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Maior torre eólica de madeira do mundo está em construção na Suécia

Prevista para ficar pronta ainda este ano, torre suportará uma turbina de 2 megawatts, produzida pela dinamarquesa Vestas

Torre da turbina eólica de madeira Wind of Change, de 105 metros (a mais alta do gênero), está sendo construída na Suécia pela Modvion (Foto: Paul Wennerholm)
Torre eólica de madeira Wind of Change da Modvion (Foto: Paul Wennerholm)

BRASÍLIA – Uma torre de turbina eólica de 105 metros feita de madeira, a mais alta do gênero, está sendo construída na Suécia pela empresa de tecnologia de madeira Modvion.

A primeira instalação comercial da startup está sendo construída para a empresa de energia Varberg Energi, no município de Skara, na Suécia.

“Este é o início de uma nova indústria verde. Ao utilizar matérias-primas nórdicas e tecnologia sueca, podemos permitir energia eólica neutra para o clima para um mercado global em crescimento”, afirma Otto Lundman, CEO da Modvion.

Na torre será montada uma turbina de 2 megawatts, produzida pela fabricante dinamarquesa de turbinas eólicas, Vestas, também acionista da Modvion desde 2021.

Incluindo as pás, a altura total do equipamento será de 150 metros. Esta é a primeira vez que a tecnologia de torre da Modvion será combinada com uma turbina da Vestas. Segundo a companhia, o aerogerador está previsto para entrar em operação antes do final do ano.

Fase final de montagem

Em junho, a Modvion comunicou ao mercado que os últimos módulos – feitos de madeira folheada laminada (LVL) – estavam sendo fabricados nas suas instalações em Gotemburgo, inaugurada em 2022.

Os módulos são montados quatro a quatro no canteiro de obras em sete seções que formarão a torre finalizada. Os trabalhos no local começaram no início deste ano com a colocação das fundações e em junho os módulos foram transportados para o local onde a montagem das seções começou.

“Estamos entusiasmados em ver este projeto se tornar realidade. Apoiaremos a estratégia da Modvion de expansão e trabalharemos com eles para fornecer torres de madeira como uma oferta ao crescente mercado de turbinas eólicas”, disse Todd O’Neill, CEO da Vestas Ventures, na época.

Por que a madeira?

Tradicionalmente, as torres eólicas são fabricadas a partir do aço, um insumo que requer muita energia para ser fabricado – e é altamente intensivo em emissões de carbono atualmente, já que o combustível que alimenta os fornos é fóssil.

O avanço vertiginoso das instalações eólica e solar no mundo tem levantado questionamentos sobre a sustentabilidade da cadeia de suprimentos, o que tem levado alguns investidores a buscar por alternativas com menor impacto ambiental.

A proposta da Modvion é justamente atender essa demanda.

A startup, fundada em 2016, recebeu financiamento da União Europeia e da Agência Sueca de Energia. No início deste ano, o grupo captou 125 milhões de coroas suecas (US$ 11 milhões) a partir da emissão de notas conversíveis.

Está prevista também uma rodada de capital de 20 milhões de euros (US$ 21 milhões) que deve ser concluída no primeiro trimestre de 2024, ajudando a financiar a torre de 105 metros, segundo informações da Bloomberg.

Mais leves, mais resistentes e negativas em carbono

Ao mudar para uma torre de madeira, a Modvion calcula que as emissões de carbono são reduzidas em cerca de 90% durante a fabricação, enquanto o próprio material armazena carbono. O resultado é um componente negativo em carbono, armazenando mais CO2 do que o emitido durante a produção.

Além disso, garante que a madeira laminada com que são feitos os módulos é mais resistente que os tipos de aço utilizados nas torres dos aerogeradores, possibilitando torres mais leves e que aguentam um peso maior.

O transporte também é mais simples, por conta do design modular patenteado pela companhia sueca, o que permite procedimentos de autorização mais ágeis para transporte nas estradas.

“A madeira permite construir torres mais altas com menor custo, o que torna a energia eólica mais eficiente, uma vez que os ventos são mais fortes e estáveis ​​nas alturas. Isso proporciona mais eletricidade a partir de cada licença para construir turbinas eólicas”, diz Otto Lundman.