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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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O valor total dos principais mercados regulados de carbono deve ultrapassar US$ 800 bilhões este ano, apesar da queda no volume de negociação ainda em consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia, avalia um relatório da BloombergNEF.
De acordo com os analistas, o aumento de 5% no valor reflete a alta nos preços das permissões pós-reformas para alavancar os mercados.
Ao mesmo tempo, preocupações relacionadas ao acesso e segurança energética e a inflação ajudaram a reduzir a liquidez das negociações de permissões desde o pico em 2021.
“Os volumes de negociação têm apresentado uma tendência de queda desde o pico em 2021. Mais de um quinto foi reduzido no ano passado como consequência da guerra na Ucrânia e do aumento subsequente na volatilidade dos produtos básicos. Incertezas políticas em torno das reformas nos mercados de carbono e taxas de juros mais altas também contribuíram para a queda na atividade de negociação”, avalia a BNEF.
Ainda assim, a expectativa é que os mercados de carbono continuem a ser uma ferramenta essencial para os legisladores nesta década.
“Novos mercados estão programados para serem lançados no Brasil, México e Índia, e os reguladores continuarão a implementar reformas para reduzir o fornecimento nos mercados existentes, aumentando os preços”, indica o relatório.
A perspectiva mais recente da BNEF para o Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS) – referência para outros mercados – estima que os preços das permissões atingirão €149 por tonelada de CO2 (US$ 157/t) em 2030, em comparação com cerca de €85/t atualmente.
Novos mercados
A União Europeia deve seguir na liderança com o maior mercado de carbono do mundo em termos de volume e valor negociado, mas sua participação está diminuindo.
Atualmente, o bloco negocia cerca de 8 bilhões de permissões.
“A proliferação do comércio de carbono em todo o mundo viu novos mercados primários leiloando permissões pela primeira vez. Como resultado, a parcela da União Europeia nos volumes leiloados caiu de 73% em 2017 para 53% neste ano”, diz a BNEF.
Voluntários em crise
No mercado voluntário, uma crise de confiança chama a atenção para a necessidade de mecanismos de governança mais robustos para garantir transparência e integridade, avaliam especialistas entrevistados pela agência epbr.
Nesta segunda (31/10), reportagem da Folha revelou que a Petrobras comprou créditos de carbono para neutralizar as emissões relacionadas à gasolina Podium de um projeto com problemas na documentação da posse das terras e registros de desmatamento.
Os títulos vêm do Envira Amazônia, localizado no município de Feijó, no Acre, que em maio de 2023 teve a renovação da sua certificação negada pela Verra.
A organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos é hoje a maior certificadora mundial de compensações voluntárias de carbono, mas seu filtro tem deixado passar alguns projetos questionáveis.
Dentre os fatores que podem levar a vulnerabilidade desse mercado, estão a baixa qualidade técnica, rastreabilidade, metodologias carentes de taxonomia e falta de rastreabilidade e fiscalização governamental.
Questões fundiárias e mercados secundários são outros problemas que têm chamado a atenção de quem acompanha essas transações. Confira: O mercado voluntário de carbono está em crise? Entenda a discussão sobre qualidade dos créditos
Cobrimos por aqui:
- Iniciativa tenta organizar reivindicações climáticas com créditos de carbono
- Indústrias querem evitar viés arrecadatório em mercado regulado de carbono brasileiro
- Proposta da indústria para mercado regulado de carbono estima receitas de R$ 128 bi
- Preço do carbono foi insuficiente para frear carvão em 2022
Curtas
Hidrogênio
O Brasil já perdeu a primeira onda de investimentos em hidrogênio renovável e eólica offshore, afirmou Mauro Andrade, diretor da Prumo Logística, em entrevista ao estúdio epbr durante a OTC Brasil 2023 .
Segundo o executivo, o país precisa agilizar a criação do arcabouço regulatório das atividades e as políticas de incentivo para esses dois novos mercados que estão apoiando a transição energética em outros países.
Biometano
A São Martinho anunciou nesta terça-feira (31/10) a construção de sua primeira planta de biometano na unidade de Santa Cruz, localizada em Américo Brasiliense, no interior de São Paulo. O biogás será produzido a partir da biodigestão da vinhaça, um subproduto da produção de etanol.
A empresa investirá R$ 250 milhões na fábrica que terá capacidade de produzir 15 milhões de metros cúbicos de biometano por safra. O projeto também vai gerar créditos de descarbonização (CBIOs).
Eletrificando
A Toyota anunciou nesta terça-feira (31/10) que irá ampliar para US$ 13,9 bilhões (R$ 70 bilhões) seu investimento em uma fábrica de baterias na cidade de Liberty, Carolina do Norte (EUA). Com isso, a montadora vai quadruplicar a capacidade da planta para fabricar baterias de veículos elétricos e híbridos plug-in.
G7 pressiona Vietnã para reduzir carvão
O grupo dos sete países mais ricos ofereceram ao Vietnã um empréstimo de pouco mais de US$ 300 milhões para reduzir o uso do carvão, como parte de um pacote que o governo local está relutante em aceitar, porque vai sair mais caro. As informações são da Reuters