BRASÍLIA e RIO – Em meio ao noticiário caótico, com notícias e desmentidos de trocas na cúpula da Petrobras, o conselho segue cumprindo internamente os ritos para reconduzir os quadros indicados pela União – e a disputa inevitável entre os minoritários.
Ontem (12/3), o CA validou a indicação dos nomes ligados ao PT, entre eles o presidente-executivo e ex-senador Jean Paul Prates; e o presidente do colegiado, Pietro Mendes, secretário de Petróleo e Gás de Alexandre Silveira, do PSD, como publicou o político epbr.
O cronograma atual prevê a realização da assembleia em 25 de abril. O material deve ser liberado oficialmente aos acionistas em 22 de março.
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A reunião do conselho ocorreu à tarde. Na sequência, Silveira deixou o encontro com Lula e Fernando Haddad comunicando aos jornalistas que a Petrobras está em um momento oportuno para ter um indicado do ministro da Fazenda no CA.
Desde o ano passado, o assessor especial de Haddad, Rafael Dubeux figura entre os nomes do ministro da Fazenda. Ele trabalha com Haddad desde a transição de governo, dedicado à agenda de transição ecológica e, portanto, é um importante auxiliar do ministro, inclusive para temas relacionados à política energética.
Em meio à constante disputa por influência entre Silveira e Prates – e a pressão do governo e do PT por resultados – a recondução dos conselheiros tem sido marcada por especulações envolvendo a troca dos nomes e um trabalho nos bastidores para reduzir a influência de Silveira no conselho da companhia.
Até aqui, os ritos para manter correlação de forças representadas no conselho da companhia vem ocorrendo normalmente, desde fevereiro, quando os nomes passaram pela Casa Civil e foram despachados para a Petrobras.
São os três conselheiros ligados a Silveira; o secretário de Rui Costa, Bruno Moretti; Sérgio Rezende, ex-ministro e quadro do PSB; e Prates, escolhido por Lula para comandar a estatal.
Além de Prates e Pietro Mendes, foram validadas todas as indicações, com exceção de Benjamin Rabello Filho, indicado pela União este ano, que ainda passava pela burocracia interna da companhia.
Dentre os minoritários, Marcelo Mesquita não poderá ser reconduzido e é favorável à escolha de Jerônimo Antunes para o seu lugar, ex-conselheiro independente e presidente dos comitês de auditoria da Petrobras e da Petrobras Distribuidora. Antunes é uma indicação da Templeton.
Outro na disputa é Aristóteles Nogueira, indicado por um conjunto de fundos: Opportunity, Ibiuna, XP Gestão e XP Allocation. Foi analista na Brasil Plural CCTVM e no próprio Opportunity e atuou na área de gestão de recursos do Banco Safra.
A expectativa é que o banqueiro e bilionário, detentor de ações da companhia, José Abdalla Filho, e Marcelo Gasparino (próximo de Abdalla) terão os votos para se reeleger.
O quarto conselheiro dos minoritários é Francisco Petros, que chegou no colegiado para compor os esforços para tirar a Petrobras da vala de descrédito pós-Lava Jato.
Petros é, claro, crítico de tentativas de tornar a empresa um puxadinho de interesses políticos. Mas disputa espaço com Abdalla e Gasparino.
Dentre as visões opostas está justamente a política de distribuição dos lucros, em que Petros é mais conservador frente aos defensores do máximo pagamento aos acionistas.
Todos os minoritários votaram contra a retenção total, proposta e aprovada pelo governo – sem o voto de Jean Paul Prates. É mais uma decisão a ser tomada até a assembleia de 25 de abril.
Atualizado às 16:28 para incluir que Aristóteles Nogueira também foi indicado pelos fundos Ibiuna, XP Gestão e XP Allocation