Diálogos da Transição

Maioria dos passageiros entende que aviação tem impacto ambiental significativo

Levantamento da McKinsey com cerca de 5.500 pessoas em 13 países mostra que pauta ambiental vem ganhando peso entre passageiros da aviação

Maioria dos passageiros acha significativo o impacto ambiental da aviação
Quase 40% dos viajantes em todo o mundo estão dispostos a pagar pelo menos 2% a mais por passagens neutras em carbono, aponta a McKinsey (Fofo: Nel Botha/Pixabay)

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eixos.com.br | 14/04/22
Apresentada por

Editada por Nayara Machado
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Um levantamento da McKinsey com cerca de 5.500 pessoas em 13 países mostra que a pauta ambiental está ganhando peso entre os passageiros da aviação. As emissões são agora a principal preocupação dos entrevistados em 11 dos países pesquisados, contra quatro na mesma pesquisa realizada em 2019.

Mais da metade disse estar “realmente preocupada” com as mudanças climáticas e que a aviação deve se tornar neutra em carbono no futuro.

As entrevistas foram feitas em julho de 2021 e coletaram informações da mesma quantidade de homens e mulheres que fizeram um ou mais voos nos 12 meses anteriores, nos EUA, Canadá, Reino Unido, Suécia, Espanha, Polônia, Alemanha, Arábia Saudita, Índia, China, Japão, Austrália e Brasil.

Embora preço e conexões permaneçam como prioridades nas decisões de reserva, a McKinsey afirma que quase 40% dos viajantes em todo o mundo agora estão dispostos a pagar pelo menos 2% a mais por passagens neutras em carbono, ou cerca de US$ 20 por uma ida e volta de US$ 1.000.

Além disso, 36% planejam voar menos para reduzir seu impacto climático.

“As atitudes e preferências variam muito entre os países e segmentos de clientes. Cerca de 60% dos viajantes na Espanha estão dispostos a pagar mais por voos neutros em carbono, por exemplo, em comparação com 9% na Índia e 2% no Japão”, apontam os analistas.

Vale dizer: após uma década de crescimento constante no tráfego de passageiros, as viagens aéreas foram duramente atingidas pela pandemia. As viagens aéreas internacionais caíram quase 100%, e as reservas gerais caíram mais de 60% em 2020, de acordo com o Airports Council International.

Em seu relatório de outubro de 2021, antes do surgimento da variante Omicron, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) previu que as perdas do setor seriam de cerca de US$ 52 bilhões em 2021 e US$ 12 bilhões em 2022.

Cobrimos por aqui:

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Uma prioridade para os viajantes, mas nem tanto para as empresas brasileiras. Um estudo da consultoria Luvi One mostra que 29% das companhias brasileiras listadas na B3 tem metas de redução de emissões de gases de efeito estufa — na Europa são 81%.

E apenas 16% delas incluem a preservação das florestas em suas metas climáticas. 

Levando em conta as metas específicas, o resultado é ainda pior: 15% assumem compromissos para redução de emissões com prazo e percentual de redução a ser atingido, e somente 5% quando o assunto é contribuir com um freio no desmatamento no país.

A Luvi One analisou as 384 empresas listadas na B3, excluindo as de um mesmo grupo, verificando os relatórios publicados. A conclusão é que Madeira e Papel, e Energia Elétrica são os segmentos melhor posicionados no combate ao desmatamento, com 67% e 53% das companhias, respectivamente, com metas neste quesito.

Na Agropecuária, vista como vilã nesse assunto, metade das empresas tem compromisso para reduzir o desmatamento.

Do lado oposto — com pior desempenho na questão das florestas — estão setores de produtos de uso pessoal e limpeza, tecidos, calçados e vestuário, computadores e equipamentos, entre outros. Essas companhias não possuem nenhuma meta para redução do desmatamento.

Felipe Gutterres, CEO da Luvi One, destaca que há um atraso das empresas brasileiras nas questões de ESG (sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança).

“A não ser pelas empresas que têm as florestas como parte do seu negócio principal, as demais não consideram o tema como deveriam.  Me parece que tem uma grande geração de valor a ser descoberto na preservação de florestas com o mercado de crédito de carbono, por exemplo”.

Lá fora, investidores começam a pressionar — ainda que timidamente.

Nesta quinta (14/4), a BlackRock projetou que até 2030 pelo menos três quartos de seus investimentos em empresas e governos estarão vinculados a emissores com meta científica de reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa a zero até 2050, acima dos 25% atuais.

É a primeira vez que a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo com US$ 9,6 trilhões em ativos, disse como seu portfólio poderia ficar em 2030 no que diz respeito às emissões, mas continua sendo uma expectativa e não uma meta firme. Reuters

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