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Aumento nas misturas de biocombustíveis passa a valer em meio à alta no preço do barril

Governo conta com E30 e B15 para reduzir a dependência de importações

Veículos a etanol e biodiesel durante o evento 'Combustível do Futuro chegou — E30 e B15", na sede do MME (Foto Tauan Alencar/MME)
Veículos a etanol e biodiesel durante o evento 'Combustível do Futuro chegou — E30 e B15", na sede do MME (Foto Tauan Alencar/MME)

NESTA EDIÇÃO. Combustíveis passam a ser vendidos com maior percentual de etanol e biodiesel no Brasil, em um contexto de incertezas no mercado internacional.

Governa desbloqueia parcialmente recursos para agências reguladoras e ANP retoma monitoramento, enquanto Aneel avalia prioridades.

Consumo brasileiro de energia elétrica cai em junho, mas avança na indústria.

Emplacamento de ônibus elétricos cresce no país no primeiro semestre de 2025.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Entram em vigor a partir desta sexta-feira (1º/8) os aumentos nas misturas obrigatórias de biocombustíveis nos combustíveis brasileiros, conforme determinação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). 

  • Com a elevação, o percentual de etanol na gasolina passa de 27% para 30% (E30), enquanto a parcela de biodiesel no diesel sobe de 14% para 15% (B15).

À época da aprovação da medida pelo CNPE, em junho, o governo calculava que a mudança poderia levar a uma queda de até R$ 0,11 por litro no preço da gasolina.

  • Os cálculos do mercado, no entanto, são diferentes: a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) estima possibilidade de queda de R$0,02 no custo de comercialização das distribuidoras para a gasolina. 
  • Já para o diesel, a previsão da entidade é de um potencial aumento médio de R$ 0,02
  • Vale lembrar que os preços dos biocombustíveis estão sujeitos a oscilações, uma vez que são produtos agrícolas. 
  • “As alterações de preços, a partir dos aumentos nas misturas dos biocombustíveis, divulgadas na mídia podem não ocorrer exatamente como previsto, pois tratam-se de mera estimativa cuja concretização depende de múltiplos fatores de mercado que podem variar no tempo e de acordo com cada região”, ressaltou a Fecombustíveis em nota divulgada na quinta (31/7). 

Além disso, o governo conta com o aumento nas misturas para reduzir a dependência nacional da importação de diesel e gasolina — o que chega num bom momento dado o atual cenário para negociações no mercado internacional. 

  • O petróleo ficou de fora das tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros, mas o etanol, a princípio, estará sujeito às taxas.

O momento, inclusive, é de alta do preço do barril de petróleo no mercado internacional, que encerra esta semana de volta à casa dos US$ 70. 

  • O Brent para outubro encerrou a quinta-feira a US$ 71,70 o barril, baixa de 1,06% (US$ 0,77).
  • O aumento nas cotações é consequência das ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar taxas secundárias a países que consomem petróleo e derivados da Rússia caso a guerra contra a Ucrânia não seja encerrada. 
  • As tarifas podem impactar, novamente, o Brasil, já que o diesel russo é uma das principais fontes de importação para atender ao mercado nacional.


ANP retoma monitoramento. O governo federal liberou parte do orçamento da ANP e, com isso, será retomado o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC), que havia sido suspenso em julho, por falta de dinheiro.

  • O governo elevou os limites de empenho da ANP para R$ 80 milhões, cerca de R$ 28 milhões acima do que havia sido contingenciado em maio. A agência eixos apurou que o próximo decreto de reprogramação orçamentária, que será editado em agosto, ampliará novamente os limites de empenho da ANP.

Aneel avalia prioridades. O desbloqueio parcial do orçamento da Aneel para 2025 reduziu o valor contingenciado na autarquia de R$ 38,6 milhões para R$ 7,9 milhões

  • A liberação, ainda que concentrada em sua maior parte para dezembro, permitirá à agência retomar parte das atividades institucionais. A diretoria da agência vai avaliar as frentes que terão prioridade.

Novas demandas por gás. Um dos anúncios previstos do governo Lula (PT) para a próxima semana, o leilão estruturante de gás natural da União tem potencial para destravar demanda nova no setor industrial, na avaliação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Voqen, a comercializadora de gás e energia da Braskem.

Tarifaço sobre minérios. O Ibram informou que 75% dos minérios exportados para os Estados Unidos entraram na lista de exceções publicada por Trump na quarta (30/7), mas o setor ainda sofrerá impacto. Os minerais liberados da taxação são: caulim, cobre, manganês, vanádio, bauxita e algumas pedras e rochas ornamentais.

  • Na quinta (31/7), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reconheceu que o decreto do governo de Donald Trump contra produtos brasileiros veio “melhor do que se esperava”, embora tenha reforçado que o governo brasileiro está longe do “ponto de chegada” nas negociações. 

Queda no consumo de energia. O Brasil consumiu 44.972 GWh de energia elétrica em junho de 2025, redução de 1,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. É o terceiro recuo mensal consecutivo no consumo total de eletricidade no país, informou a EPE.

  • A queda é um reflexo das temperaturas mais amenas, que contribuem para menor uso de aparelhos de ar-condicionado, e da cobrança adicional da bandeira vermelha nas tarifas em junho.

Eletrificação avança. O primeiro semestre de 2025 registrou um crescimento de 141% no emplacamento de ônibus elétricos no Brasil, em comparação com o mesmo período de 2024, segundo a ABVE. O número de unidades emplacadas subiu de 127 para 306, a maioria em São Paulo.

AdaptaCidades. O Ministério do Meio Ambiente divulgou uma lista com 581 municípios que farão parte da iniciativa de apoio técnico à construção de planos de adaptação à mudança do clima. A expectativa é alcançar mais de 52 milhões de pessoas.

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