Diálogos da Transição

Mudanças climáticas estão deixando brasileiros ansiosos

1 a cada 3 brasileiros está muito preocupado e ansioso com o futuro, a ponto de desistir de projetos de longo prazo, como ter filhos

Mudanças climáticas estão deixando brasileiros ansiosos. Na imagem: Homem com semblante preocupado e cabeça apoiada na mãp esquerda (Foto Peggy e Marco Lachmann-Anke_Pixabay)
Pesquisa da Veolia com a Elabe posiciona o Brasil entre os 10 países que se sentem mais fragilizados em relação ao meio ambiente (Foto: Peggy e Marco Lachmann-Anke/Pixabay)

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Editada por Nayara Machado
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Pesquisa da Veolia com a Elabe posiciona o Brasil entre os 10 países que se sentem mais fragilizados em relação ao meio ambiente, com 84% dos brasileiros expressando um “sentimento de vulnerabilidade ecológica e climática”, ante 71% da média mundial.

Foram entrevistadas 25 mil pessoas em 25 países dos cinco continentes (cerca de 1.000 por país), considerando peso demográfico e impacto nas emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Quinto maior emissor mundial, o Brasil elevou em 12,2% suas emissões no ano passado, em comparação com 2021, com o desmatamento respondendo por metade do lançamento de CO2 na atmosfera.

O cenário de degradação ambiental aguçada nos últimos anos refletiu nas respostas dos entrevistados: 87% dos brasileiros se dizem preocupados com o desaparecimento de flora e fauna, contra 74% da média dos outros países.

Além disso, 1 a cada 3 brasileiros está muito preocupado e ansioso com o futuro, a ponto de desistir de projetos de longo prazo, como ter filhos, constata o levantamento.

Há ainda uma percepção de danos individuais. Para 87% dos brasileiros entrevistados, a poluição foi causa de doenças recentes, enquanto 80% alegam que tiveram prejuízos materiais por causa de eventos climáticos como enchentes e secas.

O grupo Veolia atua nos segmentos de gestão de água, resíduos e energia. O foco da pesquisa foi entender a aceitação das pessoas sobre as “mudanças necessárias para lidar com a emergência ambiental”.

Reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa – que estão subindo e precisam começar a cair urgentemente – é um esforço que exigirá uma transformação nos modelos de produção e consumo, trilhões de dólares em investimentos em energia e tecnologias, além de mobilizações políticas para impulsionar uma economia verde.

Ao mesmo tempo, garantir segurança energética e alimentar, em um mundo marcado por desigualdades extremas.

“Este estudo destaca os obstáculos e barreiras para a aceitação social e econômica da implementação de soluções ecológicas em larga escala. Os resultados são claros: a consciência das questões climáticas é alta e as pessoas em todo o mundo estão convencidas de que o custo da falta de ação será, na verdade, mais alto do que o custo da ação”, comenta Estelle Brachlianoff, CEO da Veolia.

“Elas querem saber mais sobre as soluções existentes e são a favor de sua implementação em larga escala, desde que sejam justas e eficazes”, completa.

Para 67% dos entrevistados em todo o globo (72% dos brasileiros), os custos das consequências das mudanças climáticas e da poluição serão maiores que os investimentos necessários para a transformação ecológica.

Mas apenas 60% estão dispostos a aceitar a maior parte das mudanças (econômicas, culturais e sociais) que a implantação maciça de soluções ecológicas exige.

falta de informação pode estar influenciando essa aceitação: 56% dos entrevistados globais (72% dos brasileiros) acreditam que não se fala o suficiente sobre soluções para mitigar a poluição e a mudança climática.

Por aqui, 57% dos entrevistados estão com dificuldade de imaginar como seria o dia a dia caso a transição ecológica ocorra de fato, mas acreditam que será sinônimo de um “mundo melhor”: viveremos com mais saúde (81%), teremos mais qualidade de vida (78%), seremos mais felizes (76%) e consumiremos menos, mas melhor (75%).

Também estamos mais otimistas que a média mundial: 78% dos brasileiros acreditam que ainda dá tempo de limitar a interferência humana no clima, contra 60% da média dos outros países.

Cobrimos por aqui:

1,2ºC mais quente

Relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU sobre o estado do clima global mostra que a temperatura média da Terra em 2022 ficou 1,15 [1,02 a 1,28] °C acima da média de 1850-1900. Os anos de 2015 a 2022 foram os oito mais quentes no registro instrumental que começou em 1850.

Divulgado na última semana, às vésperas do Dia da Terra, o estudo alerta que 2022 foi o 5º ou 6º ano mais quente, apesar de três anos consecutivos de resfriamento do La Niña.

Além disso, as concentrações dos três principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono, metano e óxido nitroso – atingiram níveis recordes em 2021, o último ano com valores globais consolidados.

O novo relatório da OMM é acompanhado por um mapa histórico dos indicadores climáticos e também foca nos impactos.

Ao longo do ano, climas perigosos e eventos relacionados ao clima levaram a novos deslocamentos populacionais e pioraram as condições de muitas das 95 milhões de pessoas que já viviam deslocadas no início do ano.

Curtas

€ 5,7 bi para energia no Brasil

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, afirmou neste sábado (22/4) que as empresas portuguesas Galp e EDP vão investir € 5,7 bilhões nos próximos anos em projetos energéticos no Brasil. O anúncio foi feito durante a XIII Cimeira Luso-Brasileira, parte da agenda do presidente Lula em Portugal. Ao todo, 13 acordos foram assinados. Veja a lista

Economia do hidrogênio

Pesquisadores do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico) da UFRJ e da PUC-Rio lançam nesta terça (25/4) o livro A Economia do Hidrogênio: Transição, descarbonização e oportunidades para o Brasil. Financiada pela Energy Assets do Brasil com apoio da Siemens Energy, a publicação analisa o arcabouço de conhecimentos técnicos, financeiros, econômicos, regulatórios e ambientais da cadeia de valor do energético. O estudo completo pode ser consultado neste link (.pdf)

Eletroposto na Ambev

A Raízen instalou uma estação de recarga rápida de caminhões elétricos na cervejaria da Zona Oeste do Rio de Janeiro, em um contrato que prevê o fornecimento anual de 480 MWh de energia renovável. Três estações de alta potência (150kW) da Shell Recharge atenderão 20 caminhões elétricos. A Ambev estima que a redução no consumo de diesel pode chegar a 110 mil litros por ano.

Corredor de GNV

A Gasmig inaugurou este mês o 63º posto revendedor de gás natural veicular do projeto desenvolvido com o governo estadual para fornecer GNV nos principais corredores rodoviários que cortam Minas Gerais. A nova unidade fica no entroncamento das BRs 116 e 262, rota de centenas de veículos pesados que cruzam Minas Gerais diariamente.

Nova onda de lítio

No norte montanhoso da Argentina, uma linha de projetos de lítio prestes a entrar em operação parece destinada a destravar uma onda que pode triplicar a produção local do metal para baterias de veículos elétricos nos próximos dois anos. Reuters

No Chile, o presidente Gabriel Boric planeja uma nova empresa estatal para reduzir os impactos ambientais da produção de lítio, a partir da extração direta. Reuters