Diálogos da Transição

Minas Gerais entra no mapa do hidrogênio verde

Empresa alemã investirá R$ 70 milhões na fabricação de eletrolisadores e reformadores para hidrogênio em Belo Horizonte

Minas Gerais entra no mapa do hidrogênio verde
Lançamento da pedra fundamental com o Vice-Chanceler da Alemanha, Robert Habeck, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, e o diretor-geral da Neuman & Esser Brasil, Marcelo Veneroso (Foto: Rodrigo Clemente/PBH)

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Editada por Nayara Machado
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O grupo Neuman & Esser lançou, no domingo (12/3), a pedra fundamental da primeira unidade dedicada à fabricação de geradores de hidrogênio verde (H2V) da América Latina. E vai produzir reformadores de etanol e biometano, de olho nos clientes do agro.

Com apoio da Invest Minas, a empresa alemã investirá R$ 70 milhões na fabricação de equipamentos como eletrolisadores de tipo PEM e alcalino e reformadores que poderão ser adaptados de acordo com a necessidade e os recursos de cada local de produção.

Para abrigar o empreendimento, o grupo vai ampliar a unidade da empresa no bairro Olhos D’Água, em Belo Horizonte. As informações são da Agência Minas.

“Vamos investir na extensão de nossa capacidade produtiva em Belo Horizonte, quadruplicando nossa área industrial, com foco no processo de fabricação de eletrolisadores e reformadores para geração de hidrogênio, utilizando tecnologia própria”, conta o diretor-geral da Neuman & Esser Brasil, Marcelo Veneroso.

Recentemente, a empresa entregou e comissionou o maior eletrolisador do tipo PEM instalado na América Latina, 100% industrializado em Belo Horizonte.

Commodities verdes. Minas Gerais foi o primeiro estado da região a aderir à campanha Race To Zero, da ONU, para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2050.

Mas terá um longo caminho pela frente: terceiro maior emissor brasileiro, o estado lançou 168 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera em 2021. Desse total, 36% vieram da agropecuária, 22% de mudanças no uso da terra (desmatamento), 21% da energia e 16% da indústria (dados do SEEG).

“Viabilizar um investimento desse é um passo importante para a descarbonização da economia”, comenta o CEO da Invest Minas, João Paulo Braga.

Esta semana, a capital mineira recebe o 39º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), com transição energética e mudanças climáticas no centro dos debates.

Por ser um exportador de commodities, descarbonizar a produção mineira (e brasileira) é questão de sobrevivência, conforme os mercados vão se organizando para estabelecer padrões verdes no comércio internacional.

E o hidrogênio chega com a promessa de fornecer energia limpa para a indústria intensiva e mineração, por exemplo, enquanto insere produtores de etanol e biometano nesta nova economia.

“Minas Gerais tem um grande potencial para ser um dos principais mercados de hidrogênio verde. Primeiro pela capacidade de produção, já que temos 99% da nossa matriz energética de fontes renováveis. Segundo, pelo consumo”, defende Ronaldo Alexandre Barquette, diretor da Invest Minas, .

Segundo Barquette, muitos dos principais setores que podem consumir o combustível têm grande presença na economia mineira.

Incentivos

A fábrica pode parecer um pequeno passo, mas não é o primeiro.

A Assembleia Legislativa estadual analisa, desde  2021, um marco legal para posicionar Minas Gerais como produtora e exportadora de H2V, ou de produtos com baixa pegada de carbono, como aço verde e amônia verde.

PL propõe estimular o uso do H2V na produção de fertilizantes e no transporte público, além de estabelecer instrumentos de incentivo à produção e aquisição de equipamentos relacionados à cadeia.

Ainda precisa ser aprovado e sancionado, mas o marco tenta preencher uma lacuna regulatória, enquanto o país ensaia seu plano nacional.

Também no domingo, o secretário de Planejamento e Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Barral, disse que o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) é uma das prioridades do ministro Alexandre Silveira.

“Estamos trabalhando para lançar um plano de ações que seja ambicioso e que contribua de forma concreta para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio de baixo carbono no Brasil”.

Barral está em BH, na reunião da Comissão Mista Brasil-Alemanha, para tratar da parceria energética entre os dois países. Uma força-tarefa está avaliando produção, logística e uso do hidrogênio verde.

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Curtas

Quer trabalhar com hidrogênio?

Estudo do SENAI com o projeto H2Brasil mapeou as profissões que irão atuar com o hidrogênio verde no país, com oportunidades para engenheiros das mais diversas especialidades, economistas, especialistas em regulação e legislação, além de profissionais de nível técnico de perfis já consolidados (como eletrotécnica, mecânica, química e outros) que recebam formação específica em H2V. Veja o estudo (.pdf)

Adaptação nas cidades

A deputada Erika Hilton (Psol/SP) apresentou um projeto de lei para incluir a adoção de medidas de adaptação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas entre as diretrizes das políticas urbanas previstas no Estatuto da Cidade.

Em análise na Câmara dos Deputados, o PL 380/23 também prevê, entre os instrumentos da política urbana, estudos de análise de riscos e vulnerabilidades climáticas. Para Hilton, há uma carência de legislações específicas para as mudanças climáticas nos centros urbanos brasileiros e o impacto é sentido  principalmente pelas moradoras e moradores mais vulneráveis da cidade. Agência Câmara

Bombas de metano

Mais de 1.000 locais de “superemissores” despejaram o potente gás de efeito estufa na atmosfera global em 2022, principalmente de instalações de petróleo e gás, revela o The Guardian. O pior vazamento único expeliu a poluição a uma taxa equivalente a 67 milhões de carros rodando.

Dados separados também revelam 55 “bombas de metano” em todo o mundo – locais de extração de combustível fóssil onde apenas vazamentos de gás da produção futura liberariam níveis de metano equivalentes a 30 anos de todas as emissões de gases de efeito estufa dos EUA.

Vítimas da inflação

De Nova York ao Mar do Norte, os projetos eólicos offshore estão enfrentando atrasos devido ao aumento das taxas de juros e custos de materiais mais altos.  Um raro ponto brilhante é a China, onde as instalações devem se recuperar este ano após uma grande queda pós-subsídio em 2022. Bloomberg

Solar na Vivo

O BNDES aprovou financiamento de R$ 90 milhões para a Helexia implantar 17 usinas fotovoltaicas nos municípios de Loanda (PR), Cidade Gaúcha (PR), Alto Paraná (PR), Paranaíba (MS) e Rolim de Moura (RO). Somando potência instalada de 19 MWAC, na modalidade de geração distribuída, as usinas injetaram toda a energia na rede para compensar o consumo das subsidiárias da Vivo nessas regiões. A previsão é que todas as plantas estejam em operação ainda em 2023.

Banco digital

A 2W Energia mudou o nome para 2W Ecobank e vai oferecer serviços financeiros para pequenas, médias e grandes empresas. Além de comercializar e gerar energia eólica em seus parques localizados nos estados do Ceará (em construção) e Rio Grande do Norte (operacional), a companhia oferece uma plataforma de serviços como totem de carregamento para veículo elétrico, jornada ESG, inventário de carbono, entre outros.

Vaga em plataformas

A Constellation Oil Services está com 55 vagas abertas para trabalhar embarcado em plataformas de prestação de serviços de petróleo em alto mar. Há oportunidades para os níveis de ensino médio, técnico e superior. As posições estão abertas para candidatos de todo o país. Os embarques serão realizados, inicialmente, a partir da cidade de Macaé e proximidades. Para conferir as vagas e se candidatar, acesse os canais oficiais: site e LinkedIn.