RIO — O Ministério de Minas e Energia indicou José Mauro Ferreira Coelho, ex-secretário de Petróleo e Gás da pasta, para a presidência da Petrobras.
O atual conselheiro de administração da estatal, Marcio Weber, foi indicado para a presidência do CA.
Os nomes serão submetidos ao crivo da Assembleia Geral Ordinária (AGO) de acionistas da Petrobras no próximo dia 13 de abril.
A intenção é demitir o general Joaquim Silva e Luna no comando da estatal, em meio à insatisfação de Jair Bolsonaro sobre o aumento dos preços dos combustíveis.
Inicialmente, o governo havia indicado em março o consultor Adriano Pires para presidir a companhia e o empresário Rodolfo Landim, ex-presidente da BR Distribuidora e atual presidente do Clube de Regatas Flamengo, para assumir a chefia do conselho da estatal. Ambos, porém, desistiram esta semana das indicações.
Landim alegou preocupação em não conseguir conciliar as demandas da empresa e do clube. Já Pires justificou que não conseguiria se desligar de sua consultoria — o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) — em “tão pouco tempo”.
As indicações de Pires e Landim vinham sendo questionadas por suposto conflito de interesses na gestão da petroleira. A Lei das Estatais veda a indicação de pessoas que tenham ou possam ter qualquer forma de conflito de interesse com a empresa a ser dirigida.
A desistência de Pires e Landim se deu às vésperas da assembleia de acionistas da Petrobras que elegerá o conselho de administração e validará a indicação do novo presidente da companhia, no dia 13 de abril. O governo teve, então, de correr para achar novos nomes para o comando da estatal.
Nesta quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo não trabalhava com a possibilidade de adiamento da assembleia.
Nos últimos dias, alguns nomes começaram a circular nos bastidores. O ex-diretor-geral da ANP e atual presidente da Enauta, Décio Oddone, por exemplo, foi convidado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, mas declinou, segundo a CNN.
O nome do secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Mario Paes de Andrade, também foi cogitado, bem como o próprio Márcio Weber e Vasco Dias (ex-presidente da Shell Brasil) também entraram no radar. O ex-secretário do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, e os ex-conselheiros da estatal, Cynthia Silveira e Omar Carneiro da Cunha, também foram nomes ventilados, de acordo com o Estadão.
Atuação de José Mauro no MME
Em outubro, o então secretário José Mauro Coelho deixou o Ministério de Minas e Energia (MME). Segundo informação da pasta, José Mauro deixou o governo por vontade própria, com a intenção de assumir um posto na iniciativa privada.
Ele chegou ao cargo no MME em março de 2020, no governo Bolsonaro. Antes esteve à frente da diretoria de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Desde maio de 2020, é presidente do Conselho de Administração da PPSA, estatal criada nos governos Lula e Dilma para comercializar a parte da União na partilha da produção de óleo e gás natural do pré-sal.
No MME, José Mauro atuou na coordenação de trabalhos tanto do Novo Mercado de Gás, quanto do Abastece Brasil, iniciativas herdadas do governo de Michel Temer para promover a entrada de novas empresas e investimentos nos mercados de gás e combustíveis.
A partir desse planejamento, o governo Temer havia traçado a estratégia que levou aos planos de venda acelerada de ativos da Petrobras — nos governos petistas, a estatal também vendia ativos, em menor escala.
Com isso vieram os pacotes de venda de quase metade das refinarias da Petrobras. Apenas um negócio foi fechado até o momento e há incertezas políticas e econômicas que afetam o interesse do mercado pelo setor.
O Novo Mercado de Gás também prevê a venda da Gaspetro subsidiária da Petrobras no mercado de distribuição de gás natural. O grupo Cosan assinou contrato para aquisição do ativo, mas enfrenta resistência do mercado.
A intenção dos programas Novo Mercado de Gás e Abastece Brasil é cuidar da agenda regulatória, para promover mudanças de regras do governo e, por vezes, legislativas, que afetam o desenho dos setores.
Reveja entrevistas com José Mauro Coelho, indicado para a presidência da Petrobras
Quem é Márcio Weber
Márcio Weber é engenheiro civil, com especialização em engenharia de petróleo. Trabalhou na Petrobras por 16 anos, tendo ingressado na estatal em 1976 e participado do desenvolvimento da Bacia de Campos. Na petroleira, ocupou cargos gerenciais e diretivos, com destaque para atuação na área internacional da Petrobras em Trinidad & Tobago, Libia e Noruega. Foi membro também da diretoria de Serviços da Petrobras Internacional (Braspetro).
Na iniciativa privada, Weber foi diretor da Petroserv e presidente da BOS Navegação, ambas fornecedoras de bens e serviços da indústria de óleo e gás. É conselheiro de administração da Petrobras desde abril de 2021, tendo sido indicado pelo governo Bolsonaro para o cargo.