RECIFE — Levantamento da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) aponta que 83% dos 45 GW de energia elétrica centralizada que estão em fase de construção no Brasil estão vinculados ao mercado livre de energia. Esses projetos estão previstos para entrar em operação até 2026.
Segundo a associação, o ambiente de contratação onde fornecedores e consumidores negociam livremente viabilizou mais de R$ 150 bilhões de investimentos para os próximos cinco anos.
A nível de comparação, um estudo realizado pela Abraceel em 2019 mostra que o ambiente de contratação livre respondeu, naquele ano, por 34% de toda a expansão do parque gerador prevista para ser entregue em cinco anos.
Já um novo recorte realizado em 2021, em meio à pandemia de covid-19 e paralisação dos leilões regulados, detectou que a parcela cresceu para 72%, chegando agora, em 2022, a 83%.
O estudo também mostra que o mercado livre viabilizou 68% da oferta de geração elétrica a biomassa e 61% da de pequenas centrais hidrelétricas (PCH, até 30 MW) e centrais geradoras hidrelétricas (CGH, até 5 MW) com previsão de operação até 2026.
Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Abraceel, afirma que esse modelo de contratação de energia tem se mostrado fundamental para ampliar a geração renovável.
“No mercado livre, quem dá a diretriz é o consumidor, e o consumidor quer energia barata e renovável. No Brasil, a energia mais barata é a renovável”.
PL 414
A associação é uma das vozes em defesa da abertura do mercado de energia elétrica no Brasil com o Projeto de Lei 414/2021.
A estimativa é que a redução nos gastos com energia possa chegar a R$ 210 bilhões até 2035, com a entrada de novos consumidores na modalidade — um desconto médio de 27% na compra de energia.
Essa redução de custo no preço da energia, um dos componentes da tarifa, permitirá uma redução média na conta de luz de 15%, resultado que contribuirá para reduzir em 0,61 ponto percentual o IPCA, índice oficial de inflação brasileiro.
A associação utilizou como premissa o estabelecimento de um cronograma gradual de abertura do mercado de energia, que possibilite a escolha, a partir de janeiro de 2024, para todos os consumidores conectados à rede de alta tensão e em janeiro de 2026 para os demais, inclusive os residenciais.
O cálculo leva em consideração que a migração potencial de consumidores ocorrerá gradualmente ao longo dos anos, até que o mercado livre, que hoje corresponde a 35% do mercado nacional de energia elétrica, chegue a 2029 com 70%.
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Eólica e solar lideram expansão da oferta
As fontes de energia solar e eólica lideram a expansão da oferta de energia elétrica no Brasil, com 82% da geração total em construção e prevista para entrar em operação até 2026.
Com isso, 97% da capacidade das usinas centralizadas fotovoltaicas em construção está destinada ao mercado livre. No caso das usinas eólicas, 86%.
Dados do BNDES repassados pela associação concluem que, do total de projetos eólicos e solares financiados pelo banco entre 2018 e 2021, 49% receberam suporte das comercializadoras.
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