MP do Repetro após votação da denúncia contra Temer

MP do Repetro após votação da denúncia contra Temer
Comissão Mista da Medida Provisória (CMMPV) nº 795 de 2017, que muda tributação do setor petrolífero, realiza reunião deliberativa para apreciação de relatório. Foto: Roque Sá/Agência Senado
Comissão Mista da Medida Provisória (CMMPV) nº 795 de 2017, que muda tributação do setor petrolífero, realiza reunião deliberativa para apreciação de relatório. Foto: Roque Sá/Agência Senado

O governo federal definiu com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a estratégia de evitar qualquer votação no Plenário da Casa que possa trazer problemas para votação da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer. Com isso, aprovada em apenas três semanas na Comissão Especial, a Medida Provisória 795, conhecida como MP do Repetro, não será votada na Câmara nessa semana, o que vai impedir sua aprovação antes do próximo leilão de petróleo da ANP, marcado para a próxima sexta-feira (27/10). 

A agenda da Câmara prevê duas reuniões do plenário nessa semana. A primeira, marcada para terça-feira, deve servir apenas para a leitura de pautas que entrarão na agenda do plenário. A MP 795, que ainda não foi lida pela mesa, entrará nessa fila. A próxima reunião plenária, marcada para quarta, no entanto, será inteiramente dedicada à apreciação da denúncia contra Temer.

A estratégia foi definida porque o governo teme que pautas polêmicas possam esquentar o plenário e se transformar em moeda de troca na votação do pedido de investigação. Ainda que seja uma medida provisória, a proposta de extensão do reme fiscal especial para o setor não está trancando a pauta pois seu prazo de análise foi prorrogado por mais 60 dias há duas semanas por decisão da mesa do Congresso. A MP 795 foi aprovada na comissão mista na semana passada, mas sua votação mostrou insatisfação mesmo na base do governo. 

Correligionário do presidente da Câmara, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) se alinhou à oposição depois que suas propostas de emendas ao texto não foram acolhidas pelo relator da MP, deputado Julio Lopes (PP-RJ). Isso depois que o projeto foi alvo de críticas da base do governo e da oposição por originalmente dar isenção fiscal para importação de navios de cabotagem. A proposta só foi aprovada após o relator publicar uma complementação do voto retirando as embarcações desse tipo da regra de isenção de tributos.

A estratégia governamental joga por terra o objetivo do deputado Julio Lopes, que pretendia aprovar a MP na Câmara e no Senado ainda esta semana. Segundo ele, a aprovação daria impulso para que os lances nos leilões do pré-sal fossem mais elevados pois traria estabilidade jurídica e previsibilidade fiscal às empresas do setor. Em entrevista à E&P Brasil, Lopes afirmou que se fosse aprovada celeremente, a MP do Repetro poderia dar “um impacto no leilão do pré-sal de R$ 1 bilhão para cima”.

Agora, o objetivo do relator – que esteve em reunião no Planalto na última quarta-feira –  é aprovar a medida o mais rápido possível após a apreciação da denúncia contra o presidente.