RIO — A Lightsource bp, joint venture por meio da qual a petroleira britânica investe em geração centralizada de energia solar, está de olho em oportunidades de aquisição de novos projetos no Brasil. O objetivo é acelerar o crescimento da companhia no país.
A empresa tem hoje uma carteira de 4 GW pico de projetos em fase de desenvolvimento no mercado brasileiro e está construindo a sua primeira planta de geração no país: Milagres (210 MWp), em Abaiara (CE), previsto para entrar em operação no início de 2024.
A bp traçou como meta, para 2030, aumentar em 20 vezes a capacidade de geração renovável, para 50 GW, em relação a 2019; além de ampliar em 4,5 vezes a produção de bioenergia e, ao mesmo tempo, reduzir em 40% a produção de óleo e gás, para 1,5 milhão de barris/dia no período. A Lightsource bp, joint venture constituída em 2019, foi uma forma encontrada pela multinacional para acelerar o desenvolvimento do negócio de solar.
O country manager da Lightsource bp do Brasil, Ricardo Barros, conta que a ideia, com as aquisições, é diversificar mais o portfólio, do ponto de vista geográfico, e acelerar o crescimento no país. A carteira atual da companhia inclui ativos em estados como Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Goiás e Minas Gerais.
Segundo ele, a empresa mira projetos em estágio avançado, com foco no Sudeste e Centro-Oeste.
“Nosso primeiro objetivo é aceleração de portfólio. Nossos projetos são bons, estamos animados com eles, mas estão tão numa fase de desenvolvimento menos avançada. Precisamos de projetos mais avançados para crescer mais rápido, mas sem fazer loucura, claro”, afirmou, em entrevista à agência epbr.
Do ponto de vista da diversificação geográfica, Barros explica que é importante dar mais opções aos clientes.
O executivo acredita, no entanto, que o mercado brasileiro de energia solar ainda está longe de uma fase de consolidação. “Tem margem para muita gente entrar ainda [no mercado brasileiro]”, disse.
A Lightsource bp está presente, hoje, em 19 países, como EUA, Austrália, Espanha e no Reino Unido, e tem, como meta global, atingir os 25 GW de projetos solares desenvolvidos até 2025.
Na conta estão incluídos desde projetos em construção a projetos com a equação de financiamento fechada e plantas com maturidade elevada no grau de energia contratada.
Olho nos leilões de energia
Barros comenta também sobre a estratégia de monetização dos projetos. A companhia mira não só oportunidades de negociação da energia no mercado livre, mas também está atenta aos leilões de energia nova, no ambiente regulado.
“Definitivamente o leilão é potencialmente uma vertente. Olhamos com interesse o leilão A-5 [de setembro]. Temos outros projetos para além de Milagres que pretendemos vender. Agora, o ponto é que o leilão nos traz hoje uma certa frustração: que a demanda que está muito baixa”, disse.
Recentemente, a companhia assinou um grande contrato de longo prazo (PPA), de dez anos, para fornecimento da energia de Milagres para a comercializadora Casa dos Ventos. Barros conta que a companhia tem, ao todo, quatro contratos PPA fechados com diferentes clientes, para compra da energia da usina solar.
Ele acredita que o PL 414/2021, que trata da modernização do setor elétrico, será um passo importante para desenvolver ainda mais o mercado livre e, por consequência, as energias renováveis no Brasil.
“Vemos com bons olhos o PL, nesse sentido [da liberalização do mercado para clientes de baixa tensão] e também na questão da autoprodução. Tem tem algumas arestas ali que esperamos que vão ser aparadas na continuidade das discussões”, comentou.
Hidrogênio verde
Questionado se a Lightsource bp tem pretensões de atuar, futuramente, no mercado de hidrogênio verde no Brasil, Barros lembra que a joint venture e a petroleira britânica são empresas independentes. Mas afirmou que vê na bp um potencial parceiro no segmento.
“Seria uma tendência natural, né? Ter uma conversa para que nós pudéssemos fornecer energia solar competitiva [para um projeto de H2V]. Acho que faz sentido”, disse o executivo.
A bp definiu o setor de hidrogênio verde como uma de suas apostas de descarbonização.
Este mês, a empresa concordou em adquirir participação de 40,5% e tornar-se operadora do Asian Renewable Energy Hub (AREH) — que desponta como um dos principais hubs de energia renovável e hidrogênio verde do mundo.
Localizado na Austrália, o AREH pretende fornecer energia renovável, além de produzir hidrogênio e amônia verde, tanto para o mercado doméstico australiano, quanto para exportação. O projeto combina geração eólica e solar onshore para uma capacidade total estimada em até 26 GW.