Energia

Neoenergia estuda projetos de hidrogênio verde e eólica offshore no RS

Companhia firmou acordo com governo estadual para desenvolver projetos renováveis no Porto de Rio Grande

Neoenergia estuda projetos de hidrogênio verde e eólica offshore no RS. Na imagem, turbina eólica contra o sol e sob céu azul
No RS, Neoenergia tem um projeto de 3 GW de energia eólica em alto-mar com pedido de licenciamento no Ibama (Foto: Divulgação/Neoenergia)

BRASÍLIA — A Neoenergia firmou nesta quarta (31/8) um memorando de entendimento (MoU, na sigla em inglês) com o governo do Rio Grande do Sul para estudar a viabilidade de projetos de hidrogênio verde e geração eólica offshore no Porto de Rio Grande.

É o quarto MoU da companhia, que já tem acordos do tipo com os governos de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

No RS, a Neoenergia tem um projeto com pedido de licenciamento no Ibama para geração de 3 gigawatts (GW) de energia eólica em alto-mar, com o parque Águas Claras.

O memorando tem vigência de três anos e prevê cooperação nos estudos para fomentar uma cadeia para as eólicas offshore e o hidrogênio verde. Ambas tecnologias aguardam um marco legal.

O foco da cooperação é o porto de Rio Grande, que pode servir tanto para facilitar a exportação do hidrogênio verde, quanto aproveitar as novas energias para as indústrias químicas, petroquímicas, de mineração e fertilizantes instaladas nele.

Além dos estudos de viabilidade, o MoU também prevê o desenvolvimento de projeto piloto de produção de hidrogênio verde e o estudo de oportunidades no porto. O combustível é visto como estratégico para a indústria intensiva e para setores de difícil descarbonização, como transporte urbano, marinho e aéreo.

De acordo com a Neoenergia, os projetos podem ter sinergia com a infraestrutura portuária tanto na fase de instalação, por servir como área de apoio para a fabricação e estocagem dos materiais, quanto na de operação, permitindo o atracamento de embarcações especiais.

‘Mercado do futuro’

O empreendimento é parte da estratégia da empresa de energia para expandir seu portfólio de renováveis e cumprir metas de descarbonização.

“As tecnologias de hidrogênio verde e geração eólica offshore podem levar o Brasil ao protagonismo global em energia limpa, que faz parte do DNA da Neoenergia”, afirma Eduardo Capelastegui, CEO da Neoenergia.

Segundo Eduardo, a companhia está se “antecipando ao mercado do futuro”.

O Plano Nacional de Energia (PNE 2050), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), aponta que regiões offshore representam a última fronteira para o desenvolvimento da energia eólica, com aumento expressivo na exploração da fonte, com um potencial de  700 GW em áreas com profundidade de até 50 metros.

Já um relatório do Banco Mundial calcula que esse potencial pode chegar a 1,2 terawatt.

Enquanto aguarda um marco legal, a iniciativa privada já soma mais de 169,4 GW em 66 projetos com pedidos de licenciamento no Ibama. A maior parte deles no Rio Grande do Sul — são 20 parques com pedidos de licenciamento, somando 56,7 GW.

Marco das eólicas offshore

O PL 576/2021 foi aprovado com votação terminativa na Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Federal no dia 17 de agosto e agora aguarda decisão da Câmara dos Deputados.

Na Câmara, há um texto antigo, de Fernando Collor (PROS/AL), aprovado no Senado em 2018; e um mais recente, de Danilo Forte (União/CE), que trata das eólicas offshore.

Esse ano, o governo editou um decreto para os parques eólicos offshore, mas setores do mercado defendem que é preciso uma lei para assegurar os investimentos.

Em suma, o texto aprovado no Senado diz que qualquer empresa pode provocar o governo federal para contratar as áreas no modelo de oferta permanente. A União poderá liberar as áreas por autorização.

Também poderão ser feitos leilões organizados, na oferta planejada: o governo seleciona as áreas e lança uma concorrência pela concessão, solução caso haja mais de um interessado pelos mesmos polígonos.