está dando o tom das conversas no setor em meio à indicação de novas dificuldades para avançar na exploração da Margem Equatorial. 
 
Esta semana, a área técnica do Ibama apresentou um parecer em que rejeita o plano apresentado pela Petrobras no pedido para a emissão da licença para a perfuração de um poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas.

A estatal ainda pode enviar novas informações para reverter a situação

  • A diretoria de licenciamento ambiental do órgão recomendou o indeferimento da licença e o arquivamento do processo, mas há disposição em receber as contrapartidas da companhia. 
  • A estatal acredita que, dessa vez, conseguirá que o Ibama defina as condicionantes que precisam ser atendidas para viabilizar a emissão da licença.
  • Antes da publicação do parecer, a Petrobras mobilizava fornecedores para se preparar para o envio de uma nova sonda para o bloco FZA-M-59.

 A Margem Equatorial é a principal aposta da companhia para o aumento das reservas nos próximos anos. O grande potencial está justamente na bacia onde a empresa enfrenta dificuldades para viabilizar a exploração. 

Em paralelo, executivos do setor já começam a fazer as contas do prejuízo para o país caso não seja viável o avanço na exploração no Norte. 

A Rystad Energy calcula que o Brasil vai precisar adicionar 11 bilhões de barris em reservas caso queira manter por uma década o pico de produção de 5,5 milhões de boe/dia que deve ser atingido até 2030.

Parte do volume poderia vir do aumento do fator de recuperação de campos já descobertos ou até mesmo de áreas devolvidas nas Bacias de Campos de Santos. 

Mas só isso não será suficiente

“Sem novas fronteiras não tem um boom, não tem um novo pré-sal, só vamos conseguir controlar o declínio”, afirmou a presidente interina da PPSA, Tabita Loureiro, durante a Offshore Week nesta quarta-feira (30/10). 

A executiva lembrou que o horizonte já é negativo hoje para a declaração de novas descobertas, dado o baixo nível de novas perfurações. 

  • Em 2011, o Brasil perfurou 150 perfurações, ante apenas 22 novos poços em 2023, dos quais somente seis foram offshore. 
  • Em 2024, foram apenas seis novos poços até o momento.

“O Brasil tem que deixar claro o caminho que ele quer percorrer. E a hora de tomar essa decisão é agora”, disse o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia. 



PL do conteúdo local. Membros da indústria de óleo e gás enxergam necessidade de melhorias na proposta de mudanças nas regras de conteúdo local encaminhada pelo governo Lula à Câmara dos Deputados (o PL 3337/2024). A avaliação é que o projeto acerta ao trazer uma política baseada em bonificação, mas há ressalvas sobre como vai ser a operacionalização da transferência dos excedentes de conteúdo local entre contratos de concessão e partilha de produção vigentes. 

Nova plataforma em Mero. A Petrobras iniciou a produção do FPSO Marechal Duque de Caxias no campo de Mero, no pré-sal da bacia de Santos, nesta quarta (30/10). A unidade tem capacidade de produzir até 180 mil barris/dia de óleo e 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Com a nova plataforma, a capacidade de produção no campo sobe para 590 mil barris/dia.

Investimentos da Petrobras. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União questionou a alteração do plano estratégico da Petrobras. Em representação à corte, pediu a adoção de medidas quanto à distribuição de dividendos a acionistas, em detrimento de investimentos na área de energias renováveis. A representação, assinada pelo subprocurador geral, Lucas Furtado, cita possível afronta a dispositivos da Lei das Estatais. 

Concorrência na geração distribuída. Agentes de micro e minigeração distribuída acusam distribuidoras de energia de concorrência desleal e de dificultar a conexão dos projetos à rede. Já os grupos de distribuição afirmam que o número de projetos aprovados é alto e que eventuais mudanças na legislação podem afetar a livre concorrência. O pano de fundo para a discussão é o projeto de lei 671/2024, que veda investimentos em geração distribuída por distribuidoras, em análise pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. 

Hidrogênio verde fortalece o PIB. A transição para o hidrogênio verde no Brasil tem potencial de incrementar o Produto Interno Bruto (PIB) em R$ 61,5 bilhões até 2050, criando cerca de 177 mil empregos. A conclusão é de um estudo elaborado pela Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ), em parceria com MME.

Agenda brasileira no G20 tem apoio alemão. O cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Jan Freigang, disse nesta quarta (30/10) que o país europeu apoia a agenda do Brasil, como presidente rotativo do G20, focada na transição energética sustentável e na participação mais representativa do Sul Global em instituições financeiras multilaterais.

Projeto piloto de hidrogênio em MG. A Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável da GIZ inaugurou um projeto piloto de produção de hidrogênio verde no campus da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em Minas Gerais. O projeto integra o Centro de Hidrogênio Verde (CH2V), inaugurado no ano passado, e conta um eletrolisador de 300 kW.

Nova Indústria Brasil viabiliza projetos para transição. A WEG anunciou um investimento de R$ 1,8 bilhão para produzir baterias para veículos elétricos em larga escala no Brasil. O valor foi divulgado durante o anúncio de investimentos públicos e privados na Missão 3 da Nova Indústria Brasil (NIB). Do total de R$ 1,6 trilhão divulgados no programa nesta quarta (30), 75% serão da iniciativa privada, em áreas como mobilidade sustentável, moradia, infraestrutura e saneamento básico. Leia na Diálogos da Transição