Gás Natural

Navio a GNL atraca pela primeira vez no Brasil

Embarcação, que recebeu carregamento de minério de ferro no Porto do Açu (RJ), utiliza gás natural liquefeito (GNL) como combustível para reduzir a emissão de gases do efeito estufa

Navio a GNL atraca pela primeira vez no Brasil. Na imagem: Navio da Anglo American com tecnologia para combustível sustentável é recebido pela primeira vez no Brasil (Foto: Leonardo Berenger/Ferroport)
Mineradora investe em GNL para descarbonizar frete marítimo; navio atracou pela primeira vez no Brasil (Foto: Leonardo Berenger/Ferroport)

BRASÍLIA — O navio MV Ubuntu Loyalty da Anglo American, que utiliza gás natural liquefeito (GNL) como combustível, realizou sua viagem inaugural atracando em território brasileiro, nesta segunda-feira (01/05). A embarcação foi recebida no terminal portuário de minério de ferro administrado pela Ferroport, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ).

Segundo a mineradora, o uso do GNL proporciona uma redução estimada de 35% nas emissões de gases do efeito estufa, em comparação com as embarcações movidas a combustível marítimo convencional.

Ao todo, a frota Ubuntu da Anglo American, que foi projetada a partir de 2019, é composta por dez navios, com seis já em operação pelo mundo.

Wilfred Bruijn, CEO da Anglo American no Brasil afirma que a substituição do combustível tradicional pelo GNL ajudará a companhia a cumprir com a meta de neutralidade de carbono até 2040, do plano de mineração sustentável. O frete entra na categoria de emissões diretas do negócio e combustíveis consumidos.

Com destino final à China, o navio bicombustível Ubuntu Loyalty recebeu o carregamento de 175 mil toneladas de minério de ferro do Minas-Rio. A operação no porto foi conduzida pela Ferroport, joint-venture formada entre a Anglo American e a Prumo Logística.

Carsten Bosselmann, CEO da Ferroport, conta ainda que foi a primeira embarcação GNL recebida pelo terminal — o quarto Terminal de Uso Privado (TUP) em movimentação de minério de ferro no Brasil.

Futuro multicombustível

Entre os setores mais difíceis de descarbonizar, a indústria marítima tem pela frente um futuro multicombustível e já reconhece a necessidade de preparar suas frotas para operar simultaneamente com óleo combustível/biodiesel, metano, metanol e amônia — uma mudança radical na diversidade do abastecimento.

A conclusão faz parte de uma pesquisa do Global Maritime Forum, o Global Center for Maritime Decarbonisation e o Maersk Mc-Kinney Møller Center for Zero Carbon Shipping e McKinsey & Company com as principais empresas de navegação. As companhias entrevistadas representam 20% do mercado.

Enquanto um terço dos respondentes diz que “não sabe” com quais tipos de combustível esperam que suas frotas operem em 2030 e 2050, os outros dois terços têm expectativas variadas.

Para a maioria, amônia verde, biodiesel e óleo combustível lideram o caminho, seguidos por amônia azul, gás natural liquefeito (GNL), e-metanol, biometanol, biometano e e-metano.

Os entrevistados também indicam que esperam distribuir seu próprio consumo em várias “famílias” de combustível.

Até 2050, 49% dos entrevistados (ponderados pelo tamanho da frota) esperam adotar quatro ou mais famílias de combustível, enquanto outros 43% esperam adotar três.

  • Óleo combustível pesado, gasóleo marítimo, diesel marítimo e biodiesel, integram uma mesma família, por exemplo. GNL, biometano/bio-GNL e e-metano fazem parte de outra.

As motivações para a transição verde vêm de diferentes lados: regulamentações mais rígidas, demanda do cliente, pressão do investidor e metas internas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2050.