Biocombustíveis

Mercado paga até duas vezes mais por etanol de segunda geração, diz CEO da Raízen

A Raízen inaugurou sua segunda planta de E2G, no Parque de Bioenergia Bonfim, em Guariba (SP), com capacidade de produção de 82 milhões de litros/ano

Mercado paga até duas vezes mais por etanol de segunda geração (Foto Marcos Corrêa/PR)
Presidente da Raízen, Ricardo Mussa (Foto Marcos Corrêa/PR)

GUARIBA, SP — O CEO da Raízen, Ricardo Mussa, disse nesta sexta (24/5) que o mercado internacional paga um “prêmio” pelo etanol de segunda geração (E2G), que pode chegar ao dobro do preço do etanol de primeira geração, por ter uma pegada de carbono menor, além de ser considerado como um produto que não compete com a produção de alimentos.

“O E2G tem como principal insumo não o caldo da cana, mas o bagaço da cana. O bagaço é um resíduo que antes era muito mal aproveitado”, disse.

A Raízen inaugurou nesta sexta sua segunda planta de E2G, no Parque de Bioenergia Bonfim, em Guariba (SP). Com capacidade de produção de 82 milhões de litros por ano, a planta tem 80% do volume contratado. O investimento foi de R$ 1,2 bilhão.

Todas as unidades já têm contratos de longo prazo para a comercialização do produto, sobretudo para clientes na Europa, Estados Unidos e Ásia.

“A gente enxerga no E2G uma das maiores apostas para a transição para a economia de baixo carbono. Esse é o conceito da economia circular, que é aproveitar o resíduo para fazer o produto”, acrescentou Mussa.

O etanol de segunda geração é produzido a partir da fermentação do resíduo da cana-de-açúcar, o bagaço, e tem uma pegada de carbono 30% menor do que o etanol de primeira geração.

Segundo o CEO, a companhia está conversando “ativamente” com produtores de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) para fornecer o E2G como insumo, sobretudo na Europa, mas ainda não pode anunciar nenhuma parceria. 

“O que a gente pode dizer é que esse é um mercado de curto prazo”, disse a jornalistas após o evento.

Ao todo, o plano de negócios da Raízen prevê 20 unidades de E2G até 2031, numa capacidade de produção total de 1,6 bilhão de litros por ano. 

“Estamos aumentando a produção de etanol sem diminuir a produção de alimentos”, disse o presidente do conselho da Cosan, Rubens Ometto.

A Raízen  é uma joint venture entre a Cosan e a Shell. Essa é a segunda usina de etanol 2G da companhia. A primeira é o Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba (SP). A companhia anunciou a construção de nove plantas de E2G ao todo, sendo oito nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul e uma ainda sem localização definida.

*A jornalista viajou a convite e com despesas pagas pela Raízen