comece seu dia

Às vésperas das tarifas, cresce a dependência brasileira de combustíveis dos EUA

EUA e Rússia são os dois principais supridores de diesel para o Brasil no mercado internacional

Presidente Trump discursa na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em 22 de fevereiro de 2025 (Foto Casa Branca Oficial)
Presidente Trump discursa na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em 22 de fevereiro de 2025 (Foto Casa Branca Oficial)

NESTA EDIÇÃO. EUA lideram as importações de combustíveis no Brasil em julho. 

Cronograma do governo conta com leilão das áreas não contratadas no pré-sal em novembro.

MME antecipa primeiro leilão de transmissão de energia de 2026. 

Mercado diz que meta de instalação de baterias proposta no Plano Clima está abaixo da capacidade brasileira. 


EDIÇÃO APRESENTADA POR

O Brasil aumentou as compras de combustíveis dos Estados Unidos em julho de 2025, concluiu o relatório de abastecimento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgado na terça-feira (22/7)

  • Entre 1º e 21 de julho de 2025, os Estados Unidos foram o principal supridor de diesel para o Brasil, com 45% do volume total — uma mudança na tendência medida entre janeiro de 2024 e junho de 2025, quando a Rússia foi a principal origem do produto.
  • A ANP ressalta que os volumes provavelmente foram contratados antes das recentes ameaças de sanções tarifárias, dados os prazos para as importações. 

O avanço ocorre em meio à expectativa de entrada em vigor das tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump contra produtos brasileiros, previstas para 1º de agosto

  • O governo brasileiro busca negociar as taxas antes de anunciar eventuais retaliações, que poderiam impactar o suprimento nacional de produtos com origem nos EUA.

O Brasil, inclusive, está sob risco de novas sanções: Washington ameaça aplicar tarifas secundárias a países que continuarem comprando petróleo e derivados russos, como parte da pressão internacional pelo fim da guerra na Ucrânia.

  • Mesmo com o avanço dos EUA, o diesel russo segue tendo um papel importante no suprimento nacional, respondendo por 35% das importações de diesel em julho. 
  • De forma indireta, o papel da Rússia é ainda mais relevante: 10% das importações de diesel brasileiras no período vieram da Índia. As refinarias indianas processam, sobretudo, óleo bruto produzido na Rússia. 
  • “Se o Brasil adotar a política de reciprocidade, ficaríamos sem nossos dois maiores fornecedores de diesel e seria necessário buscar outras fontes rapidamente e que, naturalmente, têm preço mais elevado”, afirma o sócio da Leggio Consultoria, Marcus D’Elia.

Mas a dependência externa não se restringe ao diesel. Toda a nafta petroquímica importada pelo Brasil nas três primeiras semanas de julho teve origem nos EUA.

Os EUA também vêm ampliando espaço em outro energético crucial para a segurança do abastecimento, o gás liquefeito de petróleo (GLP). Em julho, responderam por 75% das importações do “gás de botijão”.

  • A Argentina foi o segundo maior fornecedor, com 21,2%. 

Na gasolina automotiva, os EUA também ganharam participação, embora sigam com uma fatia pequena: 17,5% teve origem nas refinarias dos EUA em julho, frente a 7,7% no longo prazo. 

Por outro lado, no gás natural, os maiores volumes importados pelo Brasil tiveram origem na Bolívia (88%), com os EUA responsável por apenas 2,8%. 



Receitas adicionais. O leilão dos volumes de petróleo em áreas não contratadas do pré-sal, criado para elevar a arrecadação do governo federal este ano, está previsto para 26 de novembro. A PPSA será responsável pela concorrência e prevê lançar o teaser no início de agosto, no mês em que será publicado o pré-edital. Veja o cronograma

Acordo em Jubarte. A ANP aprovou o Acordo de Individualização da Produção (AIP) para a jazida compartilhada de Jubarte, no pré-sal da Bacia de Campos. A decisão formaliza o entendimento entre Petrobras, União e os parceiros Shell, Brava e a estatal indiana ONGC sobre a operação conjunta da área.

Preço do barril. Os contratos futuros de petróleo fecharam perto da estabilidade, enquanto investidores aguardam uma possível decisão das negociações entre a União Europeia e os EUA. O Brent para setembro recuou 0,12% (US$ 0,08), a US$ 68,51 o barril.

  • A commodity reduziu o movimento de queda depois que dados semanais do Departamento de Energia dos EUA mostraram baixa maior do que o previsto nos estoques na semana passada. 

Combustíveis na mira do Cade. O mercado de combustíveis líquidos será prioritário para o Cade em 2025 e 2026. De acordo com portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU), a Superintendência-Geral do órgão vai priorizar investigações de cartéis e práticas anticoncorrenciais no segmento. 

Disputa bilionária no RenovaBio. Na revisão de distribuidoras inadimplentes, a “lista suja” publicada entre terça (22/7) e quarta (23), mais oito companhias se livraram da suspensão das autorizações de funcionamento graças a decisões liminares de juízes federais em diversas partes do país. 

  • Dos 88 processos administrativos abertos, 35 estão suspensos cautelarmente. A primeira versão saiu com 33 empresas, reduzidas agora para 25.
  • 61 empresas estão com 10 milhões de CBIOs pendentes e mais 7 milhões para o ano de 2025, uma conta da ordem de R$ 1 bilhão (fora as multas).

Leilão de transmissão antecipado. O Ministério de Minas e Energia antecipou o primeiro leilão de transmissão de energia elétrica, antes previsto para abril de 2026. Portaria Normativa publicada nesta quarta (23/7) marca o certame para março.

Litígios. O Instituto Arayara entrou com uma ação civil pública contra a Âmbar Sul Energia alegando irregularidades na UTE Candiota III e pedindo a suspensão imediata das atividades. A ONG alega histórico de infrações ambientais, irregularidades em relatórios de monitoramento e emissões fora dos padrões.

Baterias no Plano Clima. A meta de instalação de 800 megawatts (MW) de baterias na estratégia nacional de mitigação está abaixo da capacidade do país e leva em conta dados desatualizados, avalia a Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae).

  • A Absae vê potencial para a contratação de 2 GW de baterias no leilão exclusivo prometido pelo governo. 

Tarifas de energia. A Aneel definiu a metodologia para a devolução, aos consumidores, dos créditos tributários obtidos por distribuidoras que conseguiram na Justiça excluir o ICMS da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins.

  • Com o novo procedimento, os créditos passam a reduzir as tarifas de energia no cálculo anual. A regra formaliza um modelo que já vinha sendo adotado de forma temporária desde 2021.

Mais recursos para eficiência energética. Municípios terão R$ 151 milhões para investir em eficiência energética de iluminação pública por meio do programa Procel Reluz, lançado pelo MME e pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar) na quarta-feira (23/7). Esta é a quarta chamada pública, que terá um aumento de 37% nos investimentos desde a última edição.

Financiamento climático. Membros da Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia (BRB) alcançaram a cifra de US$ 2,6 bilhões em recursos mobilizados para projetos de restauração florestal e bioeconomia no país. É mais de um quarto da meta de mobilizar pelo menos US$ 10 bilhões até 2030 para financiar a conservação e o desenvolvimento econômico baseado na natureza.

Opinião: STJ valida uso do etanol como insumo na produção de gasolina C e amplia espaço para aproveitamento de créditos às vésperas da transição tributária, escrevem os advogados do Lefosse Rafaela Canito, Pedro Goulart e Paula Ventura

Newsletter comece seu dia

Inscreva-se e comece seu dia bem informado sobre tudo que envolve energia