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Lula cobra Petrobras lucrativa para aumentar investimentos

Presidente e ministros participam de cerimônia de posse de Magda Chambriard no Rio de Janeiro

“Vamos explorar”, diz Lula sobre a abertura de nova fronteira exploratória de óleo e gás na Margem Equatorial. Na imagem: Presidente Lula durante a solenidade de posse de Magda Chambriard no cargo de Presidente da Petrobras, no Cenpes, no Rio, em 19/6/2024 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Presidente Lula durante a solenidade de posse de Magda Chambriard no cargo de Presidente da Petrobras, no Cenpes, no Rio (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

RIO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que quer uma Petrobras lucrativa, para fazer mais investimentos e pagar dividendos e impostos, rebatendo críticas do mercado financeiro. Ele participou nesta quarta-feira (19/6), ao lado de seis ministros, da posse da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

“Ninguém quer que um acionista tenha um centavo de prejuízo. Se investiu, tem direito a ter o retorno do investimento. Ninguém quer uma empresa deficitária”, afirmou o presidente. “Sem investimentos, a Petrobras não cresce e o Brasil fica prejudicado”, disse.

Na cerimônia, Chambriard reforçou que o plano estratégico 2024-2028, aprovado no final do ano passado, será cumprido.

Além de Lula e do ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, participaram do evento Rui Costa, da Casa Civil, e Márcio Macedo, da Secretaria-Geral, ambos palacianos.

Além de Margareth Menezes (Cultura), Luciana Santos (MCTI) e Fernando Haddad (Fazenda).

Cobrança por investimentos

Lula citou a construção de plataformas no Brasil, relembrando experiências do passado, mas cessadas nos governos que sucederam o PT no poder. E a descoberta do pré-sal.

O ex-diretor da Petrobras, Guilherme Estrella, um dos geólogos à frente da descoberta do pré-sal, participou do evento.

Lula passou por todas as áreas da companhia, cobrando mais investimentos em gás natural, fertilizantes e biocombustíveis e novos produtores, como o hidrogênio verde

“O caminho é para se posicionar como uma das maiores empresas de energia do mundo”, afirmou.

Lula voltou a criticar a Operação Lava Jato, que descobriu casos de corrupção na estatal na década passada. Segundo ele, o objetivo da operação foi destruir a imagem da empresa, que é um símbolo da soberania do país.

“A farsa que sustentou a  Lava Jato foi desmontada e aqui estamos de volta para construir a Petrobras e o Brasil”, disse.

“O que estava por trás de tudo isso era tentar um desmonte, desfazer a empresa. Quando não conseguiram, começaram a vender fatias da Petrobras, vender refinarias, vender uma fatia da BR [Distribuidora], vender fábricas de fertilizantes”, acrescentou.

Lula criticou ainda os importadores privados de combustíveis, que, segundo ele, se beneficiaram da crise na Petrobras.

Magda diz estar ‘totalmente alinhada’

Magda Chambriard reforçou durante o discurso de posse que a visão para a empresa está “totalmente alinhada” com a do presidente Lula, assim como com a visão do mercado e da rentabilidade.

Prometeu também “investimentos consistentes, mas tempestivos, reduzindo progressivamente as emissões de carbono”.

Ela afirmou, no entanto, que os investimentos em exploração e produção de petróleo e gás vão ser fundamentais na transição para uma economia de baixo carbono.

“Não existe falar em transição energética sem mencionar que quem vai pagar essa conta é o petróleo”, disse.

Nesse contexto, defendeu a ampliação das reservas nacionais de petróleo e gás. Na ocasião, anunciou a antecipação para o último trimestre deste ano do início da operação do FPSO Maria Quitéria, que será instalado no campo de Jubarte, na porção capixaba da Bacia de Campos.

“Não podemos esquecer que as reservas do Brasil são finitas, de forma que nossa segurança energética durante a transição justa passa obrigatoriamente pela sua reposição. Nessa linha, é fundamental desenvolver novas fronteiras exploratórias, como a da Margem equatorial e do sul do Brasil”, afirmou.

Confira a transmissão da epbr da posse de Magda Chambriard

Silveira defende exploração da Margem Equatorial

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), criticou a gestão da Petrobras no governo de Jair Bolsonaro (PL), afirmando que a companhia não era respeitada nem valorizada adequadamente.

“A Petrobras do governo anterior só servia para agradar ao especulador. Ela não investia no futuro saudável e próspero da companhia. A Petrobras do governo anterior não investia no Brasil”, disse.

Silveira não mencionou em seu discurso a gestão de Jean Paul Prates, marcada por atritos desde a montagem do governo, em temas como a composição do conselho, preço dos combustíveis, reinjeção de gás natural e por fim os dividendos.

E garantiu que, sob a liderança de Chambriard, o plano estratégico será cumprido, citando os investimentos em gás natural e fertilizantes, produção de óleo e gás e a busca pela autossuficiência em combustíveis.

“A Magda é uma profissional excepcional. Deveríamos sempre nos inspirar em trajetórias como a dela”, ressaltou, lembrando a experiência da executiva como diretora-geral da ANP durante o governo Dilma Rousseff (PT).

“Foram 38% de valorização em apenas dois anos do nosso governo. Só em 2023, a Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 124,6 bilhões, o segundo montante mais alto da história da companhia”, afirmou.

Silveira afirmou que a exploração da Margem Equatorial pode ser a “última fronteira de óleo e gás antes da consolidação da transição energética”.

Ao mencionar o Ibama, órgão ambiental que negou a licença para o projeto da Petrobras no Amapá, afirmou: “Companheira Magda, vamos construir, junto com o Ibama, tecnicamente, um caminho ambientalmente seguro”.

“Nós já estamos investindo nos combustíveis verdes, nas fontes de energia eólicas e fotovoltaicas, e vamos fazer mais ainda quando o projeto de lei do Combustível do Futuro for assinado pelo presidente Lula”, reforçou.

Essa semana, o próprio presidente Lula disse que o governo vai decidir sobre a licença, contrariando o que vem defendendo o Ibama.