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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Pesquisa da GE Aerospace com 325 tomadores de decisão da aviação em seis países indica que alcançar emissões líquidas zero no setor até 2050 vai exigir muito mais ação e esforço político.
Enquanto 46% dos entrevistados acreditam que a indústria atingirá sua meta líquida zero até 2050, 32% dizem que não e 22% não têm certeza. Em média, os executivos acreditam que a meta será atingida até 2055 e identificam aumento dos custos, pressão orçamentária, problemas de abastecimento e recursos energéticos como os maiores obstáculos.
O levantamento (.pdf em inglês) cobriu empresas nos EUA, Reino Unido, China, Índia, Emirados Árabes Unidos e França.
Na visão de 29% dos entrevistados, o governo é o grupo externo que mais pressiona para acelerar a transição energética, cujo custo está na casa dos trilhões de dólares. Em segundo lugar (17%) estão os investidores.
Eles classificam o aumento do investimento em combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) como o papel número um a ser desempenhado pelos governos. Mas 61% estão mais interessados em incentivos do que em mandatos.
“O SAF é provavelmente a principal alternativa no momento que atende aos requisitos de que precisamos no curto prazo, mas a escala e o custo de produção são uma enorme barreira que temos que superar”, observou um executivo europeu de sustentabilidade.
Pelo mundo, mandatos e incentivos têm caminhado juntos. EUA e União Europeia são alguns exemplos.
Nesta sexta (16/6), o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o governo ajudará a financiar uma biorrefinaria de € 1 bilhão e continuará a apoiar pesquisas para ajudar empresas privadas a desenvolver aviões mais limpos (Bloomberg). Desde o ano passado, a França tem um mandato de uso de combustível renovável.
Responsável por 2% das emissões globais de gases de efeito estufa, o transporte aéreo está no grupo de setores considerados mais difíceis de descarbonizar.
Enquanto a eletrificação avança como solução para substituir o consumo de combustíveis fósseis em diferentes segmentos, na aviação, isso ainda vai demorar a virar realidade.
No médio prazo, o SAF será a principal estratégia para cortar emissões de forma significativa e tentar cumprir o acordo setorial de neutralidade climática em 2050.
As companhias aéreas estão calculando que cerca de 62% de sua meta de descarbonização será cumprida com o uso de SAF, que atualmente custa de duas a quatro vezes mais que o querosene fóssil.
Até o final do ano passado, cerca de 440 mil voos comerciais utilizaram o SAF, de acordo com a Organização da Aviação Civil Internacional (Icao, em inglês). Uma participação ainda muito baixa desse combustível, já que, em um dia normal, mais de 200 mil voos decolam e pousam em todo o mundo.
Aviação mais sustentável
Na pesquisa da GE, 76% dos entrevistados disseram que a sustentabilidade mudou fundamentalmente a maneira como o setor opera, indicando que os investimentos em sustentabilidade de suas empresas crescerão ou permanecerão estáveis, mesmo em meio ao aumento da inflação e ao risco de recessão.
E ainda:
- 30% identifica o cumprimento da meta de sustentabilidade do setor como o principal desafio atual, superando a cadeia de suprimentos (19%) e as questões trabalhistas (11%).
- 88% relata que suas organizações já possuem estratégias de sustentabilidade em vigor, com a maioria dizendo que as estratégias de sustentabilidade já tiveram um impacto importante ou impacto moderado em como sua empresa opera (74%), investe (73%) e contrata (62%).
Por falar em SAF
Pela primeira vez, os combustíveis sustentáveis foram certificados pelo Esquema de Compensação e Redução de Carbono para Aviação Internacional (Corsia).
Ao todo, foram nove lotes, totalizando 1.542 toneladas, certificados pela ISCC e RSB.
Produzidos pela ECOCHEM (na China), Neste (Holanda) e WorldEnergy (EUA), eles utilizaram resíduos como matéria-prima e emitem de 75% a 84% menos CO2 em comparação com o querosene de petróleo.
“A certificação bem-sucedida desses combustíveis de aviação sustentáveis garante que eles apresentem benefícios ambientais reais com base no ciclo de vida e também confirma o desempenho do próprio processo de certificação”, explica o presidente do conselho da ICAO, Salvatore Sciacchitano.
Cobrimos por aqui:
- Emirates cria fundo de US$ 200 milhões para descarbonizar aviação
- Do etanol às algas, United planeja triplicar uso de querosene sustentável em 2023
- Biogás quer decolar como combustível de aviação
- Combustível do Futuro fecha proposta para a aviação
Curtas
Nações ricas devem pagar
Para avançar no combate às mudanças climáticas, as nações ricas precisam reconquistar a confiança dos países em desenvolvimento, fornecendo mais financiamento para ajudá-los a alcançar suas metas de adoção de energia limpa, disse o chefe da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol.
Negociações climáticas da ONU em Bonn terminaram na quinta, com países ricos desviando das discussões sobre financiamento. Reuters
COP30
No sábado (17/6), o presidente Lula (PT) participa da cerimônia de anúncio oficial da conferência climática da ONU de 2025 (COP30) em Belém (PA), onde assinará a ordem de serviço para início das obras do Porto Futuro II.
Na semana que vem, Lula vai à França com clima e combate à pobreza na agenda diplomática. A Cúpula de Paris para um novo pacto de financiamento deve receber ao menos 21 líderes globais, em busca da definição de estratégias para canalizar recursos para a ação climática em países pobres e de renda média.
Financiamento solar
O Banco Europeu de Investimento (BEI) e a cooperativa financeira Sicredi, do Brasil, firmaram um acordo para empréstimo de cerca de R$ 1 bilhão (€ 200 milhões) destinado ao financiamento de instalação de placas fotovoltaicas em residências, PMEs e propriedades rurais.
Atualmente, a instituição detém uma carteira de crédito de R$ 6 bilhões destinados à energia solar.
Hub de Inovação
O Grupo Equatorial Energia inaugurou na quinta (15/6) seu primeiro hub de inovação, na cidade de São Luís, no Maranhão. O EQT Lab abrigará atividades de pesquisa e desenvolvimento no setor elétrico, incubação de equipes, capacitação em inovação e transformação digital, além de criar uma base de fornecedores maranhenses para o setor elétrico.
Artigos da semana
— Um Plano Marshall para a emergência climática: enfrentando os desafios do nosso tempo É preciso mais equilíbrio entre Norte e Sul Global bem como financiamento para a adaptação dos países diante dos efeitos das mudanças climáticas, analisa Edlayan Passos
— Os buracos de minhoca e a transição energética: uma jornada temporal A jornada para a transição energética contém freios e há várias razões pelas quais não se pode esperar uma transição instantânea, escreve Marcelo Gauto
— Margem Equatorial: diálogo como combustível para o consenso Por meio da conversa e da troca de ideias, soluções podem ser construídas sem que, necessariamente, um lado seja sempre derrotado e desmoralizado, escreve Fernando Teixeirense
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