Diálogos da Transição

Mar de Minas: Cemig licencia eólica offshore de 1,5 GW

Brasil tem 176,5 GW em projetos eólicos offshore com pedidos de licenciamento no Ibama

Mar de Minas: Cemig licencia eólica offshore de 1,5 GW. Na imagem: Turbinas eólicas em alto mar para geração offshore (Foto: Elke/Pixabay)
Eólicas offshore dependem de definições regulatórias para saírem do papel no Brasil (Foto: Elke/Pixabay)

newsletter

Diálogos da Transição

APRESENTADA POR

Editada por Nayara Machado
[email protected]

Os pedidos de licenciamento no Ibama para instalação de parques eólicos offshore, na costa brasileira, somaram 176,5 GW no início de dezembro, de acordo com dados do instituto divulgados esta semana.

No mapeamento anterior, de agosto, eram 169 GW.

São quatro projetos novos, três no Ceará e um no Rio Grande do Norte.

No Ceará, a Companhia Energética Minas Gerais (Cemig) quer instalar o Mar de Minas, um parque offshore com cem aerogeradores e capacidade total de 1,5 GW.

Além da empresa mineira, outras duas entraram com pedidos no Ibama entre setembro e novembro para empreendimentos eólicos no mar cearense. Monex (Ventos do São Francisco, cerca de 2,9 GW) e Itapipoca (720 MW).

No Rio Grande do Norte, a novidade também é da Monex. O empreendimento proposto terá 131 aerogeradores compondo o parque Ventos do Caiçara, com potência instalada total de pouco mais de 1,9 GW.

A concretização desses projetos, contudo, não depende do Ibama. O setor aguarda a conclusão da regulação da atividade, para definir, por exemplo, como será feita a concessão de áreas para exploração.

A pauta está na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que marcou a continuidade da agenda regulatória para o 1º semestre de 2024.

Por decisão do governo federal, a Aneel é a principal agência responsável pela contratação das áreas marítimas para geração de energia.

As novas competências da agência foram definidas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), enquanto o Congresso Nacional também debate um conjunto de regras para o setor.

Eólica em expansão

No mudo, a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) projeta uma queda de mais de 30% nas adições anuais de capacidade eólica offshore este ano, em comparação com 2021. Mas vê as instalações dobrando até 2027 para mais de 30 GW.

A desaceleração em 2022 vem após a expansão recorde da China no ano passado e previsão de queda pela metade agora que os desenvolvedores não estão mais correndo para aproveitar subsídios.

Já nas adições terrestres a previsão é de sair de 74 GW em 2021 para 109 GW em 2027.

“As adições de energia eólica onshore estão aumentando mais rapidamente em países que possuem estruturas políticas estáveis ​​que fornecem certeza de receita de longo prazo, políticas que abordam desafios de permissão e planos para expansão oportuna da rede”, explica a agência em relatório publicado esta semana.

“No entanto, apenas um pequeno número de países, incluindo China, Alemanha e Espanha, até agora fizeram melhorias em todas as três áreas”, aponta.

Semelhante à energia solar fotovoltaica, os altos preços de commodities e frete levaram os custos de fabricação de turbinas eólicas a aumentar em 2022 para 25-30% acima do nível de 2020, exceto na China.

A IEA calcula ainda que seria necessário alcançar adições anuais de vento onshore de 145 GW em 2027 para colocar o mundo nos rumos de emissões líquidas zero até 2050. O que exigirá a resolução de questões de licenciamento, incerteza política e expansão da rede em todo o mundo.

Cobrimos por aqui:

Eletricidade para hidrogênio

Levantamento da BloombergNEF mostra que o mundo precisará de um crescimento radical na geração de energia e uma grande mudança na forma como a eletricidade é usada.

No cenário de Transição Econômica do New Energy Outlook da BNEF, o consumo de energia cresce cerca de dois terços entre 2020 e 2050, enquanto no Net Zero aumenta mais de três vezes em relação a 2020.

No centro das transformações de consumo está o hidrogênio, considerado essencial para as estratégias de descarbonização.

O gás de baixo carbono deverá substituir combustíveis fósseis em processos industriais de alta emissão e no transporte pesado, elevando o consumo de hidrogênio de tal forma que ele se torna a principal fonte de demanda até 2050, superando tanto o setor de edifícios quanto a indústria. Veja o relatório

Primeiro hidrogênio verde do Brasil

A TÜV Rheinland avaliou e certificou a produção de hidrogênio verde (H2V) dentro da cadeia de fornecimento do gás da White Martins em Pernambuco. É o primeiro H2V produzido na América do Sul. Ao todo, 156 toneladas de H2V serão produzidas por ano em escala industrial.

Gostou? Compartilhe no WhatsApp!

Cenário promissor para solar

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) projeta que os novos investimentos gerados pelo setor poderão ultrapassar a cifra de R$ 50 bilhões no próximo ano, incluindo as usinas de grande porte e os pequenos sistemas em telhados, fachadas e terrenos.

A associação espera que a adição de potência instalada seja superior a 10 gigawatts (GW), chegando a um total acumulado de mais 34 GW, um crescimento de mais de 52% sobre a potência solar atual do país.

Dos 34 GW totais, 21,6 GW serão provenientes de pequenos e médios sistemas instalados pelos consumidores nas residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, enquanto os 12,4 GW estarão em grandes usinas solares.

Captura de CO2 do ar

A petroleira Repsol Sinopec Brasil assinou nesta terça (6/12) um acordo de desenvolvimento comum com a PUCRS e a startup alemã DACMa GmbH para desenvolver a tecnologia de remoção de CO2 do ar e avaliar opções para seu armazenamento geológico, com objetivo de abater emissões.

Segundo a companhia, o projeto é pioneiro na América Latina e faz parte do programa de pesquisa da Repsol Sinopec com foco em tecnologias para gestão do carbono das atividades de exploração e produção de petróleo.