BRASÍLIA — A Neoenergia e a Prumo firmaram um memorando de entendimento (MoU, na sigla em inglês) para estudar a viabilidade de produção de hidrogênio verde (H2V) e energia eólica offshore em Porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro (RJ). O anúncio foi feito ontem (29), durante a 20ª edição da Rio Oil & Gas.
Além do desenvolvimento dos projetos de energia limpa, o acordo de cooperação considera as qualidades portuárias e logísticas do complexo industrial em Porto do Açu.
Gerenciado pela Prumo, o Porto do Açu possui uma localização estratégica em São João da Barra (RJ), que conta com infraestrutura de apoio marítimo e suporte de construção e instalação.
A região costeira oferece condições favoráveis para a geração eólica em alto-mar, o que tem atraído investidores para desenvolver esse tipo de projeto no Sudeste do país, considerando a demanda futura de energia de baixo carbono.
O memorando também destaca as possibilidades de desenvolvimento socioeconômico e ambiental no local.
O uso de H2V é visto como uma solução para os nichos que terão maior dificuldade de descarbonizar suas fontes energéticas, como o setor portuário.
Segundo, Mauro Andrade, diretor de Novos Negócios da Prumo, o Porto do Açu já conta com 2,4 GW de projetos de energia renovável em desenvolvimento, entre plantas de hidrogênio verde, solar e eólica offshore.
Só em eólica offshore, os projetos em licenciamento no Ibama somam 30 GW de geração em potencial.
“Isso nos torna uma plataforma para a industrialização de baixo carbono, com memorandos assinados também para o desenvolvimento de plantas para hidrogênio verde e energia fotovoltaica, todos atuando em sinergia”, explica Andrade.
A Prumo também tem memorandos assinados com a Fortescue Future Industries (FFI) e a EDF Renewables, para desenvolvimento de um hub de eólicas offshore e H2V no porto.
Já a Neoenergia está em seu quarto MoU para estudos de viabilidade deste tipo de tecnologia. Outras propostas foram ajustadas em conjunto aos governos do Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.
“O Brasil continuará demandando fortes investimentos no setor de energia nos próximos anos. Temos plena capacidade de gerar valor para o mercado brasileiro”, comenta Eduardo Capelastegui, CEO da Neoenergia.
Capelastegui reiterou ainda o compromisso do grupo em investir em projetos de energia limpa. “A expansão do portfólio de renováveis reforça o nosso compromisso com a descarbonização, a inovação e o desenvolvimento de tecnologias renováveis”.
Reveja na íntegra a participação de Rogério Zampronha, CEO da Prumo, no BackStage ROG 2022
US$ 5 trilhões até 2050
Pesquisa do Goldman Sachs aponta que, para alcançar as metas de emissões líquidas zero até 2050, o mundo precisará investir US$ 5 trilhões até lá na cadeia de fornecimento direto de hidrogênio limpo.
Os cálculos consideram produção (eletrolisadores e CCUS para hidrogênio verde e azul, respectivamente), armazenamento, distribuição, transmissão e comércio global e cobrem apenas o capex (os aportes de capital).
Outros custos como operação e manutenção e o capex associado aos mercados finais (indústria, transporte, edifícios) ou às centrais de produção de eletricidade não entraram na conta.
“Os investimentos na indústria de hidrogênio já começaram a se inclinar notavelmente mais alto, principalmente na implantação de tecnologia de produção. No entanto, estimamos que será necessário muito mais investimento para nos colocar em um caminho consistente com o zero líquido até 2050”, diz o grupo financeiro.
O relatório destaca que a ação dos governos será fundamental para esse mercado, e aborda uma gama de ferramentas disponíveis para apoio de políticas de incentivo.
Para o Goldman Sachs, assim como ocorreu nas indústrias solar e eólica, os investimentos públicos deverão alavancar investimentos privados cada vez maiores.