Combustíveis e Bioenergia

Mubadala começa a operar a RLAM nesta quarta-feira

Petrobras concluiu a venda da refinaria com o recebimento de US$ 1,8 bilhão

Refinaria de Mataripe, novo nome da  Landulpho Alves (RLAM), agora sob operação da Acelen, empresa do Fundo Mubadala
Refinaria de Mataripe, novo nome da Landulpho Alves (RLAM), agora sob operação da Acelen, empresa do Fundo Mubadala

A Petrobras anunciou nesta terça-feira (30/11) que concluiu a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e seus ativos logísticos associados, localizados no estado da Bahia, para a MC Brazil Downstream Participações, empresa do grupo Mubadala Capital, com o recebimento de US$ 1,8 bilhão. O contrato ainda prevê um ajuste final do preço de aquisição, que se espera seja apurado nos próximos meses.

A Acelen, empresa criada pelo Mubadala Capital para a operação da refinaria, assume nesta quarta-feira (12) a gestão da RLAM, que passou a se chamar Refinaria de Mataripe.

A Petrobras continuará dando apoio para as operações da Acelen, que anunciou que continuará a abastecer o mercado de derivados de petróleo regional e “assume o compromisso de fomentar investimentos, gerar novas oportunidades de negócios e estimular o desenvolvimento da Bahia e do Brasil”.

“Essa operação de venda é um marco importante para a Petrobras e o setor de combustíveis no país. Acreditamos que, com novas empresas atuando no refino, o mercado será mais competitivo e teremos mais investimentos, o que tende a fortalecer a economia e gerar benefícios para a sociedade. Do ponto de vista da companhia, é um avanço na sua estratégia de realocação de recursos.”, disse o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna.

“A Refinaria de Mataripe tem uma ligação histórica com a Bahia e temos orgulho deste legado. Vamos investir e trabalhar para modernizar os processos e aumentar a capacidade de produção, gerando novas oportunidades e fortalecendo toda a cadeia produtiva do petróleo”, afirma Luiz de Mendonça, CEO da Acelen.

Além da refinaria

A Petrobras vai vender junto com a RLAM 669 km de dutos que integram a rede da refinaria, incluindo oleodutos curtos (Becan 6”, Becan 8”, e 21 Oleodutos de petróleo e derivados ligando a RLAM ao Terminal Madre de Deus) e oleodutos longos (ORSUB ligando a RLAM aos Terminais de Jequié e Itabuna; ORPENE L1/14”, ORPEN 12” e ORPENE 8”, ligando a RLAM ao Complexo Petroquímico de Camaçari).

A venda da refinaria baiana prevê também o desinvestimento em quatro terminais no estado: Candeias, Itabua, Jequié e Madre de Deus.

A RLAM começou a operar em 1950 e tem capacidade para processar 330 mil barris por dia de petróleo.

Discussão no Congresso e com petroleiros

A venda da RLAM acabou virando pauta para o Congresso Nacional. Em fevereiro, o presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, anunciou que ingressou, em conjunto com o senador Jaques Wagner (PT/BA) e o coordenador-geral do Sindipetro-Bahia, Jairo Batista, com ação popular na Justiça Federal de Salvador para suspender a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) para a Mubadala.

A ação questiona o valor do negócio, anunciado no último dia 8 pela Petrobras e avaliado em US$ 1,65 bilhão (R$ 8,9 bilhões) .

Em março, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Walton Alencar Rodrigues, determinou que as áreas técnicas do órgão entregassem em sete dias um parecer sobre a venda da refinaria Landulpho Alves (RLAM) na Bahia por um valor 45% inferior ao cenário-base calculado internamente pela própria Petrobras.

Ministros da corte de contas criticaram a pressa da Petrobras em fechar o negócio e chegaram a alertar que uma tentativa de driblar o controle externo poderá levar à responsabilização de membros da diretoria executiva da estatal.

Em maio, o TCU decidiu autorizar a venda da refinaria e julgou improcedente as questões levandadas contra a venda. Entendeu ainda que as informações da Petrobras eram “tecnicamente embasadas e aderentes à sistemática para desinvestimentos de ativos” da companhia.

Em junho, o Cade aprovou, sem restrições, a venda da refinaria para o fundo Mubadala.