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New Fortress inaugura TGS em Santa Catarina de olho em termelétricas e indústrias

NFE se vê como fonte competitiva de gás ante os patamares atuais de preços do mercado brasileiro

New Fortress Energy (NFE) inaugura Terminal Gás Sul (TGS) em Santa Catarina de olho em termelétricas à gás e indústrias. Na imagem: Terminal Gás Sul (TGS), da New Fortress, na Baía de Babitonga, em Santa Catarina (Foto: Divulgação NFE)
Terminal Gás Sul, da New Fortress, na Baía de Babitonga, em Santa Catarina (Foto: Divulgação NFE)

RIO – A New Fortress Energy (NFE) informou que o Terminal Gás Sul (TGS), em Santa Catarina, entrou em operação. A empresa aposta nos novos leilões de termelétricas e na demanda do setor industrial para monetizar a planta de regaseificação.

O diretor-geral da NFE, Andrew Dete, acredita que o gás natural liquefeito (GNL) importado pela empresa terá condições de ser competitivo frente aos atuais níveis de preços praticados no mercado brasileiro.

“[As indústrias no Brasil] pagam uma tarifa superior a US$ 18 por milhão de BTU, incluindo impostos e transporte. Podemos ser muito competitivos contra isso e, ao iniciarmos nossa jornada agora em Santa Catarina, essas são as duas oportunidades [térmicas e indústrias] a serem observadas. Temos coisas interessantes no horizonte”, afirmou Dete, na semana passada, em teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados de 2023.

A New Fortress construiu o TGS sob risco, sem um grande contrato âncora, e agora intensifica os esforços comerciais em busca de clientes. Atrasos nas obras e estouro dos preços internacionais do GNL, após a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, esfriaram as negociações com potenciais clientes nos últimos anos.

NFE mira leilões de térmicas

No setor termelétrico, a New Fortress mira os novos leilões. Para 2024, estão previstos, originalmente, um leilão na forma de energia de reserva (segundo os termos da lei 14.182/2021, de privatização da Eletrobras), para julho; e um leilão de reserva de capacidade, na forma de potência, para novembro.

Os editais, contudo, ainda não foram publicados e o setor ainda aguarda uma definição do governo Lula sobre o calendário de licitações.

A companhia cogita entrar nas concorrências tanto com projetos próprios como também como fornecedora de gás para empreendimentos de terceiros. A NFE aposta nas restrições de oferta na região Sul, sobretudo com o declínio da produção da Bolívia, como uma oportunidade para o GNL importado.

“Através da nossa conexão com gasodutos, estamos conectados a mais de 3,5 GW de usinas existentes que não possuem fornecimento firme de gás ou PPAs [contratos de longo prazo]. Obviamente, todas essas usinas querem ganhar PPAs e, para isso, precisarão de um fornecimento firme de gás, e esperamos ser os fornecedores”, comentou o executivo.

No Pará, o foco é outro

Também na semana passada, a NFE inaugurou o terminal de regaseificação de Barcarena, no Pará.

TGS e Barcarena são dois projetos de perfis diferentes. A NFE assumiu o risco do investimento em Santa Catarina confiando no grande trunfo do projeto: a conexão com o Gasbol, da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG).

O terminal de Santa Catarina possui apenas um contrato de fornecimento, com a SCGás, da ordem de 150 mil m3/dia – o equivalente a 1% da capacidade do terminal.

Já a planta de regaseificação do Pará é um projeto mais maduro. Isolada da malha interligada de gasodutos do país, está ancorada em dois grandes clientes regionais: a refinaria de alumina da Hydro Alunorte; e a termelétrica Novo Tempo (624 MW), que a própria NFE está construindo no local e que deve ficar pronta em 2025.

Além disso, a New Fortress tem planos de transferir o contrato de reserva de capacidade da UTE Portocem (1,571 GW) – originalmente concebida para Pecém (CE) – para Barcarena.

Os trâmites junto à Aneel estão em curso. A NFE tem pressa para obtenção do aval da agência para mudança da localização do projeto de Portocem.

A NFE tenta selar a transferência até 31 de março, data limite indicada pela Mitsubishi, contratada para iniciar a construção em Barcarena a tempo de garantir a entrada em operação comercial em julho de 2026.

Ainda no Pará, a companhia também quer explorar oportunidades de negócios na distribuição de GNL em pequena escala, via caminhão ou via fluvial, a partir de 2025.

A NFE mira indústrias – localizadas próximas ao porto de Barcarena e no interior do Pará – e projetos termelétricos no Amapá, via fluvial (a contratação compulsória de térmicas, prevista na lei de privatização da Eletrobras, pode ser uma oportunidade).