Transição energética

Julho será o mês mais quente registrado na história, aponta estudo alemão

Registro coincide com a chegada do El Niño, fenômeno climático que eleva as temperaturas da superfície das águas do Oceano Pacífico

Julho de 2023 pode ser considerado o mês mais quente da história. Na imagem: Termômetro de rua registra 42ºC devido a onda de calor, cada vez mais intensas e frequentes (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Altas temperaturas de julho intensificaram eventos climáticos em vários países (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

BRASÍLIA – O mês de julho será o mais quente registrado na história, aponta estudo do cientista alemão Karsten Haustein, da Universidade de Leipzig. A análise prevê que o aumento da temperatura média do planeta atingirá entre 1,3°C e 1,7°C em julho de 2023, estabelecendo um novo recorde mundial.

As projeções indicam que, até o final deste mês, a temperatura na terra ficará aproximadamente 0,2 °C acima dos níveis do último recorde, em julho de 2019.

“Não será apenas o julho mais quente, mas também o mês mais quente de todos os tempos em termos de temperatura média global absoluta”, diz a pesquisa.

O registro coincide com a chegada do El Niño, fenômeno climático que eleva as temperaturas da superfície das águas do Oceano Pacífico.

As altas temperaturas de julho vêm ocasionando eventos climáticos em vários países. No dia 16 deste mês, as temperaturas ultrapassaram 50°C no Vale da Morte nos Estados Unidos e no noroeste da China.

“O calor recorde é observado em muitas regiões continentais, bem como no oceano Atlântico Norte, potencialmente alimentado pelo El Niño”, explica o relatório.

De acordo com o estudo, os próximos meses podem apresentar mais recordes de calor, já que os efeitos completos do El Niño costumam ser observados na segunda metade do ano.

O aumento da temperatura global em mais de 1,5°C em relação à média pré-industrial já ocorreu em anos anteriores, como em 2016 e 2020. No entanto, é a primeira vez que essa marca é atingida durante o verão do Hemisfério Norte.

A pesquisa foi guiada por informações de estações meteorológicas de todo o mundo, bem como radiossondas e dados de satélite, sendo observado o aquecimento médio em uma escala de longo prazo.

Contribuição fóssil

Faltam ações suficientes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e limitar permanentemente o aquecimento global ao limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris, alertam cientistas do mundo todo.

De acordo com o Statistical Review of World Energy, do Energy Institute, em 2022, os combustíveis fósseis representaram 82% da oferta global de energia, mesmo com o avanço das energias renováveis.

As emissões globais relacionadas à energia, incluindo processos industriais e queima, aumentaram 0,8%, atingindo um novo recorde de 39,3 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, diz o relatório.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as políticas pouco ambiciosas adotadas pelos governos resultarão no aumento de 2,8°C nas temperaturas médias em relação aos níveis pré-industriais.

Enquanto isso, diversas regiões enfrentam desafios adicionais causados pelas mudanças do clima, como a ocorrência de calor intenso, chuvas intensas e inundações, que têm impactado, principalmente, as comunidades mais vulneráveis.

“Os impactos e as consequências estão sendo sentidos por comunidades e ecossistemas em todo o mundo, especialmente pelos mais vulneráveis. Sem uma redução na emissão de gases de efeito estufa, o calor e os riscos subsequentes infelizmente continuarão a se ampliar”, comenta o pesquisador da Universidade de Princeton, Zachary Labe.

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